Flaubert
Depois de muita, mas muita esfregação, lero-leros; blá, blá, blás... de muitas churrascadas, noitadas nos melhores restaurantes da cidade, assédios, muitas páginas de jornais, muitas garrafas de vinho, de muitos rebolados, muitas salve rainhas aos pés da cama dos motéis... Depois de muitas palmadinhas nas costas, de muitas idas à Paris, de muito moralismo tupiniquim, de frases sem sentido, enfim, lançaram a carcaça, pelo menos a carcaça, da mítica Reforma Tributária (como se isso, para os fodidos, significasse alguma coisa!) e com um sub-título curioso e, naturalmente, influenciado pela gerontocracia aparentemente laica e pelas sacristias: IMPOSTO DO PECADO. Sim, trata-se ainda da babaquice do tal Pecado Venial! Do qual, todos, mesmo os mais tapados, somos acusados!
E discutiram muito... noites e mais noites-a-fio (mesmo nas churrascarias), se a carne deveria entrar na cesta básica, se seria taxada ou não? Será isenta de impostos ou não? Concluíram que continuará sendo taxada. Por que? Ora, para que é que os pobres (quase todos veganos) iriam precisar de proteína animal?
Além da carne, se entendi bem, o viagra (mesmo o falsificado que vem lá da terra de Strossner), também foi excluído da lista dos produtos isentos de impostos... . Ora! Para que é que os pobres querem comer carne e trepar? Tenhamos consciência: trata-se de duas perversidades e de dois vícios de canibais! Sim, eu sei, muitas velhinhas e até muitas balzaquianas (aquelas que andam por aí a procura de homens impotentes para relação séria e duradoura), detestam a existência do viagra desde que foi lançado no mercado e muito mais ainda os seus milagrosos efeitos... (elas que já estavam vivendo por procuração, na bolha de uma vida Casta & Zen, tiveram que voltar, de uma semana para outra a alongar a lombar e a abrir as pernas...) Tudo bem, entendemos, é a pós-modernidade, a Era dos sex shops e etc, mas nós, apesar de tudo, seguimos acreditando que nas repúblicas revolucionárias do porvir, os 'cidadãos', mesmo os absolutamente imbecilizados, receberão gratuita e mensalmente, junto à conta de luz, ou à fatura do IPTU, do IPVA, ou do telefone, ou da Taxa de Limpeza, ou do Condomínio, ou do Plano de Saúde, ou das multas de trânsito, ou das faturas do consórcio funerário... (enfim, junto a todos os malditos tributos), uma cartela com pelo menos 4 dessas drágeas mágicas... Porque, parafraseando o Marques de Sade e até mesmo o babaca e casto poeta lusitano, se navegar não é preciso, trepar sim, é preciso...
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