segunda-feira, 2 de abril de 2018

Não foi nada... É apenas a terra que ruge...


"Gli indiani, prima che arrivassero gli inglesi, credevano che la terra fosse di tutti, come il mare..."
Ennio Flaiano
(Diario degli errori, p. 43)


Apesar do tremor ter acontecido lá na Bolívia, a população de Brasília tem razão em simular um certo pânico, pois se as garagens e os viadutos caem sozinhos por aqui é de imaginar-se o que acontecerá quando um terremoto de verdade acontecer aí nas vizinhanças.. E não precisa nem ser de 7 ou de oito graus para o estrago ser cinematográfico. Um de 6 já derruba praticamente a cidade inteira. Meu prédio, por exemplo, dependendo da estação do ano é capaz de cair com um terremoto medíocre que aconteça lá no Cambodja. 
O tremor de hoje vindo lá dos Andes, além de forjar uma espécie de feriado (muita gente foi liberada da labuta já que "todo mundo tem filhos pequenos em casa" e que, sabem como é, "podem acontecer os tais tremores secundários") serviu também para muita gente ter uma noção de seu grau de histeria e para outros de saber como anda sua labirintite... Claro que os perdidamente místicos já começaram  a decifrar mensagens apocalípticas no fenômeno e que outros chegaram até a pensar que se tratava de uma nova operação da Lava Jato. Mas não é nada, - dizia uma aprendiz de feiticeira ali na Esplanada dos Ministérios -  é apenas a terra que ruge.

Um comentário: