quinta-feira, 16 de maio de 2024

Ainda sobre a tragédia no Rio Grande do Sul... E sobre as bondades com chapéus alheios...



"O espírito servil é um meio de fazer fortuna..."
Pétiet





 E o governo, a república, os padres, as freiras, as influenciers, as emissoras e até os líderes de favelas não se cansam de falar sobre o Rio Grande do Sul, e de enviar caminhões, aviões e navios de comida, comida, comida, comida, cobertores, roupas, chinelos, botas, remédios, barris de água, bombeiros policiais, generais da reserva, tanques anfíbios, mergulhadores, adivinhos, rezadeiras, helicópteros, enfermeiras, psicólogas, burocratas dos três poderes, ministros e dinheiro. Muito dinheiro. Até a Dilma, lá de Shangai mandou uma grana de tirar o chapéu... os gaúchos bolsistas que fazem teses intermináveis em Paris e Londres mandam seus pix; sem falar do Biden, ele que ao mesmo tempo em que despacha bilhões para alimentar os mísseis e as bombas no massacre da Palestina e da Ucrânia, se colocou a disposição dos gaúchos. Que curioso! E os repórteres, inclusive aquelas mocinhas que sempre apareciam delicadas como mariposas nas telas, desembarcam por lá e são orientadas a fazer suas reportagens de dentro da lama e dos córregos. A água subindo pelas coxas até o umbigo, por vezes chegando aos mamilos, sem maquiagem e enfiadas naqueles aventais ridículos e impermeáveis, etc, etc,...

O que estaria acontecendo?

Há algo mais em tudo isso que não sabemos? Alguma coisa oculta do populacho? De onde advém todo esse exagero? Algum tipo de culpa? Um fascínio esotérico e secreto pelo caos? Seria apenas o resultado de uma culpabilidade subterrânea? O resultado daquilo que a confraria freudiana chama de 'formação reativa'? Sim, volto a ler Psicopatologia da vida cotidiana...

No meio de toda aquela desolação - prestem atenção - homens e mulheres, jovens e velhos, sempre que podem, voltam os olhos para os céus, não sei se numa espécie de auto-compaixão ou em desafio... Então, penso involuntariamente no padre Vieira, naquele sujeito bom-de-lábia, que fez história entre os selvicolas e os escravos do Maranhão e que, certa vez, estando em Roma, confidenciou a seus comparsas que por aqui, a fé havia degenerado em loucura...

Tudo bem, no RS o desastre foi de grandes proporções. Teve-se que fazer contato com o único problema filosófico sério, que é a morte. Esse horror e essa desgraça (que, advinda dos céus ou dos infernos, não importa, a ignomínia é a mesma!) à qual o ser humano está brutalmente condenado desde que nasce! Sim, mas nenhuma usina nuclear foi arrebentada, o sol está arrumando as malas para voltar, a maioria dos rebanhos se salvou, as pastagens vão seguir florescendo e ainda mais saudáveis; as sementes se mantiveram intactas e pode-se voltar a semear o arroz e o milho para a polenta... e os gaúchos, pelo que se sabe, não são tão vulneráveis como se está fazendo crer. Saberiam levantar-se quase sozinhos, ou não?

Enfim, independente do hospício em que se está metido, é sempre saudável cair na real e lembrar que ontem e nem mesmo anteontem, éramos tão felizes como simulamos.... E que as 'enchentes' entre nós, (com água ou sem água), são seculares e, provavelmente, incuráveis...

Do lado dos gestores da república, é bom lembrar que não é muito honroso fazer demagogia com o chapéu alheio e do lado dos gaúchos, é bom ter consciência de que, como disse o judeu Milton Fridman: não existe almoço grátis... e que tomorrow's another day...



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Um comentário:

  1. Segundo Camus o problema filosofico é o suicidio...li o livro e nao entendi bulhufas...mas se é a morte ou o suicídio nao importa; o que importa é observar a maldade e ignorancia humanas...

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