quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Vamos dar uma? Trepadas que viraram caminhadas...


Num passado recente, quando ligava para minha companheira para lhe propor: Vamos dar uma! Ela respondia prontamente: Opa, vamos! Quem leva o champanhe hoje é você. Mas aonde? Na tua casa, na minha, nas montanhas de Goiás Velho ou em outro lugar idílico?

Hoje, com essa porra de pandemia, com o confinamento de 8 meses e com esse fracasso generalizado da ciência e da política, quando lhe convido:Vamos dar uma! ela me retruca: Tudo bem. Mas no mesmo roteiro de 2 mil metros, de ontem; com a máscara da USP e quando o sol estiver mais fraco. Quem leva o álcool em gel é você... 

Caralho! Que furada...





quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Na era do smartphone...e da vida em sursis...

 


Cinismos: - 1. E a noticia de que o STF teria solicitado à FIOCRUZ uma reserva especial de vacinas para os ilustres ministros? 
2. E os camelôs do Rio de Janeiro, que estariam vendendo a vacina por 50 reais, ou por 60, já aplicada? Que tal? Quem disse que a epidemia é o pior dos males?

3. Nestas vésperas do Natal, meu telefone não para de tocar.  É a Oi, a TIM, a Claro e a Net me falando de fibra ótica e do 5 G (no início até pensava tratar-se do Ponto G); é uma farmácia que diz estar com Viagra em promoção; uma casa que faz contrabando de charutos cubanos; uma distribuidora de Vermouth de Milão (1760) e que diz ainda usar a formula com  absinto e outras ervas, inventada por Hipocrates; mulheres que dizem que me conheceram num saco de dormir em baixo de uma mesa num navio que ia da ilha de Patmos para a Turquia; gente procurando por um tal Espedito e por uma tal Elisangela... E são ligações vindas de todo o país. Bloqueio um telefone do Amazonas e voltam a me fazer a mesma pergunta de São Paulo. Elisangela? Sim, ah!, a Elisangela sou eu!, respondi na última vez que me ligaram. Mas e essa voz de macho? Me indagaram do outro lado da linha. Ah, respondi, é que eu era Elisangela, mas, agora virei homem... Numa outra vez, digo que a Elisangela ingressou na congregação dos Cartuxos de Parma ao mesmo tempo em que gerencia um bordel na periferia de Brasília... Mas não se rendem e voltam a me ligar... Sobre o Espedito, digo que deixou de ser engraxate e que agora é fabricante de harpas no Paraguay, mas que, de vez em quando, pilota os submarinos lotados de cocaína que vão de Bogotá à Ibiza... No outro dia, as ligações se repetem... Ninguém toma providencias?...

Agora.., a ligação mais curiosa foi a de hoje, quando eu tomava uns tragos de vermouth, ouvia uma música do Pink Floyd e me iludia de ainda estar com uns 28 anos. Numa ligação vinda de Minas Gerais, uma moça gentil e até sedutora, foi logo me garantindo: depois desta ligação sua vida vai ser outra, e passou a oferecer-me um plano funerário.

Confesso que com aquele fundo musical, esta foi a experiência escatológica mais surrealista de 2020... 

Procurei entrar em detalhes sobre a roupa mortuária que eles ofereciam, sobre a marca do forno crematório e o destino das cinzas, mas ela não dominava bem estes assuntos. Disse-lhe, por fim, que era muçulmano e que, para manter a tradição, queria ser cremado pelado. Ao que ela respondeu: Ah, Dr., então não vai dar certo, pois o dono da funerária é judeu e exige que o morto esteja sempre com aqueles chapéus pretos e com aquelas tranças enroladas nas orelhas... Sabe como é..?

 Aproximei o telefone da caixa de som no exato momento em que um daqueles bobalhões do Pink Floyd dava uma sinistra gargalhada. Ela desligou...

Sinceramente: a vida é ou não é, um circo?, um picadeiro em franca decadência?

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Prenderam o Crivela... É tudo o que um pregador ou um político precisa para ser santificado e canonizado pelo populacho...


Eu, que abomino todo e qualquer tipo de prisão, cadeia, penitenciária, presídio e etc., quando assisti a cena do Crivela sendo conduzido para a cadeia, instintivamente, voltei a ler o Velho Testamento. Já leu? Ah!, precisa ler! Quem ler o Velho Testamento entenderá de imediato a essência de toda a putaria e de toda a loucura vigente. E, além disso, descobrirá que um dos filhos de Noé se chamava Cão... e que para dizer: tenha relação sexual com ela, se dizia: entra a ela.

