sábado, 27 de fevereiro de 2021

Lockdown! A cidade ainda com mais cara de penitenciária...

"Há pessoas que merecem a vida, como há presidiários que merecem as correntes; e se pode identifica-las pelo amor que umas e outras têm por elas..."

Vargas Vila




Para testar ainda mais o grau de nossa resistência, de nossa  paciência, e os limites de nosso saco, além do trancamento total da cidade, o dia amanheceu cinzento, chuviscando, úmido, cheio de nuvens, quase siberiano. Um silêncio sepulcral! Voltamos ao lockdown...

Muita gente por aí está achando que o tal lockdown decretado pelo governador, é o nome de uma variante ou de um disfarce do vírus. Mas não, é uma palavra emprestada do idioma dos colonizadores e patrões. Não nos contentamos com um vírus vindo de fora, precisamos também de um léxico forasteiro. Trancados! Trancafiados! Mas o pior, é que o trancamento doméstico talvez não seja grande coisa se comparado ao trancamento psíquico!

Como é que fomos entrar numa fria e numa merda destas? De uma manhã para outra, caímos na real: os remédios, as orações, as teses com honoris causa, as romarias e as feitiçarias não passavam de um cortejo de mentiras e não servem para absolutamente nada... Como é que conseguimos viver todo esse tempo obnubilados e iludidos por placebos, falcatruas, demagogias, histrionismos, canalhices? Achando que um dente de alho ou umas gotas de água benta, de creolina ou de Bálsamo alemão poderiam nos conduzir à imortalidade? Pandemia/Pandemônio! Um aprisco de ciclotímicos, onde é necessário fazer um esforço imenso para não ficar do lado do vírus...! E querer agora culpabilizar especificamente alguém por toda essa merda acrobática é mau cartismo, arrivismo, chauvinismo, e uma forma de cretinismo que costuma surgir com mais força em situações limites. Ninguém é culpado! Ninguém é inocente. Não sejamos idiotas! Estamos todos juntos, de mãos dadas e diariamente reeditando a Idade Média entre nós! Olhem ao redor! Estamos todos perdidos e perturbados! Somos todos incompetentes! Passamos a vida inteira turvando as águas para dar impressão de profundidade! E esse barco miserável que agora ziguezagueia perdido no meio da borrasca foi pilotado também por nós... Ou caíram também numa crise de amnésia? Portanto, agora, quando muita gente já está se arrependendo de ter nascido, não adianta ficar no convés, regressivamente, os olhos voltados para as nuvens, com as calças mijadas, pedindo socorro a 'salvadores imaginários'...

Quê furada & quê miséria!


 


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Guerra fria - (Ou: as inovações clinicas na China...)




{...TODO CONHECIMENTO GENUINO TEM ORIGEM NA EXPERIÊNCIA DIRETA...} Mao Tsé-Tung


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https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2021/02/4908651-china-nega-aplicacao-de-testes-anais-de-covid-19-em-diplomatas-dos-eua.html

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

BRASIL...

TRISTES Trópicos... (Várias)

   [...Les années passent et je suis encore un voyageur]

Bashô


 I. Para os otimistas de plantão, uma noticia mais do que brochante: 90% dos alunos que concluíram o Segundo Grau neste semestre, na área de português, não conseguem interpretar um texto de meia página e nem "entender uma ironia". Já nas áreas relacionadas a Poincaré (matemática), 70% não sabe o elementar do elementar... Que tal? E o pior, é que serão esses sujeitos que comandarão o país nos próximos 50 anos, não é verdade? E depois.., querem combater as fake news! O problema não é que as noticias sejam falsas, é que elas são incompreensíveis! Portanto, é demais querer ou exigir que os juízes cumpram a Constituição; que os padres e os pastores interpretem com o minimo rigor as fábulas bíblicas; que os fabricantes de cocaína façam misturas confiáveis... Que tal começarmos a processar os professores (as tias e os tios) e as respectivas escolinhas? Me sugeria o Mendigo K. - Quem foi seu professor, seu Merda? O Fulano de tal! Prisão em flagrante delito para ele e inafiançável! Mas usando qual lei, doutor? Qualquer uma, até mesmo a Lei de Segurança Nacional"... - Em qual escolinha você "estudou"? Na escolinha Tal! Fechem essa merda!

II. A impostura judicial da semana passada, (STF) com a prisão de um deputado, ao invés de ser um motivo para desmontar esses covis delirantes e autoritários, está, por incrível que pareça, engendrando outro: no Congresso, estão criando mecanismos para que ninguém mais possa enquadra-los, enjaula-los, prende-los e etc...

III. O vírus e os negócios com as vacinas estão reforçando a tese de  que nossa espécie não deu certo. E que o problema nem é só social, (capitalismo selvagem), mas existencial. Uma espécie jogada e perdida nesta imensa penitenciária e com a pena de morte já decretada desde que nasce, não poderia agir de outra maneira. As tripas e a vida! Não é verdade? A propósito, os quatro ou cinco países que comandam o planeta já teriam reservado para si (por garantia) um número de vacinas cinco ou seis vezes superior ao de suas populações... Ah, mas ontem enviaram gentil e cristianamente um excedente para Gana, na África. (Gana, a antiga colônia, onde os negócios dos velhos colonizadores, não podem parar!...)

IV. E a polêmica Cláusula no Contrato com uma das fabricantes de vacinas? Você compraria um liquidificador se o vendedor o obrigasse a assinar um compromisso com ele de que se duas hora depois de ligado, o motor explodir, ele não tem nada a ver com isso? Inacreditável! E os vira-latas todos (cada um de seu covil) apoiam a impostura da farmacêutica. Arrombam as portas da Petrobras, ratos e  hienas fogem do país levando com eles a rapina... e os vira-latas (cada um de seu covil) fazem discursos cretinos em apoio aos ratos e às hienas... (Níveis de testosterona baixos...)

A explicação para essas indecências e para muitas outras, está lá nos alunos do segundo grau que, apesar de concluírem seus cursos, saem deles completamente analfabetos... E mais: com o espírito tropical de subalternos...

Tristes trópicos...




sábado, 20 de fevereiro de 2021

A velhinha beata e a música de Ketelbey...

Neste sábado, no Mercadinho da esquina, deparei-me com aquela velhinha beata, aquela que, sempre que pode, confessa dedicar praticamente toda sua vida a um projeto extra-terrenal...

