"É como se disséssemos que
as ervilhas fazem brotar a primavera..."
Théophile Gautier
Por aqui, os burocratas ainda não se recuperaram do fátuo e fugaz horror que sentiram ao assistir a execução (por asfixia) daquele sujeito lá nos Estados Unidos. Mas não pensem que se trata de compaixão ou de algum tipo de humanismo, é só um histrionismo quase adolescente... E, como quase todo mundo por aqui, tem uma paixão secreta pelo imperialismo e pelos yanquis, fazem um malabarismo cretino para tratar do assunto sem comprometer a dignidade das 'autoridades' e dos patrões da Amérika... Sim, eu sei: a vergonha de lá não é muito diferente da vergonha daqui, com nossos 800 mil presos em penitenciárias medievais e condenados a vida. Pena de morte! Pena de vida! ... (Aqui entre nós: o último protesto, desafio e sarcasmo daquele executado foi demonstrar que aqueles energúmenos não conseguiram, depois de horas, encontrar suas veias...). Realmente, aquele barbarismo e aquele caráter vingativo não é privilégio apenas dos norte americanos e nem é uma loucura contemporânea, pós-moderna. Vem de longe, de muito longe, e já emporcalhou as mãos e a 'alma' de todas as nações. A história e a pré história, qualquer um sabe, sempre foi um córrego e um charco de sangue, de vinganças patológicas e, pior: por motivos cretinos e moralistas. Suplício! Depois de Cain, a espécie parece ter ficado adicta ao suplício. E não apenas contra os Outros, (sadismo) mas contra Si mesma (masoquismo). A propósito, uma civilização que assiste quieta e de boca aberta ao massacre dos ucranianos e dos palestinos, (por uns míseros alqueires de terra) nem poderia estar fazendo esse teatro de espanto diante da execução no Alabama e (para ser mais radical) nem mesmo ter o direito de seguir existindo. Exibo abaixo, (já que hoje é domingo e que os sinos já estão badalando...) algumas imagens do modus operandi, do qual nossos ancestrais se valiam (sempre em nome do Estado, do civismo e de Deus) para 'ajustar contas' com aqueles que não pensassem como eles ou que se atreviam a dizer o que pensavam. A propósito, entre os vira-latas mais idolatrados, Platão pode ser considerado um dos principais ideólogos e patrono das cadeiras elétricas, dos fornos, dos enforcamentos, da asfixia com gás e de inúmeras outras formas, uma mais cruel do que as outras, de repressão contra os 'descrentes'. (leia-se História do ateísmo, Georges Minois).
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