sexta-feira, 22 de abril de 2022

A Cruzada dos Mendigos... e a aporofobia...

"Ni la bestia ni Dios tienen problemas. La una porque no piensa y el otro por omnisciente"

Rodolfo R. De Roux




Hoje, sexta-feira, lá pelas 8:00 da manhã, as escadas e a frente do mercado francês estavam congestionadas de mendigos. As figuras mais exóticas dessa fauna pareciam ter se reunido todas ali. Haveria alguma razão especial? E mandavam suas mulheres abordarem os velhinhos que desciam caquéticos de seus carros de cinco toneladas e de 30 mil dólares.

Pode me ajudar?

Pode me comprar uma cesta básica?

Um saco de arroz? 

Uma garrafa de cana?

Os velhinhos se apressavam em entrar e os 'leões de chácara' do mercado apaziguavam a turma. Pediam paciência. Mencionavam o Estatuto do Idoso e os diversos impostores que, recentemente, foram estrangulados pelos capatazes dos mercados. Se a gente não for duro com vocês, a gente perde o emprego! Colaborem aí.

A turba se aquieta até a chegada de outro cliente.

Fiquei assistindo aquele movimento e pensando na Cruzada dos Mendigos, lá do ano 1080. Lembram? Aquele exército de Mendigos, indigentes, loucos,  bandidos, colonos arruinados, putas e etcetera, que partiram da cidade alemã de Colônia, em direção à Asia Menor, com a intenção de resgatar o Santo Sepulcro e de livrar Jerusalém do domínio dos muçulmanos? 

Foi uma pena ainda não existir máquinas fotográficas naqueles tempos! Dizem que, liderados por um tal Pedro, o Eremita, iam destruindo, assaltando e tocando o terror em tudo por onde passavam, até que ao chegarem em Constantinopla (a atual Turquia), o sultão que estava de plantão, gritou: NO PASARAN! E mandou suas milícias recebê-los com uma chuva de flechas...

No interior do mercado fui abordado por uma delas que dizia ser licenciada em letras e que implorava para que eu lhe pagasse dois quilos de grão-de-bico.

Ao mesmo tempo em que me implorava, ia falando desordenadamente sobre a parte do Levítico que trata do Bode expiatório e do Bode Emissário.

Nós - dizia, tentando imitar personagens das novelas  - encarnamos os dois. Ora um e ora outro...

E insistia para que eu lhe pagasse além dos dois quilos de grão de bico, mais uma lata de leite em pó.

Caralho, retruquei-lhe, apalpando instintivamente os bolsos: não leve a mal, mas eu estou tão arruinado quanto você! 

Ela olhou-me fixamente nos olhos, com uma certa compaixão, depois, dos pés à cabeça com desprezo e, abrindo o livro Elogio de la incertidumbre, de Rodolfo R. De Roux, (que levava num saco de plástico) retirou de entre as páginas uma nota de dois reais e a enfiou agressivamente no bolso de minha camisa.

Para não passar por mentiroso, aceitei.

Agora, pretendo investi-los em ações da Petrobrás.



3 comentários:

  1. ,,," tão arruinado quanto você..."foi ótimo! Kkkkkkk esse humor de clow só pode vir dum sagitariano kkkk. Ah, e antes que o ZE BUCETA de dias atrás venha me encher o saco com suas provocaçoes recomendo( pois hoje não to afim de mandar ninguem pra casa do caralho) va assistir sua novela! Kkkkkkk

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. sujeito assuntando sobre signos no seculo XXI... Escorpião pica com o rabo... Desperdiçando talento, se Clodovil fosse vivo ia te contratar pro horóscopo de viado 7 hora da manhã

      Excluir
  2. ésio aqui é o mindigo Ka quero ficar famozo ingual o mindigo que estrupiou drentro do carro, quero uma mansão dada por um estelionatário milionario do ramo de piramides da net, eu quero me arrumar esio kkkkk

    ResponderExcluir