"Queimem a todos, deus saberá identificar quem é culpado e quem não é..."
(IN: Manual da inquisição)
Ontem, dia 19 de junho, acompanhei o Mendigo K. ao Congresso Nacional, onde estava acontecendo uma espécie de "inquirição" ao Ministro Sergio Moro a respeito das acusações que lhe estão sendo imputadas por adversários políticos.
Confessei-lhe que desde o caso Sacco & Vanzetti, nunca mais consegui ter uma relação saudável com representantes do judiciário, mas o acompanhei assim mesmo.
(IN: Manual da inquisição)
Ontem, dia 19 de junho, acompanhei o Mendigo K. ao Congresso Nacional, onde estava acontecendo uma espécie de "inquirição" ao Ministro Sergio Moro a respeito das acusações que lhe estão sendo imputadas por adversários políticos.
Confessei-lhe que desde o caso Sacco & Vanzetti, nunca mais consegui ter uma relação saudável com representantes do judiciário, mas o acompanhei assim mesmo.
Ao colocar-mos os pés no salão onde estava acontecendo o evento, foi logo me prevenindo: preste atenção como todos aqui se orgulham de serem provenientes de "famílias de juristas"; de "famílias de médicos"ou de "famílias de religiosos", e que todos, só de salário, recebem 8 ou 10 mil Euros por mês... E mais: que muitos que são oriundos do interior do país se iniciaram sexualmente com animais (galinhas, patos, porcas, cabras, vacas...). O designer do auditório, a disposição das cadeiras, das mesas, dos "púlpito", das arquibancadas e etc, tudo lembrava um teatro ou até mesmo um circo. Pensei fugazmente no defunto Niemayer.
Na mesa principal, comandada por uma elegante senhora, estavam três ou quatro senhores engravatados e o juiz em questão, com olheiras de quem não tem dormido bem nos últimos dias... Quando deram por iniciada a sessão, lembrei imediatamente da inquisição Episcopal/Papal. Já no início dos discursos era possível adivinhar a história e as idiossincrasias dos inquisidores e me perguntava: como é que um juiz se permite vir "prestar contas" e bater boca com gente desse tipo? E o Mendigo K, ao meu lado ia me passando detalhes da biografia de cada um: esse aí é o ladrão mor da pátria. Esse que o esta apartando é o maior canalha que a pátria já conheceu. Esse aí nem sabe quem é seu avô. Esse que esta com a palavra e que fala como se fosse um santo, ainda tem pólvora nos dedos. Esse aí já foi até condenado pelo juiz. Todos fingem parcialidade, fingem defender a tal Constituição, mas estão só defendendo a si mesmos...
Ia analisando um por um e de quando em quando resmungava: Ah, como as palavras são cortesãs! Como a putaria linguistica dominou o mundo!
E o juiz, que tem acesso às declarações do IR de cada um e que conhece as falcatruas de praxe nos cartórios e nos bancos, os ouvia atentamente, até meio fascinado com a capacidade de dissimular e de mentir do ser humano, enquanto pensava: amanhã solto meus cães para pegar esse crápula aí?
Foi um show! As peças teatrais de Bernard Shaw perto daquilo, não passavam de bagatelas.
E uns, com os punhos das camisas cobrindo relógios suíços, faziam a mise-en-scene da indignação e repetiam chavões cretinos plagiados de radialistas antes de acusarem o juiz de ter profanado as LEIS, a MAGNA CARTA, a DIGNIDADE e a ÉTICA... Quando se ouvia a palavra ética o Mendigo dava sinais de que iria vomitar.
Eu sou de uma família de juristas! Eu sou historiador! Eu tenho uma irmã que é freira! Meu avô doou um terreno para a Cúria Metropolitana! Meu pai, graças a deus, morreu sem nenhuma condenação! Grunhiam as excelências.
Neste momento lembrei do pai de um nobre senador que, numa dessas reuniões sacou sua pistola e mandou um colega para o inferno...
Observei que a única anotação que o Mendigo fez foi tirada de uma frase quase poética do juiz Sergio Moro: os corruptos e os corruptores, - dizia - para desviar dinheiro público construíam catedrais no deserto que não serviam para nada!