Uma curiosidade: no livro Políticas de Saúde mental no Brasil, página 21, um dos autores escreve: "Numa passagem do Velho Testamento (Salmo 34) Davi, ao contemplar um demente sendo ridicularizado por crianças na rua, interpela Deus: <Senhor do universo, que vantagem pode ter o mundo na loucura? Quando um homem erra pelo mercado, rasga suas vestimentas e sofre a zombaria das crianças, seria isto belo aos teus olhos?".

Aproveitando o dia chuvoso, vasculhei todos os Salmos do velho livro semita e não encontrei tal interpelação. O autor teria se equivocado?, ou procurei mal?

Enfim, pelo que tudo indica, o Crivela passará a noite natalina na tramela e atrás das grades. Terá oportunidade de repetir lá, as idiotices de Jó e até de catequizar outros prisioneiros.

E, se no Rio de Janeiro, as coisas continuarem como nos últimos tempos, não é impossível imaginar que, uma hora dessas, até o Cristo Redentor tenha as contas, os bolsos e as senhas investigadas, venha a ser acusado de conivência com a roubalheira e com a prevaricação generalizada, arrancado do alto daquele petit Himalaia carioca e jogado nos porões do Bangu IV...

E la nave va...



"> 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Júpiter e os anéis de Saturno...


 Numa excitação bem mais religiosa do que astrofisica, os terráqueos do planeta inteiro, soterrados por milhões de anos de abandono e de solidão, com suas câmeras, vidrinhos de álcool em gel e patuás, foram às montanhas, aos desertos, aos terrenos baldios e à cobertura dos prédios para tentar assistir a aproximação de Jupiter (o deus dos raios e das tempestades), com Saturno este, uma divindade mais delicada e ligada ao tempo.
Os astrólogos ainda estão em surto. Vi um, em seu babydoll rendado, monologando, por aí, na escuridão... 
E eles (os astros), indiferentes a esse frenético e patético espetáculo humano (demasiadamente humano), seguiram sua tediosa rotina pelas veredas de um céu deserto... 

sábado, 19 de dezembro de 2020

MAMOLATRIA: e o deputado paulista, que apalpou as tetas da colega...




 
A temática de hoje, aí pelos botecos, é o affair do deputado paulista que em plena sessão ordinária, apalpou as tetas de uma colega parlamentar.

O Mendigo K que tomava um capuchinho com um corneto de chocolate, ali na cafeteria do italiano, estava excitado com o assunto e dava uma espécie de aula para duas ou três mendigas que o acompanhavam. Dizia: Há uma espécie de mamolatria no mundo. E não só entre os homens, as mulheres também são loucas por tetas. A origem disso está lá no período da amamentação. Para a criança, dos dois sexos, o mundo está representado nas tetas da mãe, que lhes garante prazer oral e epidérmico, além de sobrevivência. O primeiro e mais potente amor da criança é por aquele corpo... Impossível livrar-se disso nas décadas subsequentes e mesmo por toda a vida... (mesmo que a mãe tenha sido uma megera). Se não mamou, porque não mamou. Se mamou até aos cinco anos, porque mamou demais, ficou quase viciado e dependente. Me entende?

Portanto, seja um adolescente, um marmanjo ou mesmo um velhote qualquer, passa a vida inteira espiando para dentro das blusas das mulheres e, na primeira vacilada, regridem. Querem voltar a mamar... Nos EEUU e outros países hipócritas e moralistas, o simples gesto de olhar inebriadamente para as tetas de alguém, na rua, ou em qualquer lugar, é praticamente um crime. O gesto daquele idiota lá na Câmara de SP, observem, foi um gesto típico de uma criança solicitando a teta. Não se contentam em mamar a vida inteira nas tetas do Estado...

As mendigas o ouviam atentamente e pareciam concordar com suas teses, apesar de manifestarem pelo tal deputado, um radical desprezo. Um porco faminto! resmungavam.

Ele fez um silêncio e arrematou: O que mais me intriga nesses relatos de assédios, é o fato das mulheres, imediatamente depois do ocorrido,  declararem que se sentiram sujas. Sujas? Qual é a lógica desse sentimento? Qual é o sentido disso? Trata-se de uma sujeira moral? Seria uma manifestação religiosa? Um conflito meio esquizoide com o corpo?

