domingo, 8 de maio de 2022

Madre mia! E a mãe dos mercadores...


 "Quem tentar escrever a história do sentimento amoroso, constrói a sua investigação e funda as suas explicações sobre citações de textos literários e de escritos de toda espécie (...) Entretanto, se tentarmos fazer a mesma coisa para o amor maternal, vamos perceber que ele não deixou, praticamente, qualquer expressão de si mesmo durante séculos, nem por obra de autores femininos nem masculinos.” (?)  Evelyne Sullerot (IN: A mulher no trabalho)

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Engana-se quem pensa que foram os filósofos, os missionários, os artistas e os gurus que vieram pelos séculos a fora edificando as arquibancadas desse circo que hoje se chama civilização, sociedade, modernidade. 

Não! Foram as tias da luz vermelha em conluio com os mercenários & comerciantes. 

A rota da seda, da pimenta, do ouro, do açúcar, da cocaína, dos diamantes, dos bibelôs, dos escravos, das feiras e dos shoppings, tem muito mais a ver com o espetáculo mambembe que assistimos e participamos todos os dias, do que qualquer outra coisa.

E lembram da resposta popular à pergunta: O que é um ladrão? Um comerciante no escuro.

E faço esse breve intróito para mencionar, mais uma vez as datas festivas e, claro, a obrigação de, para ser considerado amoroso, simpático, cristão, civilizado e até amigo (oculto), dar um 'presentinho', uma 'lembrancinha' à pessoa amada & homenageada.

Dia dos pais; dos filhos; da sogra, das tias; das cabritas; dos bodes; dos psicólogos; dos enfermeiros; das tias da luz vermelha; dos netos e dos avós; dos antepassados; dos amigos; das meninas perdidas; da Gripe espanhola; de Hiroshima; dia dos ministros; dos veados; das antas; do livro; dos beija-flores; da Dengue; dia das orquídeas; das bromélias; das seringueiras e até das Sarracenia purpúrea... 

Dia dos pets; dos capuchinhos; do desaparecimento de Dom Sebastião; da volta de Godot; e da chegada de Cabral e de Cortez. Dia de Todos os Santos! Da Bíblia; da Cabala; dos astrólogos e do Tarot; dos zíngaros; dos dentistas práticos; do bacalhau; do aniversário de Maradona; da ascensão de Che Guevara; do Calvário de Mussolini em Milão; dia do Bombril; do morango; dia dos galos bankiva. Dia de Pinel; dia em que uma anarquista meteu uma bala nas costelas de Lênin; dia da Casa de Orates; dos sapateiros; dos barbeiros; dos pedófilos; da histeria; dia do autista e da síndrome de Dawn; do consertador de frigideiras; dia do diabetes; da próstata; do Alzheimer. Dia do Mac Donald; Dia do câncer; dos hipertensos e dia dos hipocondríacos e, claro: dia do trabalho, dia da mentira e DIA DOS DEFUNTOS. Enfim, dias de, irmanados, praticarmos a arte ensinada por Joseph Goebbels...

Mas nada que se compare ao culto de hoje, o dia delas, as MÃES. Dia em que os comerciantes dizem esperar um aumento de até 30% no faturamento. Dia em que os floristas trapaceiam à vontade e triplicam os preços! Dia dessas 'bravas guerreiras' que passam a vida inteira em prisão domiciliar, em silêncio, escravizadas e sem reclamar, apenas murmurando e resmungando. Guerreiras que, em 95% dos casos, tornaram-se mães por acaso & por 'descuido' (ah, mas então é o sêmen que engravida?) e que encaram compulsoriamente, contra os instintos e contra a vontade, o mito, a ficção e o calvário do amor maternal que, inclusive, com a militância e mercantilização atual dos gerontólogos, poderá se estender para até os setenta ou noventa anos.

 Se realmente pretendem livrar-se dessa escravidão - dizia a mulher dos Mendigo K -, é importante que saibam que esse exercício de desfaçatez está programado para funcionar por mais uns dois mil anos e que a insistência dos bufões da sociedade em cacarejar que Elas são quase SANTAS e LIVRES é apenas um truque para, em seguida, exigir-lhes o impossível e poder culpabiliza-las.

A propósito, ouçam a alienação e a choradeira desse bundão latino americano...


 


Um comentário:

  1. ' Santas' é o carajo! Obrigado mas vou de Beethoven! Kkkk

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