Garrafinha plástica tem mais germes do que pote de água para cachorro
MARCEL HARTMANN - O ESTADO DE S. PAULO
09/09/2016, 07:00
Modelo com tampa deslisável tem quase 20 vezes mais bactérias do que vasilha para o pet
Garrafinhas continham mais bactérias do que um pote de água para cachorro. Foto: Reprodução/Pixabay
Ir para a academia só pode fazer bem para a saúde, correto? Depende. Um estudo afirma que a garrafinha de água que você leva para a academia tem, em média, 313 mil colônias de bactéria/cm², das quais cerca de 60 % pode causar infecções de pele ou generalizadas e pneumonia. É mais do que está presente em uma vasilha de água para cachorro.
A pesquisa foi encomendada pela Treadmill, uma empresa norte-americana que vende esteiras e acessórios para academias. Ela contratou um laboratório independente para testar a presença de bactérias em garrafinhas de água reutilizáveis usadas sem lavar, durante uma semana, por 12 atletas
Os pesquisadores verificaram uma presença assustadora de germes, dos quais 60% podem deixar você doente. Quatro tipos foram analisados: com canudo embutido, com tampa que sai para fora, squeeze e slide top (tampa deslizável).
Em média, cada garrafinha tinha 313.499 mil colônias de bactéria/cm², cerca de seis vezes mais do que o número presente em um pote de água para cachorro (47,3 mil colônias de bactéria/cm²).
A pior de todas é o modelo com tampa deslizável, cuja superfície teve até 933,3 mil colônias de bactéria/cm², quase 20 vezes mais do que o pote para o pet. Esse modelo também continha a maior porcentagem (17%) de bactérias gram-positivas cocos, responsáveis por infecções cutânea e generalizadas e pneumonia.
Em outras palavras, nas condições da pesquisa, seria melhor beber água da vasilha do seu pet enquanto você faz exercícios.
O modelo mais limpo é o com canudo embutido. Conforme o estudo, as gotas de água costumam ficar depositadas no fundo do canudo, o que torna mais difícil às bactérias chegar à umidade.
Os responsáveis por essa festa bacteriana são a boca e as mãos, explica o médico professor de Infectologia da PUC-SP, Fernando Ruiz. “O contato com a boca humana municia constantemente o acúmulo de bactérias nesses recipientes. Estudos históricos mostram que passam de 700 as espécies já descritas”, afirma.
No entanto, Ruiz ressalta que só a presença de germes não é decisiva para um indivíduo adoecer. Feridas na boca (cárie, diabete, placas bacterianas, gengivite e aftas), por exemplo, facilitam que a bactéria caia na corrente sanguínea e cause pneumonia ou infecções graves. Imunidade baixa, também, facilita que uma enfermidade se manifeste.
Higienizar. A limpeza das garrafinhas deve ser feita com detergente comum e de forma frequente, aconselha o médico. “Principalmente onde pode se acumular umidade ou formar placas de biofilme (conglomerado de bactérias), como os canudos”, diz. Além disso, ele ressalta que o melhor é usar água de fonte confiável e manter o recipiente longe do sol, uma vez que altas temperaturas favorecem a proliferação de germes.
Confira a presença de bactérias em cada objeto analisado
Pote de água para cachorro: 47,3 mil colônias de bactéria/cm²
Pia da cozinha: 3.191 colônias de bactéria/cm²
Tábua de cozinha 6,8 mil colônias de bactéria/cm²
Recipiente para escova de dente: 331 mil colônias de bactéria/cm²
Garrafinhas de água
Slide top (tampa deslizável): 933,3 mil colônias de bactéria/cm²
Squeeze: 161,9 mil colônias de bactéria/cm²
Tampa que sai para fora: 159 mil colônias de bactéria/cm²
Canudo embutido: 25,4 mil colônias de bactéria/cm²
http://veja.abril.com.br/saude/a-cada-salsicha-consumida-voce-perde-15-minutos-de-vida/
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