... Pediu mais um capuchinho e retirou da mochila dois livros que pretendia terminar de ler neste sábado: Maternidad y sexo, de Marie Langer e Le corps couché, de Roland Barthes...



/>


 



 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Bolsonaro, a vacina, os jacarés e Guimarães Rosa...



Ninguém, sóbrio, se atreveria a negar que o Bolsonaro está cada dia mais exótico. Começo a acreditar que o faz, não apenas pelo poder exagerado que o cargo lhe garante mas, principalmente, para ver o estrago que suas bravatas causam nas seitas e nos terrenos inimigos. Costuma ilustrar suas falas sempre com personagens advindos de um bestiário tropical, dando sempre prioridade aos veados mas.., desta vez.., sabe-se lá por quê, num discurso no território do Gregorio de Mattos, valeu-se do jacaré. Meio em broma, meio em sério, levantou a hipótese de que as vacinas (para barrar o vírus planetário), poderiam vir a fazer crescer barba nas mulheres, afinar a voz dos machos ... e até a transformar o vacinado num jacaré. E os baianos da platéia, cheios de fervor, levantavam os braços e aplaudiam... Tristes trópicos! Surrealismo igual, convenhamos, não se viu nem nos discursos de NERO ou do IDI AMIN.

Quando ouvi essa história, além de concluir que estamos literalmente perdidos, pensei no diplomata Guimarães Rosa, o autor da xaropada Sertões e Veredas que, certo dia, num artigo no jornal O GLOBO, confessou que 'por amar os grandes rios, tão profundos como a alma humana' gostaria de ser um crocodilo e viver no Rio São Francisco... (a propósito, me lembra o Mendigo K: a diplomacia é exatamente isso)

Enfim, se ainda estivesse vivo, agora teria chances...

______________________________________________________

No momento em que colocava  o ponto final neste texto, ouvi os gritos do vendedor de pamonhas, lá em baixo.

- Olha a Pamonha!

- Olha a pamonha de sal e doce!

- Olha o bolo de fubá!

Meio de saco cheio eu ia tendo a impressão de ouvir:

-Olha a vacina da Pfizer! Olha a de Oxford! Olha a da China! Olha a dos EEUU! Novidade: em  doses únicas! Ou em duas doses! em quatro doses! Tome sem medo,.. nenhum risco de voltar a ser um réptil...

- Olha a coronavac!..

Feliz ano novo!

Feliz Natal!

Olha o bolo de fubá...

Vai uma  pamonha aí?


terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O coronavívus e o papai noel...

"Eu fodo a sociedade, mas ela me retribui amplamente"

(Rabiscado  nos muros de paris. 1968)



A cidade e o país inteiro, apesar do vírus, já entra descaradamente no surto natalino. Essa festa engendrada pela solidão dos padres e pela usura dos comerciantes, sob o pretexto esdrúxulo de homenagear o nascimento de Cristo, nascido há dois mil anos, lá pelos lados da Faixa de Gaza. Já pensaram como seria se Cristo tivesse um ou dois irmão gêmeos? Já pensaram como seria se Cristo resolvesse voltar e dar de cara com a idiotice generalizada do planeta? Com os presídios lotados? Lembram que os deuses gregos, quando vinham dar uma volta por aqui, vinham disfarçados de bichos? Vergonha? 

A cidade já está cheia de indigentes vindos de todo o país. Até eles caíram nessa balela e andam por aí fantasiados de Coca Cola, em busca de um presente. Presente? O que é que tem a ver o cu com as cuecas?

E seguem iludindo as crianças.. Até os doutores da psicologia e da antropologia continuam pregando que é importante manter a ilusão das crianças. Essa ilusão que, como uma elergia, acompanhará o sujeito até a senectude. Aliás, existe algo  mais ridículo do que um velhinho ou uma velhinha excitada com o pinheirinho de natal? Com os animais da manjedoura? Com a presença desses desempregados que se fantasiam de Coca Cola, ficam sarreando as crianças e cacarejando Ho... Ho... Ho...?