Estava com um maço de bardana nas mãos e discutia com um sujeito do próprio mercado, questões da alma e da vida após a cerimônia do adeus. Estava visivelmente irritada com as concepções de seu interlocutor. Só ouvi a parte final da discussão, quando ele, citando um escritor italiano atacou: Minha senhora, faz dois mil anos que o cristianismo existe, e olhe a que ponto chegou a humanidade! Ao que ela, retrucando, lhe perguntou: Mas então, me diga, você que não acredita na continuidade da vida, o que acontece com a alma, depois que o sujeito morre? O moço, com todo o cuidado para não ser acusado de afronta moral à Terceira Idade e até demitido, com uma certa ternura, lhe respondeu: Ora, minha senhora, o mesmo que acontece com a chama, depois que a vela acaba...

Ela ficou pensativa, seus olhinhos brilharam como se aquela resposta lhe tivesse tirado dos ombros um peso insuportável... pareceu rejuvenescer e seguiu seu curso por entre as prateleiras, agora a procura de ovos caipiras e de noz moscada em pó enquanto ia assobiando uma velha e estupenda música de Ketelbey... Parecia outra...






E a Câmara, com apoio da "esquerda" , ficou de quatro para a Corte Suprema...

"À força de viver entre o cavalo e o freguês, o cocheiro acaba por tornar-se um meio termo entre a besta e o homem..."
Pitigrilli



 Dediquei esta tarde de confinamento para assistir o desenrolar dos acontecimentos a respeito da prisão do Deputado que foi enjaulado por ordem do Supremo, com a justificativa que o mesmo desrespeitou  e ameaçou os juízes daquela Corte, além de fazer apologia à Ditadura Militar.

Realmente, o discurso do tal deputado foi mais dos que radical, flechou de morte vários dos ilustres Ministros e com uma dialética de boteco que praticamente obrigou os ministros a enjaulá-lo. Mas, ao invés de tirá-lo do circuito, por que não convocá-lo para falar mais sobre suas teses e acusações? Ou será que, malandramente, teria sido esta sua verdadeira intenção? Ser injustiçado para colocar aquele poder em evidência e ainda empurrar a esquerda para o ridículo de ter que apoiar tal decisão. Uma esquerda que nos últimos anos foi pisoteada pela mesma Corte. Dilma derrubada! Lula Preso! & etc?

Assisti a todos os lances. O preso participando da cadeia, via on-line, parecia um coroínha arrependido. Desculpou-se. Disse que é um parlamentar exemplar; um homem que vai de zero a 100 em segundos. Que não tem nenhuma simpatia especial pelo AI-5 e nem pelas ditaduras...

Os deputados da esquerda esbravejavam nos microfones com argumentos ainda dos anos 80 e, com a velha retórica de uma democracia imaginária, respaldavam a atitude do Supremo. Deve ficar em cana sim! Quê estranha paixão pela cadeia!

Outros tentavam defender o colega preso, sob o argumento da tal Liberdade de Expressão e do titulo de Congressista. O blá blá blá parecia interminável. As poucas mulheres que falaram, mais assertivas, pareciam as mais furiosas. Mencionaram Montesquieu... Marielle e até o caso do Deputado Marcio Moreira Leite que, num discurso durante a Ditadura militar, teria conclamado as namoradas e mulheres dos militares a puni-los com a recusa. Mais ou menos como as mulheres gregas, na peça Lisístrata de Aristofanes, que para acabar com a guerra entre gregos e troianos passaram a fazer greve de sexo. Ou acabam com essa merda de guerra ou nós não abriremos mais as pernas para vocês... lembram? 

A moça que leu o relatório, apesar de ser do PSL e de Goiás, pronunciou os palavrões ditos pelo preso, sem asteriscos, sem reticências, sem piscar e em bom tom, até com um certo frenesi. O Presidente da Câmara ia chamando os parlamentares (a maioria sobrinhos, netos, filhos ou agregados de velhas oligarquias de parlamentares) para que discursassem: Pastor de tal! Reverendo de tal! Cabo de tal! Capitão tal! Reverendo tal... Parecia que a sessão estava acontecendo no interior de uma dessas capelas que sempre há no interior dos quartéis... Curiosamente, a maioria dos líderes de partidos, tanto da esquerda, como da direita ou dos ambidestros, tinha o perfil idêntico a de padres/pastores, ou daqueles velhos latifundiários e moralistas cripto-cristãos... Imposturas! Cultura oral! Os palavrões! Inadmissível para um parlamentar, porque eles também, como os senhores Ministros, se acham proto-divindades. Querer extinguir o Supremo?, o oráculo? Pisar na Constituição?, o livro sagrado? Isso era demais. Esperneavam, trocavam olhares e iam costurando a rendição... Ficando de quatro para o Supremo. Como eram 5:30, de uma sexta-feira, os ministros, lá no outro lado do quarteirão, deveriam estar ao redor de uma bancada com chá inglês e biscoitos fabricados em Zurich assistido aquele espetáculo de mediocrização, de submissão e de capitulação... Política pastelão! Lembra aquelas pastelarias clandestinas chinesas de Curitiba e de Londrina, anos 70, em cujos pastelaços, encharcados de óleo, havia carne, ovos, acelga, tofú, cebola, nabo, pedacinhos de gengibre e vários outros ingredientes não identificados... Mas, sinceramente, o que mais me angustiava ao assistir aquela "sessão extraordinária", era ir compreendendo que se depender daqueles sujeitos, o país jamais terá uma ferrovia que vá do Ceará à Foz do Iguaçu e nos moldes da Transsiberiana... O que é um país sem estradas de ferro?

Foi um show! Mas ver a esquerda, que passou os longos anos da ditadura sendo chutada no traseiro e sendo jogada de um lado a outro, ali, agora, respaldando uma decisão arbitrária do Supremo e fomentando a manutenção da prisão de um colega, era quase melancólico. E o faziam com uma certa ingenuidade misturada a  bravura, heroísmo, e valentia... mascarados, como manda a OMS, lembravam os bandoleiros lá nos filmes de  bang-bang da adolescência, e repetiam a retórica dos anos 80 e as utopias dos milenaristas. A decisão do supremo está correta! Esse crápula deve ficar preso! Não apenas por sua ideologia, mas por uma questão de moral e de ética! Repito: quê estranha e doentia paixão pelo calabouço!

