Pawla Kuczynskiego
Pelo
"quase nada" que sei do caráter feminino, a presidente Dilma deve
estar profundamente envergonhada de ter feito em um dia, toda aquela encenação
na tv a respeito da redução na conta de luz, e em outro, ter liberado o
aumento do preço da gasolina. Pelo menos deveria voltar à tv e lamentar essa
putaria econômica que não tem fim... Perguntei ao mecânico quanto vai
economizar com energia em sua casa: dois reais e vinte, respondeu no meio de
uma pândega. Como ele será a grande maioria. Eu mesmo, economizarei três reais
e dois centavos! E não adianta esses pulhas orçamentistas saírem dizendo por aí
que dois reais e vinte é muita coisa para os fodidos. Não é! Não é nada! Uma miséria! Troco que se dá para mendigos! Nota que se usa para recolher o cocô dos
cachorros nas entre quadras... Ah, mas a indústria vai se beneficiar, e muito!
Isso é verdade...
E
a malignidade que toda essa mentirada causa nas massas, de cima a baixo,
nem é de ordem só econômica, ou monetária, mas de ordem psíquica. Diante de tantos
cinismos, descaramentos e golpes, o sujeito vai mentalmente se prostituindo e se sentindo uma puta, pois já não tem mais
elementos para eleger um porto para onde navegar e muito menos um lugar
onde investir sua libido. Quer queixar-se, ajustar contas, vingar-se, matar alguma coisa, mas não
encontra ninguém onde depositar sua ira e sua cólera! Esse é exatamente o poder
da burocracia! O tirano arranca o crachá do pescoço e pronto, passa a ser um
sujeito comum. O monstro é invisível e intocável, uma suposição, uma sombra que ronda... Tanto é que até nossos
militantes profissionais já perderam as ilusões e as esperanças com ele. Preferem investir no além... Conheço
vários que, mesmo com nossas cadeias transbordando de loucos, criminosos,
injustiçados e até inocentes, passam seus dias militando em favor dos presos
palestinos, dos condenados cubanos, dos encarcerados chineses, dos que apodrecem nas prisões
gringas... Grupos que, mesmo sabendo que nossas periferias são verdadeiros ambulatórios e depósitos de
desenganados, que a miséria intelectual predomina em grande parte do território
e que a matança cotidiana ao nosso redor é inacreditável... passam seus dias
militando em defesa dos pobres malis, dos pobres curdos, dos massacrados
afegãos, dos desgraçados indianos... Aqui em Brasília, só no mês de janeiro,
foram uns cinquenta assassinatos, todos brutais e por migalhas... mesmo assim, encontrei esses dias uns
militantes fazendo uma manifestação contra a violência no Egito. Somos
universalistas - diziam. Tudo bem. Em alguns estados brasileiros - Pernambuco,
por exemplo - o índice de assassinatos de mulheres é um dos mais altos do
mundo... Na semana passada, me deparei com sete ou oito meninas protestando
contra o estupro na Índia. Amanhã elegerão o presidente do Senado e o
presidente da Câmara, dois nomes que não poderiam comandar sequer o condomínio
de um bordel de garimpo... Silêncio nacional! Somos uma das únicas nações que, apesar de sustentar uma dúzia de partidos políticos, mixurucas, parasitários, moralistas, golpistas, malandros... não tem oposição. Formam uma confraria. A confraria dos partidos. Só com o dinheiro que é repartido mansalmente entre esses bandos, daria para revolucionar de A a Z todos os setores dessa vadia vida tropical...
Todas as correntes de militância estão
extremamente preocupadas com a política da Venezuela ou da França, com o inverno árabe... O país está com
milhares e milhares de imigrantes clandestinos de toda a América Latina, Haiti
e até mesmo europeus, trabalhando como escravos ou engrossando as filas em direção a
nossos tristes manicômios, mas mesmo assim nossos militantes só falam na política
migratória de Obama, para a Amérika... Enfim, somos uns idiotas! Perdemos as esperanças
nas coisas que estão sob nossas ventas e, para não perder o status ou as verbas
públicas, seguimos na luta teatral por qualquer ficção, basta que ela esteja fora de nosso
alcance. E quanto mais bizarra, mística e impossível, melhor... Saravá!!!