Muita pobreza! Muita mediocridade! Ninguém mais tem vergonha na cara! E depois, não sabem como é que o mundo ainda está nessa merda toda. Não entendem por que os funcionários públicos precisam de seis meses para mudar uma mesa de lugar... Como o INSS precisa de anos para tomar uma decisão que só exigiria quinze minutos de bom senso... Como a Anvisa precisa de 72 horas para dizer um sim ou um não...   Ora!, é ainda o resultado do Papai Noel! Da noite de Natal! Da arvorezinha de plástico com as luzes chinesas piscando! Do peru coberto por lascas de abacaxi... Do leitão ao forno, do espumante vagabundo e do pudim (pró diabéticos...) Uma vergonha! Um horror! E todo mundo está angustiado com o confinamento. A família. A Sagrada Família! A pequena burguesia e mesmo o lupemproletariado estrebucha... Como passar mais essa noite sem estar nos braços da família? se interrogam, quase em pranto. Todo mundo diz querer ir abraçar a família. Mesmo sabendo que se a noite de natal tivesse trinta horas, os desastres e os crimes triplicariam no país. E o Ano Novo? Que de novo só tem as dívidas... Tudo balela de sujeitos sem eixo. Solitários inveterados. Cultuadores de mentiras históricas. Gente que não cresce! Bobalhões que vão do iogurte à cocaína; da esquerda para a direita ou vice-versa e do catolicismo ao hinduísmo num piscar de olhos...  Enfim, imaginem como seria se Maria, ao invés de um parto normal, tivesse tido trigêmeos...





segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Dia de faxina...



"Fui a Paris estudar a história das desgraças da humanidade, a história do progresso..."

Máximo Gorki


Dia de faxina! Tenho escolhido as segundas-feiras para dar uma geral na casa. Ter o que fazer nesse dia me dá a ilusão de que alguma coisa ainda está acontecendo no mundo... O vaso, o varal, as vidraças, a lombada dos livros, as torneiras, as fronhas, a lâmpada no interior do abat-jour... a partitura de Serenada (Schubert). A poeira está em todos os lugares, até na voluta e na alma de meu violino. Passei quase uma hora para instalar o lençol de elástico em minha cama. Instalava de um lado, saltava do outro. Puxava aqui, saltava ali. E isto, que vou fazer 71 amanhã! Que passei por várias universidades e que vivo cercado de dicionários, ensaios, manuais e Vade Mecuns existenciais e etc.... E como é que um homem que não consegue colocar um desses malditos lençóis de elástico na cama, tem moral para exigir que os burocratas do Ministério da Saúde apresentem um PLANO de VACINAÇÃO para o rebanho?  Por falar em vacina, ontem à tarde, quase anoitecendo, passou lá em baixo o vendedor de pamonha e de bolo de milho. Ia, naturalmente gritando: Olha a pamonha! Olha o bolo de milho! Olha pamonha doce! Olha a pamonha salgada!... Só que eu, meio distraído, ia ouvindo: Olha a Astra Zênica! Olha a de Oxford! Olha a vacina chinesa! Olha a vacina do Biden... Olha a vacina do Bill Gates... A do Butantam... A da Fiocruz... Olha a da Pfizer... Olha a vacina do Putin...  A do Dória... 

E atenção, - ia gritando com uma voz já sem muita testosterona -: Primeiro os velhos, depois os menos velhos, depois os professores e os presidiários...

Por ironia, olhando para as janelas e para as varandas, ele repetia cínico e com ênfase: depois os professores e os presidiários...

Estaria insinuando algo que compromete a pedagogia?




domingo, 6 de dezembro de 2020

Dilúvio: Eu, de boa vontade, teria colocado um torpedo debaixo da arca...



Eu, conservador? Oh, não!

Sou o mesmo durante toda a minha vida!

Não me agrada deslocar os peões, mas baralhar o jogo todo eu gostaria.


Só me recorda uma revolução,

Foi mais sensata do que as outras

E poderia ter destruído tudo.

Penso evidentemente no Dilúvio Universal.


Contudo, nessa, porém, o diabo foi logrado!

Noé, como sabemos tornou-se ditador.

Oh, se se pudesse fazê-lo mais honestamente

Não me recusaria a auxiliar-vos;

Vós preocupai-vos tanto com o Dilúvio Universal!

Eu de boa vontade poria um torpedo debaixo da arca!

(Verso de H. Ibsen, citado por Máximo Gorki em: Minhas universidades).


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A vacina e a casta dos promotores... A India é aqui...


