O Mendigo K atravessava a avenida principal, no meio de carros e de neblina na manhã de ontem. Levava um livreto de capa vermelha de autoria de um tal Julio Dantas, com o titulo Os galos de Apollo, escrito na Lisboa de 1921. Assim que alcançou o meio fio do outro lado, parou para ler, para sua nova companheira, este trecho que já estava sublinhado:
"Ah, meus amigos! Os poetas, como as mulheres bonitas, deviam morrer em plena beleza e em plena glória. Há criaturas - aquelas que andam mais perto da perfeição (palavra apagada) - que não têm o direito de envelhecer. A longevidade é uma prerrogativa das naturezas vulgares. Por que preço hediondo nós todos, (duas palavras apagadas) pagamos o triste, o inútil prazer de viver mais! "
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