Ninguém tem dúvidas de que o único ganhador nessa patifaria toda foi o deputado preso.

Tudo ia se confirmando: para chegar ao coração dessa gente era necessário passar antes pelo bolso deles... E as palavras fascista e comunista insistiam em fazer-se presentes. Uma agressão fútil e cabotina já que ali ninguém têm doutrina alguma e que todos fumam no mesmo cachimbo... Pois eu, que vivendo aqui, no meio de toda essa putaria nunca tive o prazer de conhecer nenhum fascista e nenhum comunista..! Por onde andam? O que devem pensar? Seriam invisíveis? Deste ou de outro  mundo? Ou o CENTRÃO é muito maior do que se imagina? 

Olhava atentamente para tudo aquilo meio desolado e pensava na denúncia de um filósofo romeno: Adão foi apenas um debutante miserável. É Cain que permanece nosso mestre. É ele o verdadeiro ancestral de nossa espécie...

O Mendigo K que apareceu por lá, vendo todo aquele horror, me cochichou: lembra da anedota do Stálin e da galinha?

- Dizem que o velho Stálin dando uma aula política a seus correligionários, para ser mais didático, pediu que lhe trouxessem uma galinha e uns grãos de milho.

Chegada a galinha, arrancou-lhe brutalmente todas as penas, colocou-a no piso e saiu caminhando para fora da sala jogando grãos de milho pelo caminho. A galinha saiu atrás dele resignada e comendo o milho.

Quando os alunos quiseram saber o que aquilo significava (qual era a moral da história) ele esclareceu: Veja como é a política: você depena completamente o adversário e ele ainda o segue...

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O Mendigo K e o velho trem com o qual ia, clandestinamente, de Brasília até Campinas...



Nesta quarta-feira de carnaval, o Mendigo K estava nas escadarias de um mercado, vestido de ferroviário. No peito da camisa as letras RFFSA. Pensei de imediato que deveria ser uma fantasia de carnaval, mas não. Confidenciou-me que estava usando roupas que pertenceram a seu pai, um ex ferroviário aqui da cidade. Quase chorou enquanto ia me relatando a chegada do primeiro trem aqui, vindo do Rio de Janeiro. Estava todo  mundo lá na estação para ver a maravilha, o monstro de ferro, pintado de vermelho que já havia causado alvoroço ao passar por Pires do Rio, Luziania e Jardim Ingá. Diz que ainda criança, dormiu muitas vezes com seus pais na Estação Calambau, em Goiás. Tem no bolso até um mapa da malha Ferroviária daqueles tempos (RJ. SP. MG. DF) a qual todos chamavam Dom Pedro II. Lamenta que a tenham deixado morrer. Hoje, ia me dizendo, daqui até Campinas só sobraram os esqueletos das estações, dos trilhos, dos semáforos. Relembra com nostalgia da primeira vez que, ainda adolescente, viajou com seu pai até juiz de Fora. Seu pai (seu velho herói) dentro daquele uniforme sentindo-se o dono da ferrovia e inebriado com seus micro-poderes... Meses depois foi demitido e expulso como um cachorro... As curvas no meio das montanhas, os túneis, os casebres levantados ao lado dos trilhos, em cujas janelas sempre havia uma pequena multidão de miseráveis acenando para o trem que passava lançando um lençol de fuligem por sobre o verdor das colinas... E de velhinhos esqueléticos, delirantes e terminais sentados sobre cupinzeiros, com seus cigarros de palha que lhes queimavam os lábios já insensíveis... como se estivessem atentos apenas ao som do silêncio... O impacto maior que teve ao chegar em Juiz de Fora, foi ver o nome da estação: Estação Xangai. Foi a primeira vez que se deparou com a letra X. Xangai! Depois de uns dias, soube que também existiam outras palavras que começavam com aquela letra que parecia uma cangalha: xará; xarada (uma estação do ano do calendário hindu); xeque-mate; xarope. xucro...




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Como deve ser uma surra com um gato morto?

 Paradoxo: Com um ato infame que era comum durante a vigência do AI/5, prenderam um Deputado Federal por fazer criticas aos ilustres ministros e por conclamar a volta do AI5...

Uma Corte Suprema que não suporta uma critica, por mais radical que esta seja, ainda não é Corte e nem Suprema.



terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Carnaval, vacina... e...



Depois da insensatez de terem espalhado os pacientes de Manaus para todo o país, ao invés de terem mandado para lá um batalhão de médicos, enfermeiros, hospitais móveis e toneladas de oxigênio para salvar os doentes e cercar a epidemia; agora, com os hospitais do país inteiro lotados e com os cemitérios transbordando, o Distrito Federal, para não magoar os foliões, os sambistas e os carnavalescos, resolveu interromper a vacinação durante o feriado. E só voltarão a vacinar na quarta-feira, e depois das 14:00 horas... Tem sentido uma merda dessas?

Sinceramente, além de todas desgraceiras que o vírus vem causando, ainda está descortinando um problema grave, muito grave, que estava até passando despercebido: a ausência completa de bom-senso e a estupidez republicana! Até o vírus deve estar confuso e apavorado...

Mas tudo é carnaval... muita alegria pessoal...





Manhã de carnaval...

sábado, 13 de fevereiro de 2021

La Classe operaia Va In Paradiso (A classe operária vai ao paraíso)...

Sábado inglês! Dia de faxina...


Hoje, sábado, 13 de fevereiro. Na minha infância, ficava intrigado ao ouvir os comerciantes e as donas de casa falando em Sábado inglês. Eles, remarcando os preços das sardinhas e dos sacos de café, e elas, na fúria doméstica, agarradas aos rodos e ao baldes e torcendo para que, no final da tarde, a embriaguês de seus maridos fosse tanta que, quando voltassem, cheirando a salame, cachaça e charutos, não precisassem abrir as pernas para eles. Afinal, era Sábado! Sábado inglês? Que porra era aquilo?

Nunca descobri. Como hoje é sábado e a pandemia continua no auge, resolvi fazer uma faxina em casa. Quê furada! Pela quantidade de cabelos que encontrei enroscados em baixo dos sofás e das camas, é quase um milagre que não esteja careca como uma abóbora. De onde apareceram essas merdas todas? De amantes imaginárias? E a poeira? Há um mês chovendo e, mesmo assim, a poeira continua circulando pelo planeta como se estivéssemos vivendo às margens do deserto de Gobi.

