terça-feira, 4 de junho de 2019

"Todos os caminhos conduzem à Roma e à fornicação"

[... Caso o criminalista não pensasse de maneira tão criminosa como o criminoso, jamais poderia apanhá-lo. 
Caso o missionário tivesse encontrado Deus em seu coração, não precisaria inculcá-lo em outras pessoas de maneira tão obstinada. No fundo de seu coração ele é um descrente e, ao converter os outros, tenta converter a si mesmo...] 
Rudiger Dahlke 
(In: A doença como linguagem da alma, p. 51)

Tenho acompanhado com um certo cinismo todas as "análises", todas as "interpretações" e todas as "criticas" dos midiáticos  de plantão sobre o affair Neymar. Todos (contra ou a favor ou muito pelo contrário, com medo de desagradar a mulher, o marido, o confessor ou o chefe) fazem um esforço imenso para justificar o injustificável e para dar a impressão de racionalidade a seus conflitos inconscientes. Como não defender as pobres e coitadas mulheres? Como não defender a canalhice infanto-juvenil masculina? 
Enfim.., um país em ruínas, comandado desde antes de 1500 por um bando de masoquistas sedentos e de pobres reacionários submergidos no meio de um tiroteio sem fim e de uma repressão sexual avassaladora se da agora ao luxo de com todos seus analistas, juristas e o entusiasmo da turba nacional tentar interpretar a furada em que se meteu um jogador de futebol e os hematomas produzidos por ele nos glúteos de uma moça nas noitadas frescas e estupendas de Paris para, mais uma vez, em nome de uma honestidade que não existe, negar que como dizia Campos de Carvalho, todos os caminhos, por mais ziguezagueantes que sejam, conduzem à Roma (ou à Paris) e à fornicação...
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EM TEMPO: Uma sociedade e um país onde 70% de sua população vive a beira da indigência e que tolera em silêncio que um jogador de futebol semi alfabetizado fature um milhão por mês para correr atrás de uma bola e  outro milhão para fazer propagandas enganosas, enquanto um epidemiologista ganha R$: 4.450,00 (quatro mil quatrocentos e cinquenta reais) é uma sociedade e um país desprezível que não tem moral nenhuma para querer, de vez em quando, escandalizar-se com uns beliscões a mais ou a menos que esse jogador da na bunda de uma ou de outra de suas "cidadãs" desempregadas...

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