Nesta manhã de quinta-feira, com a secura idêntica à dos desertos marroquinos, já havia meia dúzia de venezuelanos nos semáforos implorando uma ajuda, por amor de Dios! Parece que são mais de 100 mil exilados e espalhados pelo Brasil. Todos, evidentemente, vivendo à mingua e numa penúria do caralho. Uma das senhoras que me abordou, com aspecto saudável e um olhar meio de Messalina, aproveitou para dizer-me que se no próximo domingo o Maduro for derrotado nas urnas, poderá voltar para sua pátria... Mas não estava muito convicta... Diminuindo a voz e olhando para os lados me alertou: Sinceramente, não tenho nenhuma ilusão com aquele velhote que está concorrendo com o maduro. Referia-se a Edmundo Gonzáles Urritia, o ex diplomata que tem 50% das intenções de voto. Um diplomata? Quem é que confia e que espera alguma coisa de um diplomata, além de poemas e de brioches no final das tardes? Colocou a mão sobre meu braço e foi citando: Veja o caso do Pablo Neruda... do Guimarães Rosa... do Vinícios de Morais... Do Octávio Paz... Vejam o Vargas Lhosa (autor de la Ciudad y los perros), a quem a Espanha até concedeu o título de Marquês (!) e desse tal de Celso Amorim que o Brasil está despachando pra lá, como observador... Poetas! Especialistas em blá-blá-blá... e em brioches... Gente que como no século XVI descendem de dinastias que compravam cargos públicos. (E na América Latina é tudo assim...). Claro, mas (aqui entre nós), quem é que não gostaria de passar 5 anos em Londres, em Paris ou em Kabul? Sendo paparicado por 4 ou 5 secretárias gostosas, estirado o dia inteiro em poltronas otomanas, bebericando aquele Vanilla Bourbon Tea Rouge, (produzido em Singapura), com biscoitos amanteigados??? feitos em casa pela avó nativa do motorista trans? Não sejamos hipócritas!!!
O problema, é que na Venezuela, não precisamos de poetas. Homero nos basta! E que tivemos também a Simón Bolivar a quem, para espanto dos esquerdistas, Karl Marx considerava despreparado para ser um libertador... e até o chamou de covarde...
Baixando ainda mais a voz concluiu: E depois, esse tal de Edmundo Gonzales (o diplomata), ya está mui viejito! Não tem mais testosterona suficiente para tocar fogo naquele país de merda. Deu uma gargalhada, enfiou no bolso do vestido os vinte reais que eu lhe havia dado e, como despedida, declarou: Se no domingo a Venezuela pegar fogo, salvaremos o fogo... (Chamei-a de volta e lhe enfiei mais uma nota de 50, no avental...)
O sol já começava a esquentar a cidade... e os burocratas corriam (sem nenhum sentido & sem nenhuma razão) para os tribunais e para os ministérios, donde pasan los dias, como os ilustres diplomatas, numa boa, enxugando gelo, tomando cházito de camomila, querendo ser como Clarisse Lispector e rabiscando poemas...
Caballo viejo muy hermoso!
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