No auge do esgotamento, volto a pensar nas mulheres, nas donas de casa. Como é que se submeteram a uma merda e a uma escravidão dessas durante séculos, sem dar um pio? E em troca de um miserável matrimonio? De meia dúzia de filhos? De um babacão que achou mais cômodo pagar a uma só, por toda a vida, o que pagava a muitas, por instantes?

No auge da consciência politico/existencial, um sujeito que comprou meu último livro e que - segundo ele - está na página 704, ligou-me para dizer que encontrou algumas palavras faltando um s ou um acento agudo e algumas vírgulas fora do lugar.

Encostei o rodo na cristaleira que minha bisavó trouxe no porão de uma caravela vinda de Fonzaso, empurrei o balde com os pés e lhe lancei a ironia de um dos escritores mais brilhantes dos últimos dois séculos: "meu amigo, ao contrário de meus colegas, não creio que uma das minhas vírgulas constitua o centro do sistema solar".  Ele tossiu e desligou.

Uma dor na musculatura das costas. O cabo do rodo enroscou num jarro de terracota que me foi trazido da cochinchina, com a Grande Muralha em vermelho e em circunvoluções e uma frase do Kamarada Mao, ainda nos tempos em que ele mandava seus subalternos chicotear músicos e jogar seus violinos pela janela...

Recolhendo os cacos, usei e esgotei todas as blasfêmias dos dicionários italianos. Porque, para a blasfêmia ter efeito terapêutico, tem que ser bradada em italiano. Uma hora. Uma hora e meia. Duas horas.

Caralho! Imaginem como seria se hoje não fosse um sábado inglês!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Direito ao esquecimento? Seria uma espécie de conluio com o Alzheimer?


"As salas dos tribunais são lojas: com efeito, a dona do negócio, a justiça, é sempre representada com a balança na mão..."

Pitigrilli

(IN: Ultraje ao pudor, p. 45)


 Nestes últimos dias travou-se no STF uma discussão pra lá de masturbatória e metafísica sobre o DIREITO, ou não, ao ESQUECIMENTO. Direito ao esquecimento? Demorei uns três dias para entender do que se tratava. Seria uma apologia ao mundo das trevas?, à surdez e à cegueira universal? Um elogio ao Alzheimer?

Quem é que estaria disposto a esquecer os diversos infanticídios registrados na história do mundo? Os acontecimentos ocorridos na chegada de Cortez, do frade Savonarola e de outros bandos, aqui entre os nativos da América? O massacre dos armênios? O holocausto dos judeus e dos ciganos? As fogueiras da Inquisição? As bombas sobre Hiroshima? O famoso Hospício de Barbacena? As montanhas de processos criminais que apodrecem nos arquivos de nossas cadeias? 

Sinceramente, o confinamento está fazendo mal e desvairando a turba.. Se a pandemia durar por mais muito tempo, veremos tudo se transformar numa descarada intriga entre palhaços...

Num momento em que todo mundo está tomando Ritalina, chá de alecrim e comendo espinafre no café da manhã para ativar os neurônios e retardar o mergulho no abismo da amnésia, estarem discutindo o Direito ao Esquecimento, já é um sintoma de uma pré-demência. Esquecer? E os professores de história?, e os credores?, e os histriônicos e os mitômanos, que se alimentam só de suas mentiras e megalomanias passadas?... Que fazem que ainda não saíram às ruas com suas escopetas? Será que já sucumbiram? Que já esqueceram tudo? 



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

O Mendigo K pelas passarelas do Iguatemi...

Neste dia 11, com a manhã radiante, como todas depois de uma noite chuvosa, o Mendigo K estava lá na padaria. Não na padaria de sempre, em uma outra, tão suspeita quanto. Uma padaria dessas que às 5 da manhã, quando os padeiros chegam para ligar os fornos, se deparam com famílias inteiras de baratas e de ratazanas passeando sobre os balcões e mesas. E que, três horas depois, quando os clientes começam aparecer, cúmplices dos padeiros, já desapareceram completamente. Digerem e espreitam tremulando s bigodes.

Nesta manhã, o Mendigo, estava acompanhado por sua esposa. Uma mulher estupendamente bonita, nascida e criada na rua, com uma pele tostada pelo sol, as unhas vigorosas de tanto revirar o lixo dos containers e um olhar duro e amoroso de bandida. Interromperam a discussão quando me viram.

Sabe por quê estávamos brigando, me perguntou. Porque ela, nestes 9 meses de confinamento, não pode ir passear no Iguatemi. É viciada naquele shopping. Quando atravessa aquelas portas de vidro, entra em surto... se transforma em outra. Inspira o aroma daquelas boutiques com êxtase. Aromas que nela, funcionam como uma espécie de cocaína. Fica literalmente enlouquecida. Tem que fazer um esforço imenso para controlar sua cleptomania. Afinal, quem são dos donos de tudo isso? Pergunta a si mesma. Ah, não saberá! Ninguém sabe. S.A! Sociedade Anônima é isso. Segredo de justiça! Sigilo de fontes! Vai passando de vitrine em vitrine com os olhinhos vidrados de uma criança numa loja de brinquedos. Os travesseiros! Idealiza dormir com um travesseiro daqueles... As cafeteiras italianas... Os brincos de turquesa ... Os pacotes de fumo multicores para cachimbo... E as meias. Cor da pele e fabricadas em Veneza... Viu uma camisa azul clara, de puro algodão  produzida pelos brâmanes de Nova Deli e que custava 167 dólares e insistia para que eu a roubasse: Você, com uma camisa dessas -dizia - vai ficar igual a um príncipe porto-riquenho ! Resisti.

No principio, tudo isso me irritava, me dava vergonha, fazia sentir-me exageradamente reacionário, mas depois, fui compreendendo que, como diz um escritor italiano: "Todas as mulheres são poliandras e que ninguém pode impedi-las de se exercitarem com todos os homens que lhes caem entre os joelhos: só o que lhes pedimos é o fingimento de fidelidade..."

