segunda-feira, 30 de maio de 2022
La Gioconda... (De Leonardo) e L'Origine du monde... ( De Courbet)...
O TANTRA, a indústria pornográfica e o reverendo com suas 'Sessões de Intimidade Sagrada', a 375 dólares, (cada uma...) A pirueta dessa clérigo, já perto do Juízo Final, teria algo a ver com as afinidades eletivas que Goethe pirateou dos alquimistas?
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O norte-americano Norm Self, de 83 anos, revelou que já foi padre na igreja católica e hoje atua na indústria pornográfica. As informações são do jornal britânico The sun. O idoso iniciou no sacerdócio aos 18 anos, mas depois de alguns anos servindo à igreja, notou que aquela não era sua vocação e abandonou a batina. Na época, ele se casou com uma mulher, com quem ficou por 28 anos.
Foi em meados de 1997, com 60 anos, que o ex-padre começou a sentir atração por homens enquanto circulava por um campus universitário e descobriu-se homossexual.
Em 2017, ele protagonizou seu primeiro filme pornográfico. "Meu colega de quarto me perguntou se eu participaria de um filme. Fui convidado e de repente toda essa atenção vem para mim", relembrou ele durante o documentário OAPS on the game: the sex business, citado pelo The sun. No documentário, Self disse estar realizado com a carreira na indústria adulta. "É quase como fazer uma festa, isso é uma das coisas que admiro nesse jeito de fazer pornô. Nós vamos fazer sexo de qualquer maneira. Então, por que não fazer disso uma experiência libertadora e de união, em vez de escondê-la nas sombras?", declarou.
Hoje, além de atuar em filmes adultos, o idoso também atua como reverendo e cobra entre US$ 75 e US$ 375 para ministrar sessões de 'intimidade sagrada', serviço indicado para pessoas que querem otimizar a vida sexual. Para tornar-se apto para o ofício, ele estudou por três anos o universo do Tantra.
"Se aceito o 'título' de 'ministro da educação erótica', significa a erradicação das falsas mensagens instaladas pela sociedade de que o sexo é, na melhor das hipóteses, suspeito e, na pior, maléfico — e que sua prática é severamente constrangida à reprodução das espécies e não para ser apreciado", comentou. (The Sun e Correio Brasiliense da semana passada).
domingo, 29 de maio de 2022
Enquanto isso... 2.
“Los gitanos fueron y se comieron el trigo y el buey; luego, después de un año, regresaron com mejillas pálidas. El emperador dijo: ‘No era tarea vuestra arar, sembrar y cosechar? Aún os quedan vuestros asnos. Cargadlos, preparad vuestras arpas y tañed las cuerdas de plata...’
Por eso, ahora los gitanos viven de su ingenio. Tienen al perro y al lobo por compañeros y vagabundean sin cesar...” Shah Namah: (poeta persa)
sábado, 28 de maio de 2022
Enquanto isso... 1.
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Policia Rodoviária Federal aborda um motoqueiro e o mata por asfixia...
A pesquisa do IBGE sobre orientação sexual dos brasileiros... Ecce bestia...
Está sendo muito comentada a publicação da pesquisa bancada pelo IBGE sobre Orientação Sexual dos brasileiros. As salas de redação dos jornais amanheceram eufóricas e radiantes! Quase uma orgia de histerismos! Curiosamente, um entusiasmo parecido com o que é manifesto diante das pesquisas eleitorais...
Ontem à noite, já de madrugada, passaram vários grupos aqui por debaixo de minha varanda garganteando e comemorando, cada um os seus índices.
Primeiro foram os supostos heterossexuais, babando, com casacões de couro, garrafas de vodka pela metade, canivetes, chicotes, pedaços de pau e de correntes, que a pesquisa indicou serem 94,8% da população, e que gritavam: No passaram!
Depois vieram os supostos homossexuais, uns de baby doll rosa que levavam uma imensa bandeira colorida e que gritavam timidamente, olhando para as janelas mudas dos prédios: Viu, mamãe? Já somos 1,8% da população e amanhã, com certeza, se Deus quiser, seremos muitos mais!
