Acompanhar
as inúmeras reuniões de ministros, governadores, delegados, especialistas, alcaguetes,
palpiteiros etc., e suas elucubrações na definição de estratégias para conter a
mortandade em São Paulo é quase como assistir uma acalorada comédia stand up.
Se no momento o foco está sendo posto sobre aquela cidade, não quer dizer que
qualquer outro lugar do país que se elegesse estaria em situação diferente. Se
essas digníssimas autoridades transitassem dois ou três dias aqui pela periferia do
DF, numa cidadela chamada Valparaíso - por exemplo - passariam a ter vergonha
de seguirem com suas "hipóteses" e com suas "teorias"
fajutas a respeito da violência e, bem mais ainda, de estarem tratando a criminália paulista como sendo um
barbarismo de exceção...
E
não há solução! Façam o que fizerem, não há solução! Agora é tarde! Podem
colocar os tanques nas favelas, infestar as cidades de policias e de câmeras,
infiltrar os "serviços de inteligência" por todos os becos, dos mais
fétidos aos mais luxuosos, construir penitenciárias de trinta andares, intoxicar o país ainda mais com pistoleiros de aluguel e com vigias particulares...
Nada conterá os milhares e os milhões de crianças e de adolescentes que, por
negligência estatal, por psicopatia política e pelo consentimento de uma sociedade paranoica, nasceram na
mais terrível e brutal das misérias, na mais imunda das humilhações e na mais
absoluta desgraceira, às quais, não lhes restou e não lhes resta outro caminho
a não ser o dessa carnificina sem fim contra o Outro e contra Si Mesmo.
E que os almofadinhas e os petimétres
não me venham dizer novamente que essas crianças constituem apenas um exército
nato de vagabundos e de delinquentes, ou então, que a miséria, a
humilhação, a desqualificação, o desafeto, o desamparo, a desgraceira
inominável a que essas crianças, seus pais e avós foram submetidos durante
décadas e que ainda o são, não têm nada a ver com a violência. Têm sim e
inclusive a justifica. Qualquer um de nós que tivesse sido submetido a tão
abominável destino, teria enveredado pelo mesmíssimo abismo...
Excelente,caro Ezio Flávio Bazzo!! Vou compartilhar no Face.
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