"...Y aprenderían convertirse en hombres del mundo, primer paso para llegar a convertirse en hombres del universo..."
G.K. Chesterton
Ontem a manifestação ali na Puerta del sol foi das mulheres. Imigradas e marginais asiáticas, mouras, ciganas, negras e latino-americanas...
Já era noite e seus gritos de guerra se dirigiam basicamente ao racismo institucionalizado espanhol e, claro, contra os "brancos heterossexuais, exploradores, violadores, hijos de puta" e etc. Logo de inicio já se podia perceber que não se tratava apenas de mais uma das neuróticas manifestações de "diversidade", mas de classe. Os cartazes abaixo podem dar uma ideia geral das inquietudes e das angústias dessas mulheres que, por não poderem viver livremente em seus países de origem, foram obrigadas a vir para cá, a dispersar-se pela Europa e viver diversas situações de exploração e de violência. Havia literalmente de tudo na manifestação e as acusações contra a Espanha "colonizadora e racista" foi feita até por uma cigana sobrevivente de Auschuwitz e que vive atualmente nos EEUU... As representantes de cada grupo (ciganas, negras, árabes, asiáticas...) leram emocionadas a seus manifestos, todos impregnados de romantismo, de idealismo e até mesmo de um certo sensualismo e a multidão gritava com os punhos para o alto... Teve até uma pessoa de identidade confusa que, no meio de seu discurso pronunciou esta frase + ou - enigmática: Somos todas Malinche!
Malinche? Mas como? Malinche não foi a índia mexicana que aliou-se ao velho Cortês e que traiu descaradamente a seu povo?
Gritos e punhos para o alto!
A dignidade da Europa se afoga no Mediterrâneo! gritava outra, referindo-se aos africanos que morrem afogados ao tentar chegar no território espanhol. Denunciaram o acosso sexual pelo que passam as domésticas asiáticas; a violência policial; a burocracia para conseguir documentos; a necessidade de viver em guetos; alguns assassinatos brutais de imigrantes inocentes, as deportações e as prisões; o colonialismo ainda vigente, sem esquecer de mencionar a imoralidade cotidiana da repressão policial contra os negros "manteros"(esses que, sobre mantas, vendem por aí produtos nas calçadas e que de meia em meia hora são obrigados a recolher suas coisas e fugir da polícia...).
Aos gritos falaram sobre o preconceito secular contra os ciganos, contra o lesbianismo, contra os negros e sobre a ironia que é sutilmente dirigida aos chineses, japoneses e outros asiáticos, tanto por suas características como por sua dificuldade de falar o espanhol... Acusaram a Espanha de ter roubado tudo da América latina: as terras, os alimentos, a cultura, a flora, a dignidade, os metais, a música e etc. Foi um show! Um show revolucionário contra o Estado, contra a monarquia e contra o capitalismo. Mas que perdia completamente o sentido para aqueles que, horas antes, haviam presenciado uma mulher negra enrolada na bandeira da Nicaragua, nos arredores da Almudena, denunciando os crimes absurdos e estúpidos cometidos no dia-a-dia naquele país, pelo "camarada"Noriega"... Enfim, para o show ter sido completo, só faltou a música (abaixo) do Manu Chao:
Bazzo, em homenagem a essas mulheres clandestinas...
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=QjYLYLFpvPE&list=RDQjYLYLFpvPE&start_radio=1