Depois, mais modestos, passaram os 1,7% com aquela marcha de melancolia, que declararam ainda não saber a que grupo pertencem. Em seguida, surgiram lá na esquina os 3,6% de paranóides que se negaram a participar da pesquisa e, por fim, os misteriosos 0,1% que declararam ter Outra orientação sexual. Outra!?
Esperei até o fim da madrugada por um outro grupo, que não apareceu: o grupo dos supostos indiferentes, que a pesquisadora deve ter omitido ou ignorado. E que é mais significativo do que se imagina.
Eu, que, apesar de tudo, continuo acreditando em Freud (nele que abandonou a vida sexual aos 50, mas que nunca quis abandonar o charuto) e que tenho certeza que sobre sexo e dinheiro, ninguém diz a verdade, fiquei profundamente interessado pelo pessoal do 0,1%.
Por mim, o IBGE deveria dedicar uma pesquisa só sobre eles. Qual seria, afinal, a orientação sexual desses cretinos? Em quem estariam investindo seu desejo, seus instintos, suas taras e seus sintomas? Seriam os fanáticos por dinheiro? Por trabalho? Por automóveis? Por pergaminhos? Por catedrais? Por churrascadas e por feijoadas? Por urnas? Por um Cargo de Confiânça? Ou, pelas cabras e vacas do passado? Seriam como aqueles sacerdotes egípcios que adestravam e faziam sexo sagrado com crocodilos? Ou como aqueles miseráveis que foram massacrados pela inquisição lá em Salvador, depois de confessarem ter vivido amasiados com porcas, além de terem dormido carnalmente com ovelhas, burras, vacas e éguas? Aliás, e por falar em bestialismo, no culto e erudito país de Nietzsche, de Schopenhauer e de Wagner, já está vigente até uma lei que legaliza sexo com animais...
Ah, mas é necessário, para ter maior precisão, - como declarou a pesquisadora -, fazer 'novos cruzamentos'.
A propósito, qual seria a orientação sexual da pesquisadora? Em qual ou em quais dos grupos ela se encaixaria? Ou, estaria nesta, recomendada recentemente pelos pesquisadores americanos?
quarta-feira, 25 de maio de 2022
Jacarezinho, 28. Vila Operária, 23. Vila Cruzeiro, 22.
Meu correspondente do Rio de Janeiro mandou-me noticias do massacre de ontem ocorrido na Vila Cruzeiro, e começava assim: Jacarezinho, 28; Vila Operária, 23; Vila Cruzeiro 22.
Ele que mora num cortiço, exatamente no perímetro do tiroteio, diz que, por coincidência, quando os disparos começaram, estava lendo, de um autor italiano (que não revelou o nome), as reflexões que seguem abaixo:
1. Somos todos assassinos em estado potencial. Se se pudesse processar por intenções, poucos homens escapariam do cárcere.
2. Os advogados, os juízes e os jurados deveriam ser substituídos por uma bolsa contendo feijões, metade brancos, metade pretos. Conforme a cor que saísse, o acusado seria absolvido ou condenado. Com este sistema, a justiça seria administrada com mais economia, inteligência e eqüidade.
3. A consciência dos juízes e dos magistrados curvam-se sempre ao peso de uma circular do ministério, de uma ameaça de um prefeito ou do pedido de um deputado.
4. As salas dos tribunais são lojas: com efeito, a dona do negócio, a justiça, é sempre representada com a balança na mão.
5. São tantos os culpados que deixamos escapar, - dizia certo magistrado - que, se nos cai um inocente entre as mãos, esse é que nunca poderá livrar-se.
6. Um homem que julga outro homem é um espetáculo que me faria rebentar de riso, se não me causasse piedade.
7. Ser um homem já é por si uma circunstância atenuante.
8. A mulher é advogada por natureza. O seu sexo é, por si, um diploma de formatura. A mulher sabe, por instinto, as malícias do sofisma, as falsidades das provas, o suborno das testemunhas, a astúcia do alibi...
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terça-feira, 24 de maio de 2022
Tudo falsificado! Uma sociedade seduzida pelo olfato e pelos aromas...
