quarta-feira, 22 de março de 2023

E... para suportar as baboseiras diárias que emergem de todos os lados...


A primeira quarta-feira do outono amanheceu cinza. Chuviscando. Um casal de canários veio ver as flores que se abriram e cantar aqui nos meus jardins, uma réplica dos da Babilônia. Deram um show, patinaram sobre umas batatas da Rothschildiana vermelha, recém plantadas e desapareceram. A cidade e seus inquilinos não se altera! Tem jeito de orfanato onde uns adotam os outros, onde os malas adotam as toupeiras... (ou seria o contrário!?) E parece haver uma monotonia sistêmica nas entranhas da urbe. Urbi et orbi! Ouço o barulho do pedal de uma máquina de costura... Mas... como?, se o planeta inteiro está no Whatsapp!!!
Cada dia elegem uma agenda e uma ficção (das mesmas dos últimos cem anos) para enganar-se mutuamente. Hoje, até os mendigos, falam na Selic. E a reunião do copom é vista quase como o encontro de Cristo com Rajneesh e Gurdjieff... (Lembram da dança sagrada de Gurdjieff?). Ah, os juros! Acreditem, essa masturbação e disputa entre facções excita até os mendigos. Quem sabe, baixando a "taxa básica dos juros", a vida não se torne uma maravilha! E depois, tem também a ida do Lula à China! Ah!, a China! Aquela gente nas ruas de Shangai comendo escorpião no palito!!! Quem sabe o Xi Jimping não nos ensine a engendrar também o nosso Tibet! O nosso TAO, o Caminho do Meio... Alguma vertigem de existir...
 E na pauta, tem também o aumento salarial de 18 reais. Parece pouco, mas são 3 dólares! E o feijão fradinho - dizem - terá uma redução de 80 centavos em seu preço final. E o Bolsonaro terá que devolver as porcarias trazidas clandestinamente das arábias.... Ah! um pouco da Arábia Saudita, do deserto e do cheiro dos dromedários entre nós, fará que nos sintamos mais ricos... E os remédios de uso contínuo que terão um aumento de 000,512%? O que será da ilíada de velhinhos à beira da indigência que, com suas aposentadorias, mantém estável o PIB das multinacionais? Mas calma, calma que os médicos cubanos voltarão, trazendo com eles, além da esperança, os peruanos, os colombianos, os bolivianos... E que, mesmo sem resolver a questão das águas (hidrofobia!) e dos esgotos, eles salvarão aquelas mulheres obrigadas pelas igrejas a parir um filho por ano (sem suspeitar que junto com a vida a mãe dá também a miséria e a morte!) sim, e amenizarão o dia-a-dia daquela gente que vive há décadas como bucha de canhão, explorada, fodida e perdida nas beiradas das urbes improvisadas... elegendo e dando cobertura a trapaceiros... Dizem que a direita está crescendo, que está impedindo o governo de governar e que ainda seremos um grande Portugal como aquele dos tempos de Salazar... Mas é só álibi e intriga. Porque por aqui, quem é que não sabe?, todo mundo é ambidestro. E que o que importa mesmo é a senha do cartão corporativo... Mesmo assim, lá pelas 23:00 horas, haverá o lançamento de uma brochura de poesias parnasianas em fascículos, no hall de um reduto de gramáticos que tem até alvará... Com autógrafo e tudo... Essa é a pauta desta primeira quarta-feira de outono. Ah! o outono! Por falar em outono, da janela de uma quitinete com os batentes em ruínas, dessas onde vivem levas de meninas que sonham em ser raptadas, se vê o tremular da chama de um candieiro e se ouve essa sugestiva, boêmia e estupenda canção...

 







Um comentário:

  1. https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2023/03/5082276-com-manutencao-de-taxa-basica-banco-central-resiste-a-pressao-do-governo.html

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