"Na igreja, as mulheres têm todas
o ar de quem reza contra alguém..."
(Mme, de Girardin)
Mesmo os stalinistas enrustidos e a turma cult que jura não assistir jamais àquela xaropada para a plebe (o show da vida dos domingos à noite), hoje, aqui pelas ruas da república, não falam em outra coisa a não ser da reportagem sobre a dentista lá de São Paulo que apalpava suas funcionárias, as obrigava a tirar a roupa e a enfiar o nariz e a língua por debaixo de sua bata impecável, etc, etc....
Como a sexualidade feminina ainda é um mistério até para os inquisidores e para os ginecólogos, está todo mundo confuso. O que teria acontecido com aquela dentista?
Seria isso uma mulher empoderada?
Teria alguma coisa a ver com as teorias do Gutierre Tibón, sobre o poder oculto dos dentes? O Mendigo K, que ainda anda mergulhado em suas interpretações freudianas está associando o fato aos sonhos arquetípicos com 'vaginas dentadas', tão comuns entre um certo tipo de pacientes...
E muita gente (dos mais variados gêneros) que até ontem tinha pavor só de pensar naquelas agulhas, naquele esmerilho e naquelas brocas, está pensando até em fazer uma alteração completa de sua arcada dentária... Checar os ligamentos periodontais; os ossos alveolares; em colocar uma prótese, um dente de ouro ou de jade como faziam os astecas; retirar o tártaro ou, pelo menos, fazer uma radiografia panorâmica dos trinta e tantos δόντια (como murmuravam os gregos)... e tudo, claro, lá com a ilustre doutora...
Eu, aqui de minha varanda, olho para tudo isso verdadeiramente fascinado e pensando em Réstif de la Bretonne: "Confesso que este brilhante bazar de vaidade e de miséria humanas me atrai, sobretudo, pelos preciosos divertimentos que proporcionou à minha carne e a meu espírito..."
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