terça-feira, 16 de janeiro de 2024

As chuvas, as tormentas e a Praça dos Milagres...



"A sabedoria quem sabe aparecesse sobre a Terra como um corvo, ao qual um ligeiro odor de carniça entusiasma?"

(F.N.)


Apesar de todo mundo estar meio apavorado com as frequentes chuvaradas e ventanias que têm se abatido sobre o país inteiro, mas principalmente sobre Rio de Janeiro e São Paulo, é importante reconhecer que elas estão tendo uma importância sociológica ímpar: estão demonstrando que o país, além das mentiras e dos cacarejos de alguns chauvinistas, e além de duas ou três avenidas onde se esconde a burguesia, está transformado numa verdadeira Praça dos milagres. Lembram da Praça dos Milagres lá na obra de Victor Hugo? É impressionante e quase inacreditável a quantidade de pobres, de miseráveis, de fodidos, de indigentes e de condenados da terra que as chuvaradas revelam e trazem à tona... E seus relatos e seus lamentos são de arrepiar até as sobrancelhas dos carecas... Como é possível que milhões de pessoas vivam piores do que ratos ao mesmo tempo que, um governo atrás do outro não se cansa de vangloriar-se dos trilhões que rende o AGRONEGÓCIO, a PETROBRAS; A BOLSA DE VALORES; e as TONELADAS DE OURO que os garimpeiros arrancam la na Amazônia? Sem falar dos 27% retirados mensalmente até do salário das putas? Para onde desaguam todas essas fortunas?

Se você acha que estou exagerando, preste atenção nas chuvaradas de amanhã e de depois de amanhã, aquela gente desnutrida (mas obesa), surfando e esquiando sobre colchões velhos, sobre geladeiras a querosene... Panelas vazias, crucifixos feitos de ossos, imagens de santos pregadas às portas de guarda-roupas... A lama e a merda das elites deixando marcas nos umbrais dos cortiços... e, pior: com os urubus, aparecendo como oráculos e profetas...

 E quando o horror passa, caia na real e aproveite para ler: O corcunda de Notre Dame, ele que dormia no campanário daquela catedral e que estava papando e perdidamente apaixonado por uma cigana chamada Esmeralda...

 









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