"Silêncio lunar sob o sol: efígies grosseiras de gesso em círculo no deserto lembrarão às espécies futuras o que foi a raça humana..."
J.P.Sartre
As seitas, que recém haviam se acalmado com o caso libidinoso do Neymar e sua top model, voltaram ontem a se excitar e digladiar nos botecos e nas esquinas, agora pelo caso Moro e seus procuradores. Se no primeiro caso discutiam e babavam escandalizados com a Bíblia embaixo do braço, agora, no caso Moro, saltitam crédulos e esperançosos brandindo a Constituição como se ela também fosse um breviário sagrado, dando a impressão de que lhes falta algo importante nos arredores da massa cinzenta do cérebro.
Claro que a existência de juizes é uma prova cabal de nosso retardamento e de nosso atraso civilizatório e que considerar a Constituição um breviário sagrado ou mesmo uma bula transcendente, embora, laica, é uma idiotice de lacaios. E digo isto porque frequentei o ambiente em que ela foi engendrada em 1988, e porque vi como aqueles homens e mulheres discutiam as "emendas", como pensavam, cochichavam, negociavam, justificavam suas idéias e suas bagatelas e mais: vi como comiam e como palitavam os dentes. E desde quando um ser que palita os dentes é confiável!? Agora, - me dizia o mendigo K. - é importante ter claro que se o judiciário é uma quadrilha de pulhas, como estão dizendo, a turba que tenta sabotá-lo não é, em hipótese nenhuma, uma quadrilha menor.
Mas então o que resta fazer ao populacho ignorante, fanático, desonesto e volúvel?
Ora, só lhe resta escolher e filiar-se a uma das duas! Optar por aquela que lhe garante migalhas mais graúdas, ficar de joelhos como alcaguete em seu meio, esperar 35 anos para aposentar-se e lembrar com frequência daquilo que escreveu Maquiavel: o diabo é capaz até de citar as escrituras (ou a Constituição) quando lhe convém...
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