quinta-feira, 28 de maio de 2015

E se o amor for só uma miragem…?

Na rue Gounoud, a uns duzentos metros do hotel onde me hospedo (uma antiga pensão russa onde Lênin e o dramaturgo Tchecov já foram hospedes, e onde este último escreveu sua peça mais conhecida As três irmãs) sempre passo em frente a uma "porta suspeita". Mulheres de todos os tipos se aglomeram ali e parecem estar disponíveis para quem quiser e tiver 50 Euros sobrando. Ontem até tive fantasias com uma que estava sentada num degrau lendo um livro com esse sugestivo e apropriado titulo: E se o amor for só uma miragem? Era uma moça que usava roupas berberes e que tinha a cor do deserto. Mas recuei. Atualmente me parece bizarro demais pagar uma mulher estranha para tirar a roupa, inclusive a mais íntima quase sempre enfiada em suas entranhas, vê-la ficar de joelhos ou de quatro sobre um tapete marroquino (falsificado) e ordenar: mete!
E depois que tudo já foi consumado, (consumatum est!) passar-lhe discretamente duas notas de vinte e mais cinco moedas de dois euros, atravessar a rua até um bar tunisiano que existe em frente e pedir um quebab com fritas… ou um sanduíche turco de cordeiro no pão árabe como se nada tivesse acontecido... 
Sei que isto parece o mais vagabundo dos moralismos, mas na verdade, posso assegurar-lhes, são legítimos restos e fragmentos de dignidade...

2 comentários:

  1. MÔNICA PRADO TORRES28 de maio de 2015 às 17:22

    Dignidade ou maturidade, caro Ezio? Ou quem sabe a dignidade seja uma consequência da maturidade? E se o amor fosse só uma miragem gratuita? rsrsrs... No longo da minha jornada conheci algumas mulheres que ganhavam a vida transando, e eu não diria que são "mulheres de vida fácil" como muitos acham, ao contrário... Como nunca tive preconceitos eu as ouvia com muita calma e curiosidade, porque cada qual era um arcabouço de experiências fantásticas, ainda mais em Brasília, onde o público masculino era quase sempre alguém do governo... Teve uma delas, bem jovenzinha, linda e leve como uma pluma, foi minha vizinha, tinha um provedor que era um político, essa viu em mim um "quê materno", e tornei-me sua confidente, inclusive porque os hipócritas dos outros vizinhos a discriminavam, e eu sempre me lixei para a opinião alheia... No fundo eu acredito que todas as mulheres têm seu "quê" de putaria, mas escondem-se embaixo do manto da hipocrisia social, devido ao machismo inerente ao povo latino...
    Talvez meu amigo não estivesse em um bom dia, quem sabe amanhã, ou depois? rsrsrsrsrr

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  2. Mistura de mercantilização com escravidão. Sinistro.

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