"Procure abrir teu cérebro com a mesma frequência que abres tua braguilha..."
(Escrito nos muros de Paris em maio de 68)
Aqui em Brasília, cidadela fundada praticamente por pessoas vindas compulsoriamente do Rio de Janeiro, atualmente é unânime a indignação e a raiva com o silêncio e com a passividade dos cariocas e conterrâneos que por lá ficaram diante das últimas revelações de roubo, de corrupção, de sacanagem e de sucateamento da urbe como um todo... Os presídios e as cadeias estão abarrotados de políticos e de crápulas que destruíram a cidade.., outros tantos estão ainda em seus postos... enquanto a população arruinada, permanece de joelhos e à mingua. Quieta! Servil! Cordial! Retesada na praia no meio de caranguejos e bebendo cerveja (essa bebida diurética de plebeus e de subalternos) com os braços repousando sobre a barriga...
Discutindo com o mendigo K o absurdo e as razões daquela subserviência, passividade e até cumplicidade da população com todos aqueles gatunos ele me deu uma explicação curiosa: Ora, Ary Barroso já nos havia prevenido e até feito o diagnóstico daquela gente. Lembra de Ary Barroso? Aquele sujeito com cara de babaca que compôs Aquarela do Brasil? (Aquadrilha do Brasil!) Que morreu de cirrose hepática e que está enterrado no Cemitério João Batista? Lembra? Lembra de Aquarela do Brasil (1939)? Pois bem, já na segunda linha da letra dessa música ele chama aquela gente de Inzoneira: mulato inzoneiro. (Ouvir abaixo).
Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Sabe o que é inzoneiro? Segundo os dicionários quer dizer: sonso, mentiroso, intrigante, fofoqueiro... Será que Ary Barroso estaria sendo apenas um mineiro caluniador?
Não importa. O que é curioso é que mesmo tendo sido diagnosticada como inzoneira, a população do Rio ainda o homenageou com um busto de bronze que está em frente a um boteco no Leme... Isso explica? Ou quer mais?
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