Os aromas lá, não vou negar, são realmente afrodisíacos. Lembram as aeromoças da Primeira Classe da British Airways. As Galerias Lafayette. Os fumatórios de ópio da antiga Shangai. As monarquias religiosas pelo mundo a fora.

E fica olhando fascinada para as meninas que vão em bandos, de um lado para o outro, iludidas de que levam, pelo menos umas gotas de sangue dos Habsburgos nas veias. Se exibem de lá para cá, cheias de pacotes, todas com os olhinhos de felicidade, com roupinhas da moda e com calcinhas de 40 euros. Fica impressionada com o tamanho das boutiques, com os diálogos que escuta entre as vendedoras e as clientes, com a altura dos tetos. Quando pode rouba alguma coisa, quase sempre alguma coisa infantil, um bonequinho de lã nepalesa. As câmeras até registram esses pequenos furtos, mas os gerentes fazem de conta que não viram nada porque percebem nossa carência e o estado de nossa indigência. Os chocolates! Ah, quando ela se depara com uma loja de chocolates, chega a passar mal. E no dia que ouviu a vendedora dizer que aquelas barras maravilhosas eram produzidas na Suíça, mas com leite, cacau e castanhas brasileiras, ficou chocada. Lembrou misteriosamente de um discurso do Sarney, la na ONU, em 1985, onde ele dizia: Enquanto houver um único pobre no mundo, ninguém poderá ser verdadeiramente livre.

E em seguida, mais misteriosamente ainda, lembrou também, de uma frase do Victor Hugo citada recentemente pelo Lula, logo depois de sair da cadeia: O paraíso dos ricos é construído com o inferno (a desgraça) dos pobres!

Fez um breve silêncio e em seguida me indagou: Bazzo, você que se diz um sujeito estudado, me diga: qual é a diferença entre o Sarney e o Lula?

Fiquei em silêncio e ele continuou: Íamos umas duas vezes por semana ao Iguatemi. Fato que nos causou a expulsão do partido a que fazíamos parte: PFT/Partido dos fodidos da terra. Nunca entendemos direito por que é que aqueles dirigentes faziam de tudo para puxar a burguesia para baixo, para o lado da classe operária e  dos proletários, ao invés de empurrar o proletariado para cima, para o lado da burguesia...




quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Enquanto isso...

O Mendigo K e a conquista e manutenção da beleza feminina...


Nesta manhã de quarta-feira, encontrei o Mendigo K em frente a uma academia de ginástica exclusiva para mulheres. Olhava para as que chegavam com suas bolsas e com suas roupas de mergulhadoras. De umas soltava um riso de deboche, a outras olhava com uma certa voracidade. Quando me viu, apontando para a janela da academia foi logo falando: Bazzo, consegues imaginar nossas avós se torturando 40 minutos por dia sobre uma esteira com a ilusão de ficarem mais bonitas? 

Em seguida foi me dizendo que está mergulhado na excelente obra de um italiano nascido em Turim, vinculado ao fascismo, que viveu em Buenos Aires e que, falando da beleza feminina, o tal discípulo do Duce escreveu numa de suas obras:

 "Para conservar a beleza só existe uma forma de ginástica: o turismo amoroso e excursionismo erótico.

Só as mulheres honestas envelhecem, murcham rapidamente. Certas senhoras muito formosas e muito livres de preconceito têm-me mostrado fotografias suas tiradas há muitos anos, quando ainda eram fiéis, honestas, monopolizadas pelo marido.

Que horror!

Que tipos de professoras de escola rural, de parteiras suburbanas!

Mas desde que procuraram acender desejos à sua passagem, desde que amaciaram a pele, cuidaram das mãos, tingiram e cortaram os cabelos, avivaram os lábios, educaram as sobrancelhas e pintaram as pálpebras de violeta; desde que multiplicaram a sua sensualidade, reiterando e variando os estímulos, ficaram belas como por encanto; realizaram o milagre de conservar-se bonitas e jovens, mostrando como é preferível uma cortesã de quarenta anos a uma virgem de dezoito, ou uma mulher honesta de vinte e cinco...

Em síntese, concluiu: As mulheres não fazem amor porque são belas, mas são belas porque fazem amor..."

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Vira-latas com os genes da mendicância na alma...

[...É possível que esses infelizes passem toda a vida sem jamais acharem remédio. É possível também que o remédio que venham a descobrir, os mate...]

Jean Cocteau

Acabo de ler a noticia de que o Presidente dos EEUU, o Sr. Biden, está doando um hospital de Campanha ao governador do Maranhão, o Sr. Dino. Será que já é um presentinho em troca da base de Alcântara? Fico subitamente envergonhado! Caralho! Mas será que essa gente, tanto o doador como o receptor, não têm vergonha na cara, nem dignidade? Como é possível pactuar com uma infâmia dessas? E sem falar que o governador do maranhão é uma das lideranças de um partido que se diz Comunista. Quem conhece o submundo do Estado, da burocracia e das governanças nacionais, sabe que no país jorra dinheiro por todos os lados. Que o país produz mais dinheiro do que a maioria dos paizécos europeus; que o Ministério da Saúde e que as secretarias de Saúde dos estados navegam sobre trilhões. E que portanto, se não conseguem armar um mísero hospital de Campanha por conta própria é por pura incompetência e malandragem e deveriam jogar-se ao mar. Ou essa inércia e essa preguiça seria para produzir pretextos para abrir as portas e as pernas a outros canalhas e malandros de países paralelos? De países cujos chacais estão sedentos para, através de migalhas e doações, de "atos fraternos"; demagogias e outras putarias humanistica-republicanas aproveitar a desgraceira da epidemia para subjugar ainda mais essas republiquetas tresloucadas e de merda?... A China manda máscaras! O Vaticano manda escapulários! A India manda varinhas de incenso e poesias de Ghandi; A Inglaterra manda santinhos da rainha; Outros mandam vacinas; os EEUU, mais pragmáticos, montam hospitalecos de campanha e até a Venezuela, cuja população não tem sequer papel higiênico para limpar-se o cu, mandou caminhões de oxigênio para Manaus. Caralho! A selva Amazônica é a maior produtora de pepitas e de oxigênio do planeta! Onde está a dignidade desses nossos energúmenos de plantão? Não é possível que não compreendam que amanhã, para quitar essas dívidas com esses crápulas internacionais, terão que dar o rabo, o próprio ou o de suas mulheres... Se é que não estão penhorando até o nosso...







Viagem ao fundo dos galinheiros, e um som para afastar os demônios matutinos da prisão...

"Há duas voluptuosidade iguais: deflorar uma alma que não sabe nada 
e consolar uma que sabe tudo"
Vargas Vila, 
(IN: De los viñedos de la eternidad, vol. 25, p.133)




E para não esquecer da Viagem ao fundo dos galinheiros, alguns de meus mais fiéis leitores estão se queixando de que não conseguem comprar o livro nos semáforos e nos botecos noturnos, como anunciei na semana passada. É verdade. O problema é que os mendigos e os sem teto que o vendem por lá, ou estão de quarentena; fazendo lockdown ou já foram engolidos pela pandemia. A alternativa é comprá-lo na loja virtual, no endereço abaixo. Coragem! O editor, o gráfico, e o vendedor de papel, que têm três mulheres e meia dúzia de filhos cada um, já bateram à minha porta sete vezes para receber a parte que lhe cabe. Não seja miserável! É verdade que eu não digo o que digo e não escrevo o que escrevo em troca de uns miseráveis centavos..., mas também não vivo apenas de ilusões e de elogios... E o oxigênio?... E a garrafa de vermouth? E o detergente para lavar a louça? Coragem! Não se apegue tanto assim ao dinheiro... Lembre-se que segundo as metáforas daquele grupo alucinado de pescadores, é muito difícil, quase impossível que os ricos e os remediados entrem no reino dos céus... Tudo, por lá, está regido pela filosofia e pela teologia da miséria...

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domingo, 7 de fevereiro de 2021

Várias... Ou: a burocracia como um transtorno mental...

"A essência da vida reside no medo de morrer. Se esse medo desaparecesse, a vida perderia sua razão de ser..."

E. M. Cioran

(IN: Cahiers, p. 273)




 1. Não apenas aqui entre nós, mas no planeta inteiro, com a pandemia turbinando a rotatividade dos cemitérios e com a guerra comercial entre fabricantes de imunizantes, os governos, os gerentes e os lacaios do Estado, misteriosamente, organizam a vacinação do rebanho nos horários comerciais., como se estivéssemos flanando em plena lua-de-mel e em plena primavera... Das 8:00 às12:00 e das 14:00 às 18:00. Além de uma imbecilidade, isto não é até curioso? Qualquer símio adestrado decretaria Vacinação durante as 24 horas do dia e não só nos cortiços do SUS, mas em todas as esquinas; nas bocas-de-fumo;  no fundo das igrejas e até nos salões dos puteiros... E  mais: daria um curso intensivo aos aplicadores. A agulha, seu idiota, não deve ser enfiada lentamente no braço do sujeito, - diria o monitor - mas num golpe só, preciso e certeiro. Veja com que falta de habilidade esses aprendizes de torturadores enfiam as agulhas ...

2. E nos restaurantes de luxo da cidade as discussões dominantes são sobre a continuidade ou não do "auxilio emergencial". Não há dinheiro! De onde arrancar dinheiro? Cacarejam e se perguntam dois casais que chegaram ao poder por vias genitais. E de repente chega o garçom com a conta: 4 pessoas, 930,00 reais! Os quatro, com as tripas abarrotadas e vestidos com a elegância de estelionatários internacionais, puxam as carteiras ao mesmo tempo. Por uma questão de poder e de status, todos (até elas) simulam querer pagar... Deixa comigo! esta eu pago! Uma bagatela! Dinheiro não é problema!

Relembrem: uma elitezinha miserável e semi-alfabetizada é dona de tudo no país. Controla tudo. Vejam os iates ancorados por aí, os aviõezinhos que levitam por entre as nuvens e o valor dos amuletos pendurados no pescoço das acompanhantes .. Tudo roubado! Tudo surrupiado, mas, claro, tudo dentro da lei. Achar que a escravidão acabou é, além de uma ignorância, uma infâmia. Dos 220 milhões de habitantes, bem mais da metade vive à sombra da indigência, tomando um banho cada cinco dias e usando a mesma cueca/calcinha a semana inteira... No fio da navalha! Um contratempo qualquer e descambam para a miséria total. Acreditem: num país arruinado por estafadores há décadas, é impossível ser um milionário a não ser através da mentira e do roubo. Impossível ser um milionário não tendo sido e não sendo um ladrão! E isto, meus queridos energúmenos, não é teoria comunista e nem anarquista, e não precisa ter lido Bakunin ou Kropotkin para saber. Qualquer mendigo, que tenha vergonha na cara e que não tenha propensão à vilania, sabe...

III.  E os patrões da Amérika, (youtube, twitter, facebook, instagram e etc.) esses censores morais que, quando não gostam da opinião dos usuários, os estão interditando e proibindo de "brincar" na rede? Como é que a população desobediente vai ficar sem seus filminhos pornográficos? Logo logo esses tiranos anônimos estarão controlando até as trepadas semanais e os gemidos do rebanho...

Com licença que meu grão-de-bico está queimando lá no fogão...

E la nave va...


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

05 de fevereiro de 1597: Dia da crucificação de cristãos no Japão, numa colina nos arredores de Nagasaki...


Meu correspondente do Rio de Janeiro acaba de enviar-me um artigo de Fernando Del Corro, sobre a histórica crucificação de cristãos na Colina Nishizaka, nos arredores de Nagasaki, no dia 05 de fevereiro de 1597... 

Nagasaki? O artefato atômico que os gringos lançaram lá, uns 348 anos depois, teria alguma coisa a ver? Teria sido um tardio ajuste de contas? Uma espécie de vingança dos capuchinhos das paróquias de Walt Street e da Nova Jeruzalém? O que teria pensado dessas duas barbaridades e desse oceano de iniquidades o Deus dos shintoístas e o Deus dos cristãos? O Deus do Sushi e o Deus dos Canelones? Enfim, sem estar com uma garrafa de vinho nas tripas e sem estar internado numa enfermaria de hospício, quem é que ainda duvida de que somos uma espécie que não deu certo e que fracassou em todas as frentes... Povera gente!