"Ah, quando é que se poderá, enfim, ver os pássaros com plena liberdade de reproduzir-se; as florestas invadir as cidades; a relva crescer sobre as mesinhas dos cafés; as galinhas porem ovos e chocá-los sobre os altares das catedrais abandonadas: crescer cogumelos nos pergaminhos das bibliotecas; cairem raios nos tálamos vazios... Até o percurso dos raios foi determinado pelos homens! Oh! Ver, enfim, nos jardins, os cavalos a comerem os goivos e a galoparem em liberdade!" (P)
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Nas últimas semanas tem circulado notícias e resenhas sobre produtos falsificados que vem sendo comercializados na maior tranquilidade e há décadas por aí, até nas melhores lanchonetes e casas do ramo. E, curiosamente, essas revelações não estão alterando em nada os humores das seitas, nem da República e nem da população de consumidores. Depois das bênçãos e das homilias dominicais, as mamães e os papais, com aquele cheiro de talco nas axilas, continuam levando seus pirralhos para se lambuzarem com os cardápios fictícios. À noite, todos os gatos são pardos! Minimizam.
Denunciaram o Mac Donald por vender um famoso sanduíche de picanha, mas que não era picanha;
Que o Whopper Costela, do Burger King, não tinha costela;
Que o atum do Subway nunca havia nadado;
Um suco de uva, que a televisão dizia fazer milagres, que não era de uva;
Uma mocinha, que não era mocinha;
Um garoto que não era garoto;
Gasolina que não era gasolina;
Cachaça que não era cachaça;
Losartana que não era losartana;
Maconha e cocaína que não era maconha e nem cocaína;
Dentistas, pastores, médicos, filósofos e carpinteiros que não eram pastores, nem dentistas, nem médicos, nem filósofos e nem carpinteiros;
Homens da lei que não eram Homens da Lei;
Cristãos, budistas, e hinduístas que não eram cristãos, nem budistas e nem hinduístas;
Religiosos e ateus que não são nem uma coisa e nem outra;
Comunistas e fascistas que não eram comunistas e nem fascistas;
Entregadores de pizza que não eram entregadores de pizza;
Relógios Cartier que não eram Cartier; etc, etc, etc.
Poetas que não eram poetas;
Doentes que não estavam doentes;
Vacinas que não eram vacinas;
Esquerda que não é esquerda;
Direita que não é direita;
Profetas que não são profetas;
pecadores que não são pecadores;
Catchup que nunca foi Ketchup;
Mendigos que não eram mendigos;
Santas que não haviam feito milagre algum;
Tudo falso! Tudo sucateado! Tudo espúrio! Tudo aleivosia! Tudo para inglês ver. Aliás, o truque para vender pedacinhos até de cocô e de outras mercadorias clandestinas (e os comerciantes sabem muito bem), é escrever seu nome no cardápio sempre em javanês ou em inglês! TELEK ANYAR! Ou NEW SHIT!
Ah! E o Olavo de Carvalho, aquele desertor que tinha atrás de si, além de um milhão de inimigos, sempre a estatueta de uma santa e que foi 'amaldiçoado' por declarar que na fórmula de uma determinada bebida havia fragmentos de fetos humanos!?? Onde estão os revisionistas?
E imaginem então o que deve haver na fórmula das Sopas que os padres e as cortesãs convertidas distribuem, de madrugada, ao pessoal da Cracolândia! E no âmago do Strognoff de camarão com creme! E na panelada de Sarapatel e nos baldes de Tacacá no Tucupi que é servido nas noitadas de Parentins e nos porões das barcaças que descem perigosamente pelas águas turvas do Rio Amazonas, de Manaus às Docas do Pará!
Moço, por gentileza, me vê aí um duplo de New shit!
Enfim, já é tempo de admitir: somos todos provenientes de uma laia de trapaceiros! E que, como dizia aquele velho italiano: é bom ter medo dos que se dizem incorruptíveis, pois são sempre os mais fáceis de corromper...
segunda-feira, 23 de maio de 2022
domingo, 22 de maio de 2022
Alô Brézil!!! Elon Musk, o almíscar e o playground tropical...
