"Eu fodo a sociedade, mas ela me retribui amplamente"
(Rabiscado nos muros de paris. 1968)
A cidade e o país inteiro, apesar do vírus, já entra descaradamente no surto natalino. Essa festa engendrada pela solidão dos padres e pela usura dos comerciantes, sob o pretexto esdrúxulo de homenagear o nascimento de Cristo, nascido há dois mil anos, lá pelos lados da Faixa de Gaza. Já pensaram como seria se Cristo tivesse um ou dois irmão gêmeos? Já pensaram como seria se Cristo resolvesse voltar e dar de cara com a idiotice generalizada do planeta? Com os presídios lotados? Lembram que os deuses gregos, quando vinham dar uma volta por aqui, vinham disfarçados de bichos? Vergonha?
A cidade já está cheia de indigentes vindos de todo o país. Até eles caíram nessa balela e andam por aí fantasiados de Coca Cola, em busca de um presente. Presente? O que é que tem a ver o cu com as cuecas?
E seguem iludindo as crianças.. Até os doutores da psicologia e da antropologia continuam pregando que é importante manter a ilusão das crianças. Essa ilusão que, como uma elergia, acompanhará o sujeito até a senectude. Aliás, existe algo mais ridículo do que um velhinho ou uma velhinha excitada com o pinheirinho de natal? Com os animais da manjedoura? Com a presença desses desempregados que se fantasiam de Coca Cola, ficam sarreando as crianças e cacarejando Ho... Ho... Ho...?
Muita pobreza! Muita mediocridade! Ninguém mais tem vergonha na cara! E depois, não sabem como é que o mundo ainda está nessa merda toda. Não entendem por que os funcionários públicos precisam de seis meses para mudar uma mesa de lugar... Como o INSS precisa de anos para tomar uma decisão que só exigiria quinze minutos de bom senso... Como a Anvisa precisa de 72 horas para dizer um sim ou um não... Ora!, é ainda o resultado do Papai Noel! Da noite de Natal! Da arvorezinha de plástico com as luzes chinesas piscando! Do peru coberto por lascas de abacaxi... Do leitão ao forno, do espumante vagabundo e do pudim (pró diabéticos...) Uma vergonha! Um horror! E todo mundo está angustiado com o confinamento. A família. A Sagrada Família! A pequena burguesia e mesmo o lupemproletariado estrebucha... Como passar mais essa noite sem estar nos braços da família? se interrogam, quase em pranto. Todo mundo diz querer ir abraçar a família. Mesmo sabendo que se a noite de natal tivesse trinta horas, os desastres e os crimes triplicariam no país. E o Ano Novo? Que de novo só tem as dívidas... Tudo balela de sujeitos sem eixo. Solitários inveterados. Cultuadores de mentiras históricas. Gente que não cresce! Bobalhões que vão do iogurte à cocaína; da esquerda para a direita ou vice-versa e do catolicismo ao hinduísmo num piscar de olhos... Enfim, imaginem como seria se Maria, ao invés de um parto normal, tivesse tido trigêmeos...
https://www.youtube.com/watch?v=YXK95MgB9c8
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