"Habían pasado más de mil quinientos años desde que en el marco de las persecuciones a los primeros cristianos se apelase a las crucifixiones cuando el 5 de febrero de 1597, hacen 424 años, el emperador japonés Toyotomi Hideyoshi, el unificador de ese país, en el marco de una persecución religiosa destinada a ganarse la simpatía de los sintoístas y a evitar la intromisión de extranjeros en los asuntos internos del país, hizo crucificar a veintiséis cristianos en la colina Nishizaka, en las cercanías de Nagasaki, ciudad que tres siglos y medio después fuera víctima de un bombardeo atómico por parte de los Estados Unidos de América durante la Segunda Guerra Mundial.

La crucifixión alcanzó a sacerdotes y laicos; jesuitas, franciscanos y hermanos menores descalzos. El más conocido de ellos era el jesuita japonés Paulo Miki. Entre los extranjeros estuvieron los españoles Pedro Bautista Blázquez, Martín de la Ascensión, Francisco Blanco y Francisco Andrade Arco; el mexicano Felipe de las Casas, y el indio Gonzalo García, todos ellos religiosos y miembros de los Hermanos Menores Descalzos. Además de ellos los restantes eran japoneses. Al igual que Miki eran religiosos jesuitas Juan de Gotó y Diego Kisai, y franciscanos laicos Paulo Suzuki, Gabriel (ex militar, sin apellido conocido), Juan Kinuya, Tomás Dangui, Francisco de Ise, Doctor Francisco (llamado de esa manera porque era médico), Joaquín Sakakibara (cocinero), Buenaventura (sin más datos), León Karasuma, Paulo Ibaraki, Matías de Meako, Antonio (sin más datos), Luis Ibaraki, Miguel Kozaki, Tomás Kozaki, Pedro Sukeshiró y Cosme Takeya.

En 1627, treinta años más tarde, fueron beatificados 23 de ellos y en 1629 los tres restantes, los jesuitas. El 10 de junio de 1862 todos fueron canonizados por el papa Pío IX. Son actualmente venerados por las iglesias anglicana, católica y luterana. El más recordado de ellos es el jesuita San Pablo Miki y cabe señalar que si bien con posterioridad a ese masivo asesinato prosiguieron las persecuciones cuando dos siglos y medio más tarde llegaron al Japón nuevos predicadores se encontraron con una cantidad de cristianos que había sobrevivido manteniendo oculta esa condición fuera del restringido ámbito de sus familias y de otros practicantes de esa religión.

El proceso de introducción del cristianismo en el Japón se había iniciado el 15 de agosto de 1549 cuando los sacerdotes jesuitas Juan Fernández, Cosme de Torre y Francisco Javier llegaran a Kagoshima. El último de ellos el 29 de septiembre de ese año visitó a Shimazu Takahisa, el daimio de Kagoshima quién le otorgó el permiso para llevar adelante su misión. Takahisa aspiraba a desarrollar una relación comercial con Europa y pensó que esa amplitud religiosa podía favorecer su proyecto. Con igual criterio la misión jesuita fue respaldada por Oda Nobunaga, el principal daimio del país, quién también quería relacionarse comercialmente con España y Portugal, además de disminuir el poder local de los grupos budistas.

Por todo ello Oda Nobunaga fue asesinado tras lo cual asumió el poder Toyotomi Hideyoshi quién no quería extranjeros influyentes en el país y así, en 1587, prohibió el cristianismo en el Japón y ordenó la expulsión de los jesuitas misioneros. A partir de entonces se inició una prolongada represión que tuvo su punto culminante con la condena a muerte y crucifixión de los mencionados veintiséis ante una multitud que vio como se los mataba a lanzazos y se los subía a unas cruces. Lo que sucediera entonces fue relatado por el jesuita Diego R. Yuki en su libro “The Martyr’s Hill Nagasaki”, publicado el primero de enero de 1993.

Se señala allí que una cantidad de cristianos españoles, japoneses y portugueses, consumado el hecho, rompieron el cordón militar corrieron hacia las cruces, mojaron sus ropas con sangre de las víctimas y se llevaron pedazos de sus hábitos y sus kimonos por lo que fueron duramente reprimidos. Desde entonces, y por algún tiempo, muchos iban a rezar al lugar hasta que en 1598, con la autorización de Toyotomi Hideyoshi, un representante de las autoridades coloniales españolas de Filipinas recogió los restos quedando las fosas vacías. Décadas más tarde, entre 1613 y 1637, se profundizó nuevamente la persecución mientras la religión católica continuaba prohibida.

El 10 de junio de 1962, al cumplirse cien años desde la canonización de los mártires, el alcalde de Nagasaki inauguró un monumento en su homenaje. El mismo se encuentra en el lugar de la masacre y a su lado se plantó una higuera mexicana en tierra llevada desde los montes de Guipúzcoa, en el País Vasco. Está realizado en granito y bronce con piedras rojas de Okayama, de donde era oriundo el hoy San Diego Kisai, y el diseño corresponde al arquitecto Kenji Imai. El novelista japonés Shüsaku Endö recreó en su obra “Silencio” lo relacionado con la persecución de entonces a los cristianos y, sobre la base de aquella, se filmó la película “Silence”. (Fernando Del Corro)

Black mirror!? E nós.., que já estamos de saco-cheio de falar até com os vivos...



"Que pena não ouvir mais meu cão ladrar!
- Morreu?
-Há poucos dias.
-E por que não comprou outro?
- Porque substituir um cão não é tão simples como substituir uma amante..."
Pitigrilli
(IN: Ultraje ao pudor)






