Como hoje é comemorado o dia da Proclamação
da República, o mendigo K., saiu de seu subsolo e foi para o sol da manhã
diante de um dos tantos e inúteis memoriais da cidade.
Estava exageradamente confuso com a
fala do ministro da justiça a respeito dos presídios.
- O cara falou em público que antes
de ir para um presídio prefere morrer!!! Quê malicia poderá haver por debaixo
dessa frase? - Sussurrou-me. Mas o cara não é o chefe da área? Está se queixando de quê? De quem? Da ausencia de uma intervenção divina? O horror das nossas prisões evidencia novamente o ódio profundo que transita pelas veias desta espécie... Vou revelar-te uma coisa: pelo
que já vimos por aí, a esquerda não deveria nunca chegar ao poder. O poder é uma cloaca de
malignidades! Só a "direita" sabe lidar com ele... A "esquerda" deveria ficar sempre à
margem, esperneando, idealizando, fazendo o discurso libertário, a crítica, a ironia,
mostrando a absurdidade e a podridão das coisas... Assumir o poder é cair numa cilada e destruir-se. Veja o que sobrou de nossa "esquerda"! Nada, além de uma trupe de barnabés. O discurso
do passado que incendiava até os mais indiferentes, hoje, saído das mesmas
bocas, só causa compaixão e repulsa, não faz eco, não convence ninguém...
A respeito "dos delitos e das
penas", ao invés de construir presídios por todos os lados, seria muito mais
"humanizante" investir no "controle de natalidade". E digo
controle de natalidade, porque a balela do "planejamento familiar"
nunca deu certo e mais, sempre produziu efeitos contrários... Até o ano 2063 -
por exemplo -, o casal, pobre ou rico, culto ou analfabeto, que tivesse mais de
dois filhos seria considerado um "inimigo mortal da sobriedade e da
emancipação humana". Essa obsessão por se reproduzir como ratos é fútil,
irresponsável e compromete a espécie. Isto, porque, toda superpopulação, seja
ela de ratos ou de humanos, incrementa a miséria, os instintos primitivos, o
desamparo, a violência, as psicopatias, o instinto de morte...
Por outro lado, porque todo
presídio é, realmente, uma aberração, sejam os nossos "medievais" ou
os suecos "pós-modernos". Enjaular um sujeito é sempre um crime
maior, bem maior do que aquele que ele cometeu... O crime, normalmente é
cometido sob algum tipo de impulso, de tara, de paixão, já, a condenação, sempre é meticulosamente
tramada e articulada por acerto de contas e por vingança. Se a casa onde se vive já tem claras
semelhanças com celas e com cadeias, (as donas de casa, cada dia mais
deprimidas e enlouquecidas que o digam) imaginem as prisões públicas, superlotadas,
submetidas à tirania do estado, ao ódio e à negligência dos carcereiros. Seria
muito menos insalubre a vida de todos se os condenados fossem confinados em
fazendas, em montanhas, em ilhas, em selvas (temos a Amazônia inteira para
nossos 600 mil prisioneiros), em jazidas de esmeraldas... ou se a eles se atribuísse
a missão de, finalmente, construir trens e estradas de ferro que pudessem nos
proporcionar confortavelmente a volta ao redor do mundo...
Sou apaixonada pelo mendigo K, mas não conta para ele não, tá?
ResponderExcluirLos mayores productores de pobres no son los bancos, ni los gobiernos, ni los países ricos, son los mismos pobres. Sólo hay una manera de acabar con la pobreza: que los pobres dejen de generar más pobres.
ResponderExcluirAsí es que no os sintáis culpables cuando os vienen esas imágenes de niños famélicos y os echan en cara todo lo que tenéis como si se lo hubierías robado a ellos. Esos niños hambrientos les tienen que dar las "gracias" a sus padres, no a nosotros.