"Só quando estiveres bem seguro de não ter razão, é que te convém recorrer aos tribunais. Antes de mais nada, atemorizas o adversário; por pior que te corram as coisas, nada tens a perder; e se a razão estiver inteiramente do outro lado, é provável que ganhes..." (P)
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Se a New Esquerda, finge indignação com a vinda do Musk ao Brézil, a Old Direita ainda está hipnotizada com a presença, em carne e osso, desse sujeito que gostam de chamar de: o HOMEM MAIS RICO DO MUNDO.
Musk? = Almiscar!? Seria tão rico por isso? Todo mundo sabe de que animal e de que órgão o almiscar é retirado!
Senti até uma certa simpatia por esse forasteiro. No palco, com aquele fenótipo mestiço, parecia até mais singelo que os clowns de turno que queimavam incenso ao seu redor, e falava dos objetivos de sua visita com o mesmo humanismo dos marujos de Cabral diante dos caciques lá de Cabrália.
É um sujeito interessante, primeiro, porque demonstrou, na prática, que o capitalismo é um negócio de malandrins, de trapaceiros e de espertalhões e, segundo, porque vem fazendo do mundo uma espécie de brinquedoteca.
Primeiro, investiu em carrinhos, depois passou para astronaves e viagens astrais e agora, meio entediado com os metais, quer divertir-se com coisas pulsantes, como a selva tropical. Ah, a Amazônia, com seus mistérios! Que o mundo inteiro, saturado de filminhos pornográficos, possa agora, ver logo pela manhã, nossos irmãos nativos correndo pelados pela beirada daqueles rios imensos, no meio de teias de aranha e sob a balaiada dos ladrões de ouro... As onças, a boca dos jacarés, o salto dos servos, (curiosamente, é desse animal que se extrai o valioso almíscar, o musk), a fumacinha ziguezagueando pelos buracos das choças, e as escolinhas enfiadas no meio de toda aquela miséria e dos incêndios. Ah, e como é terapêutico um playground tropical! Não, o fogo não é necessariamente um mal! Ah, cada uma daquelas queimadas nos levam a reler a Psicanálise do fogo, do Bachelard, conhecem? 'Sans doute le feu réchauffe et réconforte'.
E os garimpeiros? Se não estivessem lá, devorando e devastando tudo, quantas penitenciárias urbanas seriam necessárias para abrigar toda aquela bandidagem?
Protegido pela mística de empresário bem sucedido, o visitante promete interligar, por meio de satélites, todos aqueles barracos chamados de escolas e monitorar a floresta, dia-e-noite, para todo o sempre! Ah, o canto da Araponga! Em nenhuma outra selva, seja no Vietnã, na África, no Afeganistão, no México ou no Iêmen, vimos canto tão encantador! Vão fascinar os irmãos americanos e os irmãos europeus, pobre gente, infanto-juvenil e tão entediada que agora, para piorar as coisas, ainda correm o risco de ficar sem o gás russo...
Ah, o mito das florestas! As ninfas! As borboletas! As libélulas! Os botos! O Uirapuru! As nativas ensaboando aquelas imensas cabeleiras negras... A solidão! O exílio! As nuvens que correm por sobre aquela imensidão feita de pequenas insignificâncias...
Quando já não sobra mais nada que nos dê algum tipo de esperança, a fé nas árvores!, a devoção cega pelos rios, pelas raízes, pelo grunhido dos javalis e pelo pólen de algumas orquídeas selvagens, nos garantirão outros dois mil anos de espera e de ilusões, até que Cristo, Buda e Godot resolvam reaparecer.
Alô Brézil! Venho declarar nosso amor americano pela floresta e pelos silvícolas ! Um amor diferente do de Rousseau, evidentemente. Quem é que não se lembra dos Druidas? E das Amazonas? Vamos resgatar o sonho do Éden e cercar tudo aquilo, antes que os chineses a transformem num imenso e frio latifúndio maoista! Sim, há muito tempo estamos em lua-de-mel com a selva e, claro, com tudo o que ainda está enterrado e oculto por debaixo de suas raízes! E o Twitter, prometo, lhes garantirá liberdade total para exprimir vossa alienação, vossas bobagens e vossa fé. E todo mundo poderá voltar a fazer 4 refeições por dia, engordar e viajar de avião! E poderão até ir à Base de Alcântara assistir ao lançamento dos satélites e de foguetes! E ver a família Sarney num camarote especial! Ah, os foguetes! Levaremos brinquedos também para as crianças ribeirinhas! E para os albinos da Ilha dos Lençóis... O que seria do mundo, da América Latina e do Brézil sem os fogos de artifício? Viva as festas de São João! Ah, cobriremos a selva de satélites e de estrelas e até a intimidade das índias e dos índios naqueles festins e porres de Santo Daime serão exibidos ao mundo, um mundo em pedaços e sedento por novas sensações... Queremos saber mais, muito mais, sobre o Curupira. O protetor das florestas!