E por falar em mortos, ontem, no principio da noite, despencou uma chuva de raios sobre a cidade que foi uma maravilha! Segundo os catastrofistas de plantão, não se via uma coisa destas desde que Antonio Carlos Jobin, Vinicius de Morais e outros puxa-sacos do Juscelino acamparam por aqui para compor a Sinfonia da Alvorada... Um pinóquio equilibrista que tenho sobre a mesa, balançava e rodopiava para o sul e para o norte, incessantemente, acompanhando as descargas e os flashes. O prédio tremia. As vidraças ameaçavam sair das canaletas e um filhote de cachorro latia em desespero lá no prédio vizinho, como se estivesse percebendo a hora do juízo final...... Um pouquinho mais, e a cidade, construída com arreia no lugar de cimento (lembram daquela construtora?), teria virado uma montanha de destroços chamuscados... Mesmo quem não crê, teve tempo de imaginar por detrás de cada nuvem e de cada raio, um Belzebu-gerente às gargalhadas orientando o tiroteio. Aquele prédio iluminado ali, agora meta um mais potente sobre aquele ao lado, ali, nele só vivem bolsonaristas! Agora naquele outro, ali onde só vivem lulistas! Excelente! Excelente! Vade retro! Um prédio onde tremulavam várias bandeiras do Brasil, duas do flamengo, uma dos gays, uma do Brizola, outra do PSDB, outra da Causa Operária; outra da OIT; outra da OMS; outra da marcha com Jesus; outra da foice com martelo; uma da Santa Edivirgem, uma da Clara Petacchi, a bela e última amante de Mussolini, foi fulminado com várias descargas...  Agora ali.., agora aqui, ali, ali, sobre aquela velharia colecionadora de selos... Um mega-raio ali sobre a Praça dos Três Poderes! Caralho! E o pinoquio sobre minha mesa girava sem parar, como se fosse ele a comandar os locais de ataque. O Setor das Embaixadas foi fulminado o tempo todo. Um raio especial foi direcionado sobre um templo panteísta e outras igrejinhas secundárias... Caralho! A luz apagou e acendeu várias vezes... meu computador saiu do ar... um cheiro estranho, que lembrava enxofre, começou a sair do transformador que fica em baixo da mesa... E o pinóquio continuava alucinado... 
Depois, sem grandes alardes, tudo passou...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

E havia um monte de pedras na alcova dos condenados da terra...



"E se a metempsicose me conceder uma nova moradia, escolho este planeta maldito, habito-o com os forçados da minha raça..."

Jean Genet 



Esta semana foi prodiga em loucuras estatais. A mais comovente e surrealista foi a da Prefeitura de São Paulo que, com o intuíto de impedir que os moradores de rua daquela cidade durmam sob os viadutos, instalou lá, pedras, muitas pedras tipo paralelepípedos e de tal maneira que nem os cachorros mais esqueléticos pudessem se acomodar entre elas para tirar uma soneca. 

Não é inacreditável? 

Quem é que teria tido essa idéia de jerico? Gostaria imensamente de ouvir o papo dos mendigos, entre eles, quando, no final da tarde, arrastando seus trapos, seus cobertores e cachimbos, se depararam com aquela loucura monarquista. 

Inacreditável! 

Fotográfica e esteticamente, devo admitir, a imagem até que ficou interessante. Quem já passou por Praga, deve ter imediatamente se lembrado de um estupendo cemitério judáico que há lá... Aliás, será que não há "nessa instalação" alguma insinuação dessa natureza? Só faltou lapidar em cada uma dessas pedras o nome de seus costumeiros, efêmeros e condenados hóspedes... 

E a imagem e a performance do padre Lanceloti lá, indignado e heróico, brandindo sua marreta metafísica.., sem dúvidas, entrará de imediato para a mitologia grega ou para os anais da romântica e milenarista literatura cristã... (e só!)

 







Viagem ao fundo dos galinheiros...


"Oh, sim, mas o que é horrível é o sentimento de ter perdido tanto tempo e ter feito toneladas de esforços por esse bando horroroso e diabólico de bêbados, filhos da puta e puxa-sacos..."
Celine




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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

E, naqueles tempos, lá por Cabo Verde...





Viagem ao fundo dos galinheiros Ou: Por quem os galos cantam... (Uma hermenêutica dos claustros)

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

O Mendigo K., o Testemunha de Jeová e o teatro da política...

 Neste dia primeiro de fevereiro, voltei a encontrar o Mendigo K. Pelo tempo em que estava desaparecido, não apenas eu, mas todos os que o conhecem, apostavam que ele, traído pela pandemia, já havia sido incinerado num desses quintais de fundo da república. Mas não. Parecia mais vivo do que nunca. Vestia uma camiseta com a estampa do Baleia Rossi na parte da frente e com a do Arthur Lira na parte de trás. Fez um movimento de rotação ao mesmo tempo em que gargalhava. Estava acompanhado por um militante dos Testemunhas de Jeová, que oferecia para os clientes do café o último número da revista SENTINELA, revista que, segundo ele, era publicada na Pensilvânia desde 1870.

Juntos, passaram a ironizar a politica. Nos últimos 300 anos, dizia o Mendigo, vimos a Neurose de Repetição presente na política Nacional. Por muitos e muitos anos a suposta direita; depois a suposta esquerda, fizeram de tudo para chegar ao poder e que quando finalmente, conseguiram convencer ao populacho e chegar lá, foram sistematicamente de desmoralizando e se destruindo, para em seguida, da lama, começarem tudo de novo, com os mesmos argumentos e mentiras de décadas passadas e como se nunca tivessem estado no poder... Não é bizarro?. Não lembra o mito de Sísifo? É a isso que se chama Neurose de Repetição, o sujeito ou o grupo faz de tudo para emancipar-se e, quando consegue, de um dia-para-o-outro, se joga de volta e de cabeça para o abismo... O combustível para essa punição inconsciente, pode ser um complexo de ilegitimidade, de inferioridade e de culpa. Uma tragédia para o país! E para os próprios atores dessa neurose...

Enquanto ele falava, o Testemunha de Jeová o ouvia inquieto, mas atentamente, esperando o momento de colocar o seu ponto de vista sobre o assunto.

A Política, meu irmão - foi dizendo - não resolverá os problemas do mundo. Só Cristo poderá salvar-nos. Por isso que nós, os Filhos de Jeová, cremos e pregamos que, em breve, Deus substituirá os governos atuais por um Reino que terá mil anos e com Jesus como único governante...

O Mendigo engoliu em seco, fez mais um movimento de rotação para exibir a cara dos dois candidatos à Presidência da Câmara, ao mesmo tempo em que dava outra indecente gargalhada e iniciava a retirada... Deu cinco seis passos na direção da saída, mas voltou para replicar, com uma certa cólera, aquele exótico pensamento:  Deixe de ser idiota, moço! E diga lá para seu Jeová que se deixamos nosso cérebro à vontade ele começa a satisfazer-nos com besteiras, com delírios, charlatanismos, anedotas e com insignificâncias...



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Enquanto você vai lendo a Viagem ao fundo dos galinheiros...


"Um livro te faz sofrer? Leia-o. Esse livro te salvará..."
Vargas Vila


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