Eu, que já vaguei pelos desertos marroquinos e argelinos, fiquei imaginando uma Notre Dame ou uma St.Patrick's construída lá sobre as areias fervilhantes...
E os repórteres que se acotovelavam por lá enquanto cumpriam submissos as orientações e as ordens de seus patrões ficavam vermelhos quando algum ilustre senador lembrava que a liberdade de imprensa é cláusula pétrea (cláusula pétrea? data vênia, mas isto também me da nojo!) e que o chefe dos acusadores do juiz era um "magnífico" jornalista que, além de outros atributos, até havia recebido o prêmio Politzer. Prêmio Politzer?
Ia analisando um por um e de quando em quando resmungava: Ah, como as palavras são cortesãs! Como a putaria linguistica dominou o mundo!
E o juiz, que tem acesso às declarações do IR de cada um e que conhece as falcatruas de praxe nos cartórios e nos bancos, os ouvia atentamente, até meio fascinado com a capacidade de dissimular e de mentir do ser humano, enquanto pensava: amanhã solto meus cães para pegar esse crápula aí?
Foi um show! As peças teatrais de Bernard Shaw perto daquilo, não passavam de bagatelas.
E uns, com os punhos das camisas cobrindo relógios suíços, faziam a mise-en-scene da indignação e repetiam chavões cretinos plagiados de radialistas antes de acusarem o juiz de ter profanado as LEIS, a MAGNA CARTA, a DIGNIDADE e a ÉTICA... Quando se ouvia a palavra ética o Mendigo dava sinais de que iria vomitar.
Eu sou de uma família de juristas! Eu sou historiador! Eu tenho uma irmã que é freira! Meu avô doou um terreno para a Cúria Metropolitana! Meu pai, graças a deus, morreu sem nenhuma condenação! Grunhiam as excelências.
Neste momento lembrei do pai de um nobre senador que, numa dessas reuniões sacou sua pistola e mandou um colega para o inferno...
Observei que a única anotação que o Mendigo fez foi tirada de uma frase quase poética do juiz Sergio Moro: os corruptos e os corruptores, - dizia - para desviar dinheiro público construíam catedrais no deserto que não serviam para nada!
Eu, que já vaguei pelos desertos marroquinos e argelinos, fiquei imaginando uma Notre Dame ou uma St.Patrick's construída lá sobre as areias fervilhantes...
E os repórteres que se acotovelavam por lá enquanto cumpriam submissos as orientações e as ordens de seus patrões ficavam vermelhos quando algum ilustre senador lembrava que a liberdade de imprensa é cláusula pétrea (cláusula pétrea? data vênia, mas isto também me da nojo!) e que o chefe dos acusadores do juiz era um "magnífico" jornalista que, além de outros atributos, até havia recebido o prêmio Politzer. Prêmio Politzer?
Nesta hora o Mendigo K. pediu licença ao gentleman que estava a seu lado e saiu para defecar. Enquanto ele dava descarga la na luxuosa toalete dos senadores eu lembrava do Paulo Coelho, também um escritor "magnífico" que entre os 30 prêmios internacionais que ganhou esta o de CHEVALIER DE L'ORDRE NATIONAL DE LA LEGION d'HONNEUR, em Paris... Sob os efeitos dessa memória também senti uma ou duas cólicas, mas me contive.
E o ato inquisitório seguia.
Ninguém conseguia dizer verdadeiramente nada. As palavras, ainda impregnadas do catecismo paroquial, brincavam na boca desses senhores e mais confundiam do que esclareciam.
De quando em quando a elegante senhora que conduzia o show anunciava que todos deveriam ser breves e objetivos porque estávamos no mês de junho e muitos senadores estavam de passagem marcada para seus currais eleitorais para fazer parte de quadrilhas locais e das festas de CORPUS CRISTI...
E la nave va... (em direção ao abismo...)
Kkkkkkkkk Excelente!
ResponderExcluirEscolinha do Professor Sergio Moro
ResponderExcluirhttps://youtu.be/rnPFaBA3tQQ