quarta-feira, 22 de novembro de 2023

De Zumbi, de Frantz Fanon, dos Panteras Negras e da hipocrisia oficial...



 E naturalmente, do mesmo modo que um Judeu que gasta dinheiro sem contá-lo, é suspeito, o Negro que cita Montesquieu deve ser vigiado..." 

Frantz Fanon. 

(IN: Pele negra, máscaras brancas, p. 31)




No dia 20 (segunda-feira), foi comemorado o dia de Zumbi dos Palmares, o líder que desestabilizou a tirania portuguesa sobre negros e indígenas. Muitas manifestações, muitos Decretos, muita demagogia e muitos discursos pelo país afora contra o racismo. Muita confusão de línguas e de cores. Mas, afinal, quem é negro e quem não é? Qual é a régua que pode atestar a negritude, ou o amarelão de uns e negar a de outros. E branco? Quem é branco, afinal? Piadas, lamentos, culpas, raivas "formações reativas", complexos, negócios, compaixões enrustidas e  falsificadas associadas à malandragens mil. Malcon X, e os Panteras Negras. O pastor Luther king e aquela sua famosa frase: I have a dream! Por debaixo dos panos, teria sido um pastor supremacista? Afinal, os outros negros, os brancos, os amarelos e até os albinos, também sonham e também votam, não é verdade? Com que sonham as galinhas? Com milho...

A maior bobagem de todas foi repetida nesse dia pelo Presidente da República, diante de uma platéia de eleitores:

- No Brasil, os brancos SUPREMACISTAS brasileiros, têm uma dívida com os povos negros.., devemos pagá-la... 

E já ouvimos isso do Papa, com relação aos judeus.., Agora o Lula, com relação aos negros... Quando é que ouviremos algo semelhante dos turcos em relação aos armênios; dos alemães em relação aos ciganos e dos espanhóis em relação aos caribenhos???

Sim, foi um despropósito fora de contexto! 

Que tal o Ilmo, Sr. Presidente (desconsiderando as elocubrações de Dèrrida, de que só se pode perdoar o imperdoável) tentar pagar essa dívida do próprio bolso!

 "Para que se pense em exprobar aos netos as faltas dos avós  - dizia Sartre, lá em suas Reflexões sobre o racismo - é necessário, primeiramente, ter um senso muito primitivo das responsabilidades..."

Eu sou branco, nunca fui e não sou supremacista, aliás, não conheço nenhum! Na verdade, só tenho consciência mesmo, e em profundidade, de minha própria insignificância e de minha própria miséria, tanto racial como existencial. E, inclusive, duvido que alguém seja tão despirocado a ponto de acreditar-se de uma laia superior. Sim, eu sei, existe a Ku Klux Klan, existe o supremacismo judaico; o árabe; o curdo, o indígena; o chinês e inclusive, o negro, e até de outros clowns...  Quem é que não conhece as teorias daquele pregador delirante jamaicano Leonard Howel, (o criador do movimento Rastafari), afirmando que os negros pertencem a uma raça superior? Delírios! Ora! Quando é que se entenderá que o supremacismo não é idéia e nem sentimento, mas sintoma? Que apesar dos surtos e das cores, qualquer um sabe, ou intui, que os povos, as raças, as tribos, as etnias, os rebanhos, (independente das lorotas, das fantasias e das alucinações de cada um) fazem parte da mesma turma de condenados da terra e que, portanto são todos 'farinha do mesmo saco'?. Sim, há uns bundões aqui e outros ali, temporariamente, roubando e pisoteando a outros, com a ilusão de "salvar-se", só que não há salvação possível, e que esse é outro capítulo da Historia Universal da Infâmia...

É verdade, de vez em quando aparece um ou outro estúpido ironizando e explorando emocional e socialmente os negros, os japoneses, os judeus, os albinos, os bororos, os ciganos, os alemães, os chineses e até os italianos... Mas isso é uma idiotice infantil, o simulacro de um nacionalismo de bestas e de uma pobreza inata... As enfermarias estão cheias de gente desse tipo... Agora, essa obsessão estatal/branca de assumir uma dívida e de querer "emancipá-los" por meio de Portarias e de Decretos, isso não passa de uma variação do racismo em si e de outra forma ainda mais astuciosa de enganá-los... Pois essas benévolas e ocasionais investidas estatais em defesa dos negros, (parafraseando a Sartre, quando falava dos judeus e do anti-semitismo), se salva o negro como homem, o aniquila como negro... 

Portanto, que eles, da tribo e da cor que for, - custe o que custar - se levantem e se emancipem por si mesmos... (Se é que é possível emancipar-se! A propósito: emancipar-se de quê?

Daí a necessidade, cada vez maior, de monitorar os microfones (como se monitora as bananas de dinamite) e de ler, com urgência, a Frantz Fanon. 

"Aquele que adora os negros é tão "doente" quanto aqueles que os execra, e o negro que quer embranquecer sua raça é tão infeliz quanto aquele que prega o ódio ao branco..." (p. 10)

"O negro quer ser branco. O branco obstina-se a obter a sua condição de homem... (...) O branco é escravo de sua brancura. O negro de sua negrura. (p.11). Enfim: O destino do neurótico está em suas mãos. (pp. 11,12).

E a idiotice maior, inclusive, está lá no Novo Testamento: "Somos o povo eleito, observe a cor de nossas peles, os outros são negros ou amarelos, devido a seus pecados..."(p. 27)

Enfim, você, hypocrite lecteur, racista, culpado, ignorante e militantezinho de merda, mon semblable e mon Frère, já leu Frantz Fanon? 

Qualquer sujeito que se atreva a falar sobre racismo (que é o mesmo que colonialismo), sem ter estudado a Frantz Fanon, é um diletante babaca, apto a ser manipulado, a dizer bobagens... a colaborar com a  eternização dessa esquizo-frênia social... e dessa fábrica de loucos que é o mundo...




Um comentário:

  1. https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2023/11/6660004-saude-mental-e-urgente-para-populacao-de-jovens-pretos.html

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