sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Bolsonaro, a vacina, os jacarés e Guimarães Rosa...



Ninguém, sóbrio, se atreveria a negar que o Bolsonaro está cada dia mais exótico. Começo a acreditar que o faz, não apenas pelo poder exagerado que o cargo lhe garante mas, principalmente, para ver o estrago que suas bravatas causam nas seitas e nos terrenos inimigos. Costuma ilustrar suas falas sempre com personagens advindos de um bestiário tropical, dando sempre prioridade aos veados mas.., desta vez.., sabe-se lá por quê, num discurso no território do Gregorio de Mattos, valeu-se do jacaré. Meio em broma, meio em sério, levantou a hipótese de que as vacinas (para barrar o vírus planetário), poderiam vir a fazer crescer barba nas mulheres, afinar a voz dos machos ... e até a transformar o vacinado num jacaré. E os baianos da platéia, cheios de fervor, levantavam os braços e aplaudiam... Tristes trópicos! Surrealismo igual, convenhamos, não se viu nem nos discursos de NERO ou do IDI AMIN.

Quando ouvi essa história, além de concluir que estamos literalmente perdidos, pensei no diplomata Guimarães Rosa, o autor da xaropada Sertões e Veredas que, certo dia, num artigo no jornal O GLOBO, confessou que 'por amar os grandes rios, tão profundos como a alma humana' gostaria de ser um crocodilo e viver no Rio São Francisco... (a propósito, me lembra o Mendigo K: a diplomacia é exatamente isso)

Enfim, se ainda estivesse vivo, agora teria chances...

______________________________________________________

No momento em que colocava  o ponto final neste texto, ouvi os gritos do vendedor de pamonhas, lá em baixo.

- Olha a Pamonha!

- Olha a pamonha de sal e doce!

- Olha o bolo de fubá!

Meio de saco cheio eu ia tendo a impressão de ouvir:

-Olha a vacina da Pfizer! Olha a de Oxford! Olha a da China! Olha a dos EEUU! Novidade: em  doses únicas! Ou em duas doses! em quatro doses! Tome sem medo,.. nenhum risco de voltar a ser um réptil...

- Olha a coronavac!..

Feliz ano novo!

Feliz Natal!

Olha o bolo de fubá...

Vai uma  pamonha aí?


Nenhum comentário:

Postar um comentário