Imaginem a felicidade daquela adolescente sueca! Aliás, também ela não seria uma druidesa, uma descendente dos Druidas? A copa das árvores se enroscando nas fechaduras e nas janelas do paraíso... Nos acusam de ser imperialistas! Sim, mas nossa missão IMPERIAL é fazer os povos felizes... Povos fodidos do mundo inteiro, UNI-VOS! Vejam o que já fizemos ali na antiga Babilônia; lá em Kabul e o que estamos fazendo agora com os cossacos, na Ucrânia! Nossa América luterana só se sentirá realizada e feliz quando todos os povos também estiverem felizes e eufóricos! - Dizia isso com um olho na platéia e outro na gangue do Pix -.
By the Way...(a propósito), quem é dos senhores que não se alfabetizou, que não aprendeu a ler com nosso Pato Donald e com nosso Tio Patinhas? E que não foi várias vezes à Disney? Que não está fascinado com o celular, com o computador e com o video-game? E quem é das distintas senhoras que não se iniciou sexualmente ouvindo Stranger in the Night? E que ainda não fica excitada ouvindo aquele nosso mafioso gritando ti bi du bi du... E que não sente um certo orgulho em, sempre que pode, cacarejar uma ou outra frase em nosso idioma? E cheio de 'amor próprio' com tudo isso que nós inventamos e que disponibilizamos para a felicidade dos povos irmãos!?
Alegria! Alegria! Brézil! Que nosso Evangelho é o mesmo! Que as urnas são confiáveis e que dinheiro não é problema! Que a floresta é um Bem e um Patrimônio universal! O pulmão, o escroto e a vulva do mundo!
sábado, 21 de maio de 2022
Manhã estupenda de frio e de sol! E o dia 18, dia da Luta anti-manicomial, por que teria transcorrido em silêncio?...
[Um louco, isto causa horror!
E você, leitor, em que categoria se enquadra?
Na dos tolos ou na dos loucos? Tenho certeza que se pudesse escolher preferiria a última condição.
Sim, e é por isso que volto a perguntar: para que serve um livro que não é instrutivo, nem divertido, nem elegíaco, um livro que não dá nenhuma receita nem para os carneiros nem para as pulgas, que não fala de estradas de ferro, nem da bolsa, nem de marcas íntimas do coração humano, nem do vestuário da Idade Média, nem de deus, nem do diabo, mas que fala de um louco, isto é, do mundo, este grande idiota que gira pelo espaço há tanto tempo sem avançar um passo, gritando e dilacerando a si mesmo?]
Flaubert
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quinta-feira, 19 de maio de 2022
quarta-feira, 18 de maio de 2022
A mais recente pieguice dos ingleses. Vai encarar? IS NOT TOLERATED...
terça-feira, 17 de maio de 2022
Um assunto só para místicos & esotéricos... e só para gente educada em hospícios...
"Possuía uma fortuna em lençóis;
mas, um dia, lhe foram furtados por uma tribo de fantasmas..."
(Ramón Gómez de la Serna)
Domingo passado, um grupo de religiosos, com alto-falantes, mesas, arreios coloridos e outros apetrechos, ocuparam a quadra aqui nas proximidades e, durante umas duas horas rezaram, dançaram, discursaram, recontaram lendas das antigas tribos da Palestina, interpretaram reflexões dos ribeirinhos lá dos cafundós do Jordão e etc. E os moradores dos prédios vizinhos, principalmente aqueles com mais de 70, pressionados pelo tempo e pelas circunstâncias, iam aos poucos se encaminhando para lá, com aquela marcha de quem carrega nos ombros todas as dores e culpas do mundo.