[... e também por este angustioso desejo que sentem os déspotas, de se ouvirem injuriar, como os vencedores romanos, em plena apoteose...] Fialho D'Almeida (IN: Vida irônica)

_________________________________________

Sexta-feira, 04 de dezembro. Muita gente ainda amanheceu escandalizada com a proposta de um grupo de promotores de São Paulo, querendo prioridade de vacinação. Reivindicavam o direito de  serem vacinados em primeiro lugar. Tudo bem... É compreensível. Como ficar indiferente ao exótico movimento dos hospitais e dos cemitérios..? Sabemos que o confinamento faz emergir todo tipo de transtornos de personalidade. E que a idéia de vir-a-morrer é ridícula e estúpida, principalmente para eles que, num país com 80% da população vivendo no limite, vivem uma realidade à parte.  Em outras palavras, é o misticismo das castas ou a tal luta de classes que os apóstolos de Krishna e de Marx não se cansam de bradar. A India é aqui!

Estando na padaria da esquina ouvindo o Mendigo K relatando suas costumeiras bravatas, surgiram duas senhoras discretas e decentes. Passavam de mesa em mesa recolhendo assinaturas numa espécie de Abaixo assinado. Pensei que se tratasse de moradoras aqui dos arredores buscando ajuda para suas delirantes filantropias. Mas não. O Mendigo K que diz conhecê-las de longa data, depois de cumprimentá-las e ler o tal Abaixo-assinado, me confidenciou que são  de um puteiro improvisado que há nas proximidades e que estavam, como os promotores de São Paulo, reivindicando e justificando que deveriam ser elas as primeiras a tomar a vacina antes de qualquer outro grupo. Diziam: a prioridade deveria ser para nós, nós que trabalhamos na rua, todas as noites, que prestamos serviços vaginais, anais, bucais, manuais e até psicológicos a gente de todos os tipos. A jovens alucinados, a velhos caquéticos, a operários, a licenciados, a mulheres e até a alguns pets...

Pensei logo na luta de classes e nas castas. Nos burgueses, nos proletários e no lupemproletariado... Enfim, em todos os Condenados da terra...






quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O fiasco das eleições...


"Porque, meu amigo, quando um  Jeová tem apenas contra si um Satanás, tira-se bem de dificuldades mandando carregar mais uma legião de arcanjos; mas quando o inimigo é um homem, armado de uma pena de pato e de um caderno de papel branco - está perdido..."

Eça de Queiroz

 

O país finge respirar aliviado com o término das eleições, como se realmente tivesse acontecido alguma coisa transcendente; alguma espécie de epifania, de ressurreição da dignidade, do progresso, da ordem, da democracia, da auto-estima, da soberania, da esperança, da inteligência... E os responsáveis por esse teatro confessam estarem satisfeitos, bem satisfeitos, mesmo com os quase 40% do rebanho que disse NÃO e se negou a fazer parte dessa puerilidade política. 

Agora, os municípios têm lá suas autoridades, seus gerentes, provedores  administradores. Duvido que 98% dos eleitos tenham lido mais de um livro na vida.. E o problema disso, é que como dizia o falastrão Monteiro Lobato, quem não lê, mal fala, mal ouve e mal vê. O que pode fazer de respeitável, um sujeito, cuja personalidade, caráter e imaginário, foram construídos apenas com conceitos, mitos e postulados da sub-cultura oral? Como é possível dar uma procuração em branco para um sujeito desses?

Mas... como os eleitores também nunca leram nada, fica tudo por isso mesmo. Não é verdade? Churrascos, costelas de porco com cachaça, missas, obesidade, inaugurações, batismos, futebol, discussões entre palhaços, funerais, festas de fim de ano e as futuras eleições.

No Rio de Janeiro, por exemplo, elegeram novamente um sujeito que já foi prefeito duas vezes. Será que gostam daquele miserere todo? Claro, não havia outro! E em São Paulo, continua na cadeira magistral, um sujeito que nos tais "debates" não deu um pio sobre a cloaca que é o Rio Tietê. Será que a população está viciada naquele chorume? Será que adora ver aquela espuma sanguinolenta e fétida passando pelo fundo das mansões? Mistérios. Vitória da esquerda? da Direita? Dos ambidestros? Não sejam idiotas, toda essa gente fuma no mesmo cachimbo. Duvido que alguém me aponte uma diferença significativa entre os energúmenos de um bando e os de outro. E não demorará muito para que tenhamos eleições também para definir se a igreja predominante deverá ser a católica ou a evangélica. Se a Bíblia deverá ser a dos Mórmons, a de Lutero, a dos espíritas ou a dos padres. Clichês, ladaínhas, palavreado fútil e viciado, disputas familiares, feudos... um horror... Um rebaixamento social. 

Se a coisa continuar assim, num futuro próximo, estejam certos, voltaremos a viver na copa das árvores...