[... Todo o interior desse Brasil maravilhoso palmeámos (...) Com uma das mãos erguendo a cruz evangelizante, com a outra brandindo a panela da pólvora dos sitiados...]
Albino Forjaz de Sampaio
(IN: Porque me orgulho de ser português. p.p. 32,33)
Com um jornal aberto sobre o capo de um carro, nesta manhã de terça-feira, o mendigo K. discutia com os taxistas o novo terremoto ocorrido ontem no Chile e, com um detalhe bizarro: no meio de manifestações de rua.
Albino Forjaz de Sampaio
(IN: Porque me orgulho de ser português. p.p. 32,33)
Com um jornal aberto sobre o capo de um carro, nesta manhã de terça-feira, o mendigo K. discutia com os taxistas o novo terremoto ocorrido ontem no Chile e, com um detalhe bizarro: no meio de manifestações de rua.
Dizia algo inusitado àqueles motoristas barrigudinhos e entediados: "Os portugueses, que todo mundo acha que são burros, foram mais do que malandros quando dividiram as terras com os espanhóis aqui nas América, 1492. Ficaram só com o Brasil, não por honestidade ou por ética, mas porque sabiam, não se sabe como, que o resto do território era todo bichado e vulnerável a terremotos. Foi isso o Tratado de Tordesilhas, no qual até um papa (o malandrim de plantão da época) esteve envolvido. Vejam: Bolivia, Equador, Peru, Colombia, Guatemala, México.., todos estão minados por placas tectônicas que, de década em década tremem como cachorros molhados e transformam todas as utopias arquitetônicas e sociais em escombros. Vejam o Chile, ontem.
Enfim, os caríssimos lusitanos que conseguiram empurrar para os espanhóis esse abacaxi, curiosamente, em 1755, foram vítimas de um dos maiores de todos os abalos sísmicos ocorridos na terra. E foi no dia Primeiro de novembro. E ouve tsunami e incêndios terríveis em seguida. Lisboa, que ainda não conhecia a choradeira de Fernando Pessoa e nem O Evangelho segundo Jesus Cristo, do xarope Zé Saramago ficou transformada numa montanha de cadáveres e de destroços. Quase 100 mil mortos!, E isto, naqueles tempos, em que a espécie ainda não havia se reproduzido e propagado como piolhos..."
Enfim, os caríssimos lusitanos que conseguiram empurrar para os espanhóis esse abacaxi, curiosamente, em 1755, foram vítimas de um dos maiores de todos os abalos sísmicos ocorridos na terra. E foi no dia Primeiro de novembro. E ouve tsunami e incêndios terríveis em seguida. Lisboa, que ainda não conhecia a choradeira de Fernando Pessoa e nem O Evangelho segundo Jesus Cristo, do xarope Zé Saramago ficou transformada numa montanha de cadáveres e de destroços. Quase 100 mil mortos!, E isto, naqueles tempos, em que a espécie ainda não havia se reproduzido e propagado como piolhos..."
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