A verborréia entrava nos apartamentos por todos os lados, pelo buraco das chaves e pelas frestas e sulcos das janelas. E o animador, que por sinal tinha um sotaque de latino-americano (com todo cuidado para eu mesmo não tomar consciência de minha xenofobia, me perguntava: seria da Bolivia? Do Perú? Da Venezuela? Ou será da Itália?) com aqueles papos escolados de vendedores de raízes em feiras, ia ficando cada vez mais excitado ao ver a praça se enchendo de fiéis, e aumentava o som. Entretanto, os moradores que já haviam jurado devoção e fidelidade a outras divindades e a outras seitas assistiam aquele movimento desde suas varandas, torciam o nariz e, disfarçadamente, voltavam para suas alcovas...
E o catequizador latino falava com ênfase em Jesus, em Deus, em Israel, nos truques para a Salvação e nas artimanhas para, sorrateiramente, alcançar a porta dos fundos do Paraíso. Discorria sobre a Páscoa; sobre a guerra da Ucrânia; sobre as safadezas eternas da espécie; sobre o tesão e o assédio de Adão; sobre o amor infinito; sobre o mundo como uma espécie de cânion de lágrimas e, claro, também sobre a morte, a derradeira, eterna e definitiva morte do espírito... Falava sobre tudo isso com uma tal intimidade e familiaridade que fazia qualquer um ter certeza de que, realmente, se tratava de um expert e de um perito em desfaçatez. Enquanto algumas pessoas presentes até faziam confissões intimas de suas neuroses, meu falecido cachorro enviou-me um Zapp perguntando: Mas Bazzo, será que esse charlatão irá praticar também algum tipo de milagre?
A manhã era de sol! Desse sol de outono que convida os Barnabés aposentados a se esticarem nos bancos das praças palitando os dentes, enquanto suas mulheres, delicadamente, vão passando protetor solar por sobre e pela beirada dos lábios....
Conforme ia percebendo o clima e o estado hipnótico da platéia, o mensageiro divino alterava vivaldinamente o timbre da voz. Saltava para um trecho da Bíblia mais ameaçador ou mais palatável e consolador, falando - por exemplo - do vacilo de Eva, enquanto se dirigia à santidade das mocinhas virgens presentes, patrulhadas por antigos e cansados burocratas... E sutilmente, com insinuações apocalípticas, provocava os descrentes e hereges que, - acreditava, com razão -, deviam estar espiando por detrás das persianas, fumando, ou, já que era domingo, estar libidinosamente ainda sob as cobertas. Era curioso e bizarro ouvi-lo falar dos essenios, (grupo de despirocados que teria existido 2 séculos antes de Cristo e que teria sido dizimado no ano 69). Sim, era curioso e surrealista ouvi-lo falar da Palestina; de Israel e de outras fábulas distantes, a uma população que não dominava muito bem nem sequer a geografia das veredas e das fronteiras do próprio bairro, que às vezes era até antisemita, e que, com certeza, estaria muito mais interessada na Batalha de Jenipapo no Piauí; nos empadões recheados de guariroba de Goiás Velho; nas fissuras das barragens de Minas Gerais; nas milícias do Leblon e no preço das diárias nos hotéis de Pasárgada. Intercalava discursos poéticos parnasianos com músicas depressivas enquanto a platéia, cabisbaixa e em círculo, se movia: dois passinhos para frente, para o meio do círculo e dois passinhos para trás, para fora do círculo. Uma viatura da polícia apareceu por lá, dizem que foi acionada por um morador de outra religião, mas quando os soldados ouviram que se tratava do Nome de Deus, deram meia volta e, com as sirenes desligadas, desapareceram. E tudo seguiu igual por mais umas boas horas, até que o Timer no bolso do animador acusou 11:45. Então lançou mais meia dúzia de ameaças e de aforismos transcendentais sobre a turba, misturando castelhano com português, desejou vida longa e um feliz domingo aos participantes, fez uma espécie de benção aos moradores da quadra e encerrou o ato.
