quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A TEOLOGIA DO ABSURDO...


Da posição onde faço minha sesta cravo involuntariamente os olhos sobre a obra de Sartre exprimida e empoeirada lá na estante. Além de seu estrabismo o que mais me chamava atenção lá pelos anos setenta eram seus títulos: A náusea; Furacão sobre Cuba; Jean Genet, santo e mártir; A puta respeitosa; O ser e o nada etc. Lembro que o pessoal de “esquerda” detestava Sartre, assim como detestava a Freud, aos anarquistas e até mesmo a Quinta Sinfonia de Beethoven. Para eles só existiam três gênios no mundo: Marx, Lênin & Trotsky. Marx com seus furúnculos, Lênin com uma bala alojada nas costelas e Trotsky flertando com a maluca Frida Kaho até ser assassinado na Ciudad de Mejico, idílica e a mais surrealista do mundo. Depois essa teologia do absurdo veio se modificando e esses “revolucionários” foram todos absorvidos pelas igrejas ou pelas leis porcas e reacionárias do Mercado e continuam por aí, principalmente na mídia anestésica e nos governos corruptos fingindo que ainda têm bagos e desejo de salvar os fodidos e até mesmo os pilares careados do planeta. A possibilidade de uma Ditadura do Proletariado que fazia os milicos gaguejarem e a burguesia cagar nas calças acabou não acontecendo e dando lugar a uma muito pior: a Ditadura dos Banqueiros. Quem imaginaria? Prestem atenção como até os jornais televisivos da manhã são todos financiados pelos bancos. Também as exposições de arte, os festivais, os congressos científicos, as bolsas para mestrado, doutorado, pós doutorado, a edição de livros, a produção de medicamentos, corridas de cavalos, campanhas contra o desmatamento, contra a lepra, contra a dengue, a construção de templos, o treinamento de policiais etc. Preste atenção como quem pauta a vida cultural, os valores e a consciência e a fé das massas dorminhocas são os bancos! Quem é que poderia imaginar – repito – que uma aberração dessas pudesse vir acontecer e mais, que fosse tão bem digerida até mesmo pelos nossos Don Quixotes de plantão? Adios a las ilusiones!!! E os haitianos? Esperaram pacientemente até ontem pela reconstrução de seu país e como perceberam que a hipocrisia universal era tão maligna quanto o terremoto vieram em êxodo para cá. Não sabem a fria em que estão se metendo. Deveriam pelo menos ter sido orientados que trocar seis por meia dúzia é sempre um péssimo negócio. Nós, por outro lado, só teremos a ganhar com a vinda deles, pois trarão para o universo tupiniquim dois novos exotismos: o francês e o vodu.

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