Sempre que venho a São Paulo, nos intervalos entre um eletro e um ecocardiograma gosto de ficar sentado aqui nas escadarias do Teatro Municipal assistindo o movimento da turba e das manadas, entre eles, claro, a mendigada sob o efeito do crack.
Neste momento um sujeito dá um show de guitarra bem em frente à porta das Casas Bahia. Toca Pink Floyd e os indigentes, em frenesi e aos pedaços, dançam ao redor dele numa coreografia digna da Idade Média ou dos porões do inferno...
Acabo de fotografar ali numa parede da
rua 7 de abril a inscrição acima: "Não me estupre com seus olhos". Quem teria sido a autora dessa infâmia, dessa tirania e dessa impostura? Do jeito que as coisas andam, não demorará muito para se ver escrito por aí: "Não me estupre com seus pensamentos!" E, por incrível que pareça, essas pequenas repressões agem de tal forma sobre nossos neurônios (e sobre nossos bagos) que começamos a baixar os olhos até mesmo quando cruzamos com as mais sedutoras, histéricas e desvairadas beldades. Não muito distante daqui, numa outra ruazinha movimentada ficam aqueles sujeitos que levam uma placa amarrada às costas anunciando que compram ouro. Por curiosidade perguntei a um deles que tipo de objetos podem ser negociados. - De tudo, respondeu ele. Anéis, correntes, abotoaduras, relógios e até dentes de ouro. Quando falou em dentes tive impressão que seus olhos mergulhavam sutil e indiscretamente em minha boca.
Quanto pagam por um dente? Voltei a perguntar. Depende respondeu ele, o valor de um molar é diferente do de um canino. Em média trezentos reais. Depois quis saber se o produto era meu. Não!, respondi meio intimidado. São três ou quatro peças de minha falecida avó. Ah bomm!
ezio, talvez este video se torne um post pro seu blog, alguem precisava ultrajar esse filho da puta do Batman, numa dublagem a la Brasil :
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=tYHoNGmzHuw