sábado, 27 de fevereiro de 2021

Lockdown! A cidade ainda com mais cara de penitenciária...

"Há pessoas que merecem a vida, como há presidiários que merecem as correntes; e se pode identifica-las pelo amor que umas e outras têm por elas..."

Vargas Vila




Para testar ainda mais o grau de nossa resistência, de nossa  paciência, e os limites de nosso saco, além do trancamento total da cidade, o dia amanheceu cinzento, chuviscando, úmido, cheio de nuvens, quase siberiano. Um silêncio sepulcral! Voltamos ao lockdown...

Muita gente por aí está achando que o tal lockdown decretado pelo governador, é o nome de uma variante ou de um disfarce do vírus. Mas não, é uma palavra emprestada do idioma dos colonizadores e patrões. Não nos contentamos com um vírus vindo de fora, precisamos também de um léxico forasteiro. Trancados! Trancafiados! Mas o pior, é que o trancamento doméstico talvez não seja grande coisa se comparado ao trancamento psíquico!

Como é que fomos entrar numa fria e numa merda destas? De uma manhã para outra, caímos na real: os remédios, as orações, as teses com honoris causa, as romarias e as feitiçarias não passavam de um cortejo de mentiras e não servem para absolutamente nada... Como é que conseguimos viver todo esse tempo obnubilados e iludidos por placebos, falcatruas, demagogias, histrionismos, canalhices? Achando que um dente de alho ou umas gotas de água benta, de creolina ou de Bálsamo alemão poderiam nos conduzir à imortalidade? Pandemia/Pandemônio! Um aprisco de ciclotímicos, onde é necessário fazer um esforço imenso para não ficar do lado do vírus...! E querer agora culpabilizar especificamente alguém por toda essa merda acrobática é mau cartismo, arrivismo, chauvinismo, e uma forma de cretinismo que costuma surgir com mais força em situações limites. Ninguém é culpado! Ninguém é inocente. Não sejamos idiotas! Estamos todos juntos, de mãos dadas e diariamente reeditando a Idade Média entre nós! Olhem ao redor! Estamos todos perdidos e perturbados! Somos todos incompetentes! Passamos a vida inteira turvando as águas para dar impressão de profundidade! E esse barco miserável que agora ziguezagueia perdido no meio da borrasca foi pilotado também por nós... Ou caíram também numa crise de amnésia? Portanto, agora, quando muita gente já está se arrependendo de ter nascido, não adianta ficar no convés, regressivamente, os olhos voltados para as nuvens, com as calças mijadas, pedindo socorro a 'salvadores imaginários'...

Quê furada & quê miséria!


 


2 comentários:

  1. Esta melodia é uma canção portuguesa das mais belas e profundas. Coragem é a palavra de ordem!

    ResponderExcluir
  2. Viagem ao fundo dos galinheiros:
    https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/02/27/galo-usado-em-rinha-ilegal-na-india-mata-o-proprio-dono.ghtml

    ResponderExcluir