"Salomão é menos célebre pela sabedoria de seus provérbios do que pela peça que pregou a duas mães, uma idiota e outra distraída..." (Pitigrilli)
A pandemia de covid, apesar de todos os estragos que causou mundo a fora, acabou servindo para alertar muita gente que, se quisesse manter-se viva, teria que passar a lavar-se as mãos com mais frequência do que comumente o faz. Coisa que, convenhamos, nem nos ambulatórios e nem nos melhores restaurantes era e é uma prática espontânea...
Primeiro, se tem notícias do código babilônico de Hamurabi, que legitimava a amputação das mãos de quem roubasse. Depois, houve a metáfora de Pilatos: "eu me lavo as mãos!"... Depois o murmúrio perverso e metafísico dos padres: Lavabo inter inocentes manus meas; depois a notícia da flexibilidade das mãos de Paganini e, mais recentemente (século passado), a sacação do médico húngaro, Ignác F. Semmelweis, de que o alto índice de mortalidade das parturientes atendidas na Maternidade do principal hospital de Viena (comparado aos partos que eram realizados por parteira, em casa) poderiam ter uma causa externa: germes transmitidos pelas mãos dos médicos e estudantes! Ah! os germes. Ah! a febre puerperal... E isto, antes mesmo de Pasteur... (Semmelweis:1818-1865; Pasteur: 1822-1895).
Os médicos, professores e estudantes de medicina que saiam das salas de autópsias de cadáveres diretamente para as salas de parto (sem lavar-se as mãos) levavam para o corpo das parturientes os germes que as acabariam matando.
Passou a defender regras simples de profilaxia e de assepsia: lavar-se as mãos.
Ofendidos e enfurecidos, seus colegas o expulsaram do hospital e até de Viena.
Morreu louco antes de completar 50 anos...
Lavabo inter inocentes manus meas...
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Em tempo: esqueci de mencionar as zingaras romenas, lá nos arredores de la Estazione Términi, assediando as madames ocidentais com a balela da quiromancia e de 'prever o futuro e a sorte nas linhas da palma das mãos...'
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