"Daí, em grande parte, a paralisia completa das gentes que ali vagam, há três séculos, numa agitação tumultuária e estéril..."
Euclides da Cunha
(IN: À margem da história)
O Mendigo K, nesta manhã silenciosa e suave de março, - mais mitômano do que nunca, está mentindo por aí que nos tempos em que mendigou lá pelos lados londrinos de Canden Town, aproveitou para fazer um curso de espia e de detetive. Contava essa mentira com os cotovelos apoiados no balcão da padaria enquanto fazia pose e lançava três/quatro perguntas a seus colegas de indigência, sobre a armadilha das joias, na qual o Bolsonaro caiu como um pato:
1. Quem comprou os tais colares, diamantes e etc, lá na mistificada Chopard? Aliás, até quem passou a vida inteira tagarelando contra o imperialismo, deixa rolar umas gotas de baba ao falar dessa tal Chopard...
2. Qual a identidade de quem entregou os tais pacotes aos assessores do Bolsonaro, 'quando estes se dirigiam ao aeroporto' de Riad?
3. Quem é que em pleno século XXI, ainda aceita um "presente", num pacote fechado, nos arredores de um aeroporto e num país tão bizarro, tão estranho e tão cheio de armadilhas como aquele?
4. E quem é que garante que as tais "joias" não passam de bijuterias e que estavam destinadas não à "esposa", mas a uma amante?
Ora, como é que um ex presidente da república, ex militar e cercado por leões-de-chácara por todos os lados, foi cair num golpe tão singelo e tão elementar desses? Leitor da Bíblia e patrulhado todas as horas por pastores delirantes, como é que não sabia que desde os tempos de Cain, de Beltessazar, de Pilatos e de Al Capone foi sempre assim que os adversários foram caçados...
E nem precisa ser apocalíptico para concluir que a trajetória da humanidade é realmente um fiasco. Uma tramoia que veio se desenrolando no meio de arapucas, de lero-leros, de vinganças, astúcias e intrigas entre facções e bandos...
E que Marx, apesar de seus furúnculos, tinha razão: A história se repete, obsessiva e compulsivamente, num momento como tragédia e no outro como farsa... (muitas vezes até como tragédia e farsa ao mesmo tempo...)
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