Meu amigo Mohamed, um expatriado árabe que vive na França há uns 40 anos mendigando nos arredores da Maison du Brézil, na Cité Universitaire, e que está acompanhando de perto a pantomima das eleições francesas, me mandou uma breve noticia de lá.
Bazzo, depois do 18 Brumário a França agora, está encarando o teatro do 10 Termidor, com um banqueiro de um lado e com uma matrona do outro. Macron ou Le Pen? Com brioches ou sem brioches, com escargot ou sem escargot, com lentilhas ou sem lentilhas, esses jacobinos com alma de girondinos terão que optar por reeleger um banqueiro (Macron) ou colocar em seu lugar uma matrona de direita (Marine Le Pen). O teatro será perfeito e escatológico. E a esquerda daqui que, como em outros países, gastou décadas prostituindo, pervertendo e nocauteando a si mesma, terá que arrumar mil e uma desculpas para, mais uma vez, justificar o injustificável e esse vexame. Como não lembrar do Malade imaginaire, do Molière?
Vagabundeando pela periferia, penso em Ravachol! Ouvindo o Macron, penso na família dos Rothschild e prestando atenção na coreografia da Le Pen, rememoro as idéias delirantes da Simone de Beavouir, daquela freirinha disfarçada que defendia a ideia de que ninguém nasce mulher, que a mulher é engendrada pela cultura... Oh là là...
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