Faço essa digressão para mencionar outra bizarrice acontecida no dia seguinte, logo pela manhã, exatamente no local onde havia sido encenado o tal ritual: dois carros se chocaram, ficando um deles com as rodas para o ar. Segundo o expert do DETRAN, nem Alan Kardec e nem a Física Quântica seriam capazes de explicar a dinâmica do fato.
Os feiticeiros natos da quadra e os que juram que seu Reino não é deste mundo, imediatamente deduziram: Só pode ser coisa do Mal! E trataram de acender 7 daqueles círios grossos e longos trazidos do Pará. Alguma coisa teria dado errado? O pregador teria incitado forças erradas? É necessário reparar rapidamente o erro! Houve algum mal entendido? Teria sido o portunhol? A Confusão de Línguas de que tanto fala Ferenczi? Alguma Sincronia com o eclipse lunar (lua de sangue!?) e com o além? Ou foi pura coincidência e barberagem? Resultado da cada dia mais complexa indústria do irracional?
Teria alguma relação com o Outro mundo? Alguma mensagem cifrada? Algum sentido metafísico?
Mas qual? Ah!, É preciso convocar um simpósio de emergência! Onde estão os velhos pioneiros e sábios astrólogos?
O vento e a força da gravidade ainda faziam as rodas girarem. Viaturas e curiosos, uns parecendo bem mais altruístas do que outros... Cheiro de borracha e de combustível. Ah, o olfato! Muita gente se aglomerou ao redor do sinistro. Outros espiavam das janelas... Visivelmente, tratava-se de um gozo mórbido e secreto pela tragédia, del Sentimiento tragico de la vida, descrito por Unamuno.
A avó do Mendigo K que ouvia cética a lógica e as especulações quase selvagens dos policiais e dos motoristas do guincho que haviam se deslocado para lá, olhou bem nos olhos de um dos mais exaltados e parafraseando a Konovalov, resmungou: Já que vieste ao mundo, vive e não raciocines!
segunda-feira, 16 de maio de 2022
Os damascos e a importância da curiosidade...
"Tres trampas sufocam a la filosofia:
La iglesia; el lecho conyugal y el sillón de professor.
De la primera escape em mi juventud; en la segunda jamás caí, y de la tercera salí en cuanto me fue posible..."
Jorge Santayana
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Neste domingo quase melancólico, ouvi a mulher do Mendigo K com sua coreografia de feiticeira, receitando para uma colega de ofício: deixe uns damascos ao lado da cama para quando, de madrugada, no meio do sono ou de um pesadelo, sentires necessidade transportar-te para outro mundo ou de, simplesmente, comer alguma coisa... Enquanto a ouvia receitar, pensava na frase de um personagem de . Gorki: "Ah, esses sonhadores! Sua infelicidade é inconsolável porque a força dos seus pensamentos aumenta com a cegueira do seu espírito..."
Damasco? Fui pesquisar e descobri que, além de ser o nome da Capital da Síria é o nome de uma fruta, sobre a qual um filósofo britânico escreveu estas linhas curiosas. "Conhecer coisas - diz ele - não apenas torna as coisas desagradáveis menos desagradáveis, como torna as coisas agradáveis ainda mais agradáveis. Gostei mais de pêssegos de damascos quando soube que eles foram primeiro cultivados na China, logo no início da Dinastia Han; que reféns chineses mantidos pelo grande Rei Kaniska os introduziram na Índia, de onde se espalharam pela pérsia, atingindo o Império Romano no primeiro século de nossa era; que a palavra apricot (damasco) vem da mesma raiz latina da palavra "precoce", porque o damasco amadurece cedo; e que o a inicial foi acrescentado por engano, devido a falsa etimologia. Tudo isso torna muito mais doce o sabor do fruto..."
domingo, 15 de maio de 2022
Noticias de meu correspondente no Curdistão iraquiano ...
Meu correspondente do Kurdistão, sabendo que no Brasil e em Portugal, no dia 13 de Maio, se comemora o dia de Nossa Senhora de Fátima, (e inclusive, que a mulher de Maomé chamava-se Fátima), enviou-me estas fotos da líder do movimento JIN JIYAN AZADI, de lá, mulher que entre eles, é quase venerada...