sábado, 1 de dezembro de 2018

O mendigo K e o Lazarillo de Tormes...

Os 12 graus abaixo de zero de Moscou, os -8 em São Petesburgo e os seis abaixo de zero de Bucarest respingaram em Madrid. Todo mundo encolhido, com as partes baixas literalmente congeladas e se arrastando como pinguins pelas avenidas... Há filas para disputar uma poltrona nos cafés... e um raio de sol é sempre uma maravilha que lembra a Galileo e quase sempre interpretado como um milagre da velha e romântica Pasionaria ou da Santa Almudena... 
Lá pelas 11:30 encontrei o mendigo K na Calle Balmes, quase em frente à principal sinagoga de Madrid. Conversava com os dois soldados israelenses que ficam permanentemente por lá, enquanto um cachorro dos soldados lhe cheirava os sapatos e as canelas tentando identificar nele algum vestígio de pólvora ou de anti-semitismo... Os dois soldados, com os dedos e os punhos de quem sabe Krav Maga o escutavam respeitosamente e com atenção enquanto ele tentava convence-los de que era a reencarnação do Lazarillo de Tormes. Lazarilo de Tormes? Perguntava um soldado ao outro. Quem teria sido Lazarillo de Tormes? 
Expulsos daqui da Espanha em 1492, os judeus voltaram, mas com uma desconfiança/paranóica ainda maior... Cada Lazarillo pode ser um fanático terrorista. Um louco religioso e é bom sempre estar ligado...
O frio parecia aumentar. Entrei na primeira livraria e li na introdução de Antonio Rey Hazas: "La vida de Lazarillo de Tormes y de sus fortunas y adversidades se publica en cuatro lugares distintos: Medina del Campo, Burgos, Amperes y Alcala de Henares, el año de 1554. Su aparición significó una revolución literaria, pues por primera vez era protagonista narrativo un hombre de baja condición moral y humilde clase social, sin que por ello fuera tratado ridícula e burlescamente, como pedia la teoria literaria de la época. (...) hacia su entrada en la historia novelesca el antihéroe, de familia envilecida, cobarde, guiado solo por  afanes materiales, lejos de todo idealismo, y movido solo por  el deseo de sobrevivir y medrar..."

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