E você, que conseguiu escapar da COVID, mon semblable e mon frère... como está encarando a DENGUE?
Multidões inteiras caçando mosquitos. Esses animaizinhos naïf que ficam planando ebriamente sobre nossas orelhas como minúsculos drones... Drones que, segundo a velhinha armênia, (aquela do lenço de seda amarela trazido dos arredores de Veneza), são pilotados por Mefistófeles... E a coisa está tão grave, que muita gente que conheço só sai de casa com um rosário amarrado às canelas e depois de ter consultado o I Ching (aquele com um prefácio do Jung); El libro egípcio de los muertos ou o Baralho Cigano... (aquele da Madame Lenormand).
Até as forças armadas estão na batalha. E é bizarro ver um soldado empunhando um fumacê (como se fosse um lança-mísseis) na direção dos cortiços e das montanhas de pneus, latas e garrafas pela metade, camisas de vênus jogadas nos estacionamentos, barracões abandonados e vasos chineses esquecidos sobre as tumbas... A mosquitada vinda do Egito (Aedis egipti), ou mesmo dos lixões periféricos parece mais treinada do que a dos anos anteriores. Ser abatido por um raio no meio de uma tempestade, tudo bem, mas por uma picada de mosquito, isso é demais! Arruina a vaidade, o amor próprio e a estima de qualquer um... E o Ministério da Saúde, vai entorpecendo a população com as clássicas promessas, as mesmas de Dom Pedro I e de Getúlio Vargas... E mobilizam especialistas. Prometem mais vacinas. Vendem repelentes até na entrada dos cabarés. Mandam as velhinhas se enfiarem dentro de seus mosquiteiros e queimarem suas velas de citronela ou de arruda por toda a casa e, por que não, uma ou outra também para São Francisco ide Assis, o patrono dos animais. Mosquito é animal? Na portaria dos prédios sempre há alguém relatando como foram os 14 dias de internamento, as dores nos cotovelos, nos joelhos e em todos os ossos, a febre, o medo de um momento para outro, bater as botas... A morte, o único problema político e filosófico realmente sério...Na lápide, a frase afetada e cabotina: abatido jovem e cheio de amigos, por um mosquito! Era honrado, monogamico, trabalhador e bom pai, ótimo marido... Foi abatido por um mísero mosquito! Saudades eternas! Que Deus tenha piedade, pelo menos de sua pobre e ficticia alma... e também da nossa!
Problemas existenciais. Curiosamente, esses bichinhos voadores, com sua agulha frontal, fazem as pessoas refletirem sobre a condição humana bem mais do que os professores de ética e de fenomenologia. Ah, o existencialismo! Sartre e Kierkegaard. O ser e o nada! Mas o problema maior, é que o veneno do mosquito pode acionar dez ou doze outras doenças que estavam incubadas e latentes no doente. Um infarto, um AVC, por exemplo. Uma paranóia, a próstata, os rins, uma úlcera, o nervo ciático, uma infecção na servical, a labirintite, um abalo no Sistema Nervoso Central, sem falar das infecções hospitalares e das dores de cabeça nunca antes sentidas, a visão conturbada e uma febre parecida àquela dos indígenas depois de, propositalmente, terem sido infectados pela varíola. Segundo relatos, a febre e o sofrimento daqueles pobres silvícolas era tanta que, arrependidos de terem nascido, uns imploravam para que os outros lhe destroçassem a cabeça com uma pedra...
O Mendigo K, que tem asco de todas essas encenações reativas e burocráticas, perguntava a seus comparsas: Mas... e os esgotos, que ziguezagueiam a céu aberto pelo fundo dos barracos de 70% da população e há 500 anos? E as espumas do Rio Tietê, naquela pauliceia desvairada? E as privadas? E os idiotas que destruiram o cerrado para levantar cinco/seis prédios? Teriam alguma coisa a ver com essas brigadas de mosquitos? E o prefeito do Rio de Janeiro que presenteou os melhores alunos de matemática com uma viagem à Disney? Vou repetir: com uma viagem à Disney. Percebem a pobreza do imaginário, a domesticação inconsciente e a limitação desse ato? É mais ou menos como presentear uma borboleta que recém começou a voar, com uma volta ao redor de uma lâmpada de 300 watts. Disney um caralho! Deveriam ter sido presenteados com uma ida à lua; com uma visita à tumba de Poincaré (lá no Père Lachaise) ou com uma viagem pela transsiberiana, de San Petsburgo à Vladivostok... E o Bolsonaro, que, com 800 mil presos apodrecendo nas penitenciárias, (muitos ainda sem julgamento), está sendo processado por ter importunado uma baleia? E o planeta inteiro que está em silêncio diante do genocídio do povo palestino? E o cafezinho da esquina, pelo qual estão cobrando o mesmo preço de um quilo de café? E a censura de pensamento e às "fake news" que só faz fomentar a Candice nacional? Lembro que minha tataravó, enquanto fazia girar a pá que faz a polenta, gostava de falar sozinha e ir dizendo para seus interlocutores imaginários que sua tataravó já lhe dizia que, em seu tempo, os trapaceiros de turno, desde seus púlpitos, orientavam o populacho para que ficassem alertas, bem alertas, porque Lúcifer, (que era o Cara!) era especialista em seduzir e em espalhar notícias e provas falsificadas sobre coisas do mundo... Sim, era a tirania e o combate às "fake news' daqueles tempos dementes e sombrios...
Enfim, como diria Vargas Vila: Eu não lhes concedo o direito de cidadania na urbe do pensamento!
Ou então, meu amigo baiano: e... vão fuder outro!
Viva o mendigo K. !
ResponderExcluirA mulher baiana é a mais maliciosa do planeta!!! Quem dera fosse apenas na cama!!!
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