O velho afiador de facas, tesouras, facões, foices, corta unhas, bisturis, pinças e etc, (de quem já lhes falei) que passa frequentemente em baixo de minha janela gritando, chupando laranjas e empurrando seu carrinho de som, quase sempre ouvindo músicas evangélicas, acaba de passar ouvindo Noches de ronda, com Nat King Cole. O que teria acontecido para provocar nele essa mudança no gosto musical?
Será repreendido e censurado pelos pastores? Virou ateu e boêmio? Sucumbiu às memórias dos antigos cabarés?
Não tem nada haver com o afiador, mas ontem às 6:30h da manhã eu levei um baita susto ao ser surpreendida com o vidro do meu carro quebrado quando ia sair para o trabalho... Fala sério, quem roubaria uma Fiat 1.0, 2003, que de azul marinho ficou cinza pelo desbotamento? Ninguém, mas quem quebrou o vidro levou apenas um pacote de fraldas que estava no banco traseiro do carro, e que eu iria doar... Pouco me importa o que roubaram, na hora só pensei na burocracia que aquilo me rendeu: primeiro tive que ir na delegacia registrar um boletim de ocorrência; depois ligar trezentas vezes para a seguradora até conseguir um local para trocar o vidro... O único lugar disponível era na beira de uma favela no terrível bairro de São Cristóvão... Por segundos eu pensei que por causa do vidro eu poderia perder o carro... E por último - perdi um dia do meu exílio no trabalho - e seu não cumprir as oito horas diárias, eu sou descontada, e mesmo que eu não faça nada, tenho que estar do lado de dentro das catracas... Olha a confusão que o infeliz que quebrou o vidro me causou por apenas um pacote de fraldas que custa R$ 20.00... Se bem que com esse valor ele deve comprar umas duas ou três pedras de craque... E o vigia do prédio onde o carro estava parado, olhou para mim e disse que estava demorando para quebrarem o meu, que todos os dias eles furtam carros na rua... E ainda dizem que isso aqui é a "Cidade Maravilhosa"... Roubar se tornou uma rotina, e ninguém fala e nem faz nada... Se bobear o vigiar deve estar ganhando algum também... É pobre roubando pobre, é pobre extorquindo pobre, é pobre matando pobre... Chego a ter saudade da época que os roubos eram realizados a: banco, carro-forte, mansão, joalheria...
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