“Os vestidos das mulheres – em todas as idades e em todas as terras do mundo – são apenas variações da luta eterna entre o desejo declarado de se vestir, e o desejo não confessado de se despir...”
Lin Yutang
Brasília não é turbinada apenas por uma burocracia kafkiana; por "sabe com quem está falando?"; por missas aos cães e aos candidatos do ENEM; pelos jantares regados a vinho de 3 mil à garrafa; por almofadinhas que encomendam seus ternos na Savile Row de Londres; por aquelas licitações de tanques ou de tomógrafos que causam insônia aos lacaios das dinastias; por filas em frente às aerolineas européias, e nem só pela mendigada que já é onipresente por aqui... Enfim, não é apenas - como se costuma pensar - um entreposto do Vaticano ou de Israel.
De vez em quando, para dar vitalidade a este lugar, uma mulher 'anônima' resolve marcar presença e para isso, baixa literalmente as calças em público e não apenas de madrugada e ali em frente aos grandes hotéis, mas também em lugares que o populacho considera quase sagrados... Foi o que aconteceu na quarta-feira, ali no Palácio Alvorada. Uma mulher jovem (de uns 30, no máximo) logo depois de passar pelo Iron Dome, para delírio dos 'seguranças' e de outros voyeristas que estavam por lá, tirou a roupa e desfilou por aquele saguão que muitos chamam de ante sala do Triângulo das Bermudas, seguida pelo batalhão de focas e de jacarés da mídia... Atropelos, clics e flashes por todos os lados. Ah! A vulva mítica! As madames que também chegavam ao Palácio naquela hora, dentro de seus tailleurs de 2 mil dólares, pareciam horrorizadas com o desprendimento gratuito daquela plebéia nua e de saltos altos. Tirar a roupa, tudo bem, mas de graça????
E, dos machos, com seus revólveres, cassetetes, radinhos walk taik, filmadoras, e etc, que caíram sobre ela como hienas, só se ouvia murmúrios. Oh! Huunnn! Os mais curiosos e afoitos procuravam por detrás das colunas, controlar seus olhares e seus instintos + primitivos, não, naturalmente, por ética, mas com medo que alguém da ong me too, acabasse acusando-os de tara, de assédio e de desejo impróprio. E como sempre acontece quando alguém se atreve a cuspir sobre o tédio dos cânones vigentes e reacionários da tribo, começaram os diagnósticos laicos: está louca! Perdeu a consciência! Está em surto! E logo se ouviu uma sirene: acionaram a polícia e a levaram para um hospital. Pratica que foi extremamente comum no século XVII nos países europeus (quando os maridos, com a cumplicidade da polícia e dos médicos, mandavam suas mulheres e as mulheres mandavam seus maridos para hospícios, sob a acusação de: apresentar sinais de instabilidade mental). Depois aconteceu, e muito, também lá com os dissidentes políticos soviéticos; e até mesmo ali em Minas Gerais. Quem é que não se lembra dos trens que iam do interior do Estado, quase semanalmente, lotados de homens e de mulheres 'transgressores', para o manicômio de Barbacena?... A loucura como alibi. Os hospitais como cadeias e os médicos como polícia sanitária...
Qualquer sociedade saudável e revolucionária, ao invés de ir logo rotulando essa moça de 'louca', e de jogá-la nesses ambulatórios sucateados e nos braços da polícia sanitária, faria de tudo para ouvi-la. Para saber o que pensa e o que pretendia. E, principalmente, para saber qual é a manha, no meio de toda essa putaria brochante, para seguir dançando a vida... e mais: qual é sua dieta para estar tão em forma e tão elegante...
E você Ezio...que faz aqui?? Porque não capa o gato desse puteiro!! 70 e tals já deve ter aposentado ou não?? Mete o pau mas não larga o osso...
ResponderExcluirMeu amigo (?) ou minha amiga (?) Como você sempre fala do anonimato, não sei em que categoria você se enquadra. Mas não importa. Como hoje é domingo, vou aliviar, tuas indagações. Em primeiro lugar, não sou aposentado, estou em greve! E a questão de "meter o pau" que você me acusa, não posso fazer nada, por dois motivos: 1. é de minha natureza e 2. É muito bom!
ExcluirE se não "capo o gato desse puteiro", é que isto aqui, é uma maravilha.Para
qualquer lado que você olhe e a qualquer hora, tens motivo para escrever duas mil páginas, me entende? E quando, por acaso, sinto saudades dos rincões mais pobres e mais desumanos dos confins do mundo, dou uma passadinha na rodoviária do Plano Piloto, lá pelo meio dia. Me entendes. E por falar da rodoviária, as escadas rolantes de lá, desde 1977, quando aportei por aqui, pela primeira vez, não funcionam. Quer mais surrealismo e mais dadaísmo do que isso? Enfim, meu amigo (?) ou minha amiga (?). Aqui é um excelente lugar! Em qual outro lugar do mundo uma pessoa como você (que ainda escreve "você aposentou" ao invés de "você se aposentou" , sacrificaria uma meia hora para ler meus textos? Ora, Hoje é domingo! Poderias estar ali na paróquia (próxima de tua casa) churrasqueando, ou tomando um picolé de limão na lojinha de conveniência do posto da Petrobras...
Se ligue, babaca! E passe bem...
Falando em Barbacena (holocausto brasileiro) Daniela Arbex
ResponderExcluirSó pra constar que não sou o anônimo ou anônima de cima. Realmente um ponto de vista interessante sobre o ato de tirar as roupas, romper com o sistema e tals... Mas até que a moça, provavelmente pela beleza física, ser mulher e etc, deve ter tido um tratamento até que próximo ao humano(?)... Se fosse um "candango" a balançar o "badalo" provavelmente a porrada correria solta e quase ninguém poderia pensar em "surto psicológico" e blá blá blá...
ResponderExcluir