[... Aquella tertulia era un poco como el rompecabezas de España, el único sitio donde se había conseguido el difícil equilibrio nacional, la reconciliación entre las dos Españas en torno de una jarra de agua, y el que venía de las cárceles de Franco le llenaba el vaso al que venía de los cuarteles triunfales, y el que vestía la ropa bien planchada de los Ministerios le ofrecía lumbre al que fumaba el tabaco callejero de los perseguidos.
Claro que la guerra civil, me parece a mi, iba por dentro...]
Francisco Umbral
(IN: La noche que llegué al Café Gijón, p.22)
Para conhecer as entranhas da Espanha não basta frequentar as touradas, roer diariamente uma Pata Negra ou ir rebolar as cadeiras num tablado de flamenco... é fundamental estar por aqui nos dias que antecedem a loteria maior do ano, que é a natalina e que eles chamam de O Gordo.
O país inteiro gira ao redor desse sorteio. Até o padre de Mérida, numa de suas prédicas, incentivava os beatos que lotavam a catedral principal a apostarem na sorte. (Soube, logo depois, através de um indiano, vendedor de bilhetes na rua, que além do Estado, a maior fatia dos lucros lotéricos vai para a igreja católica). Enfim, a Espanha do Opus Dei e da Monarquia é, na realidade, um imenso cassino. E numa boa!
Na hora do sorteio, com meninas ainda crianças "cantando" os números sorteados, o país entra em catatonia. Garçons, taxistas, putas callejeras e donas de casa, las viejas burguesas con sus copas de anis, vendedores de hachis, lixeiros, motoristas de ônibus e até os moradores de rua (são 40 mil na Espanha)... essa gente que en "todo cree y todo le defrauda" - Como diria F. Umbral - fica excitada conferindo os resultados... os olhinhos injetados de ganância, de voracidade e de miséria.
Depois, como em qualquer lugar do mundo, aparecem os ganhadores, estourando champanhe, licores e etc. As familias se abraçam e se fazem juras de amor que durarão até a porta do banco... Aparecem parasitas e "poetas sem sorte" por todos os lados... A felicidade parece existir! E a condição humana fica evidente...
Nos dias seguintes, é curioso deparar-se com velhinhos aposentados, desempregados, bêbados solitários ou outros representantes da escória social nas paradas de trens ou de ônibus, confabulando e trocando mentiras sobre seus números: Segundo cada um deles, não se tornaram milionários por pouco, por muito pouco! Um mente daqui o outro mente dali, mentiras que lhes dão energias e tolerância para seguir arrastando seus trapos e suas desgraças pelas ruas repletas de obesos e de diabéticos... e já se preparando para EL GORDO do ano que vem e para a comilança de natal... E Cristo vem aí... Bah! Povera gente!!!
Pelo menos no Brasil é certo:o Messias vem ai...lá, lá, lá, lá, lá, lá...o Messias vem ai...lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, LÁÁAAAAAAAA!
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=XhQtiCOJNlA
ResponderExcluirSe liga meu irmão, tá com medo até hoje?
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