"Apesar de sus canas, se codeó con rameras y con poetas, y hasta con gente peor. Una vez lo expulsaron de una taberna y amaneció dormido en el umbral, la cabeza revolcada en un vómito..."
J.L.Borges
(in: Historia universal de la infamia)
Quando preciso justificar o caráter, o estado, o lero-lero e a confusão febril da espécie e do zoo/cemitério em que vivemos penso involuntariamente nas bactérias, nas lagostas, nas estrelas do mar e nos insetos. Também nos peixes, sapos e outros batráquios, bem como nos 350 milhões de anos que precisamos esperar para sair dos rios e dos charcos e migrar para a margem e por fim para a terra, onde nos encontramos em surto coletivo e sem grandes ilusões nos acotovelando e torturando.
Descendentes dos crossopterígeos acabamos por virar anfíbios e ribeirinhos e depois de 50 milhões de gerações, viramos répteis e gente. Todo animal que como nós, tem quatro membros e uma coluna dorsal - ensinava-me o mendigo K. numa aula de cosmogênese - tem como antepassados e parentes os peixes. Sim, acreditem: nossas mãozinhas de ladrões e as coxas exuberantes da trapezista de ontem já foram barbatanas... E nossa obsessão por praias e por beira de rios tem história...
Sinto uma sensação estranha e uma inquietude quase transcendente ao saber disso e de que há uns 300 milhões de anos atrás, antes de aparecerem os crocodilos, as cobras, os dinossauros e outros bichos, os reinos e os mundos que hoje ocupamos sem escrúpulos eram gerenciados e governados por insetos...
Insetos? Sim, insetos. Como então ficar indiferente a este imenso e confuso zoo, a este cada vez mais povoado cemitério, cheio de morcegos que piam e que dão rasantes cada vez mais extravagantes ali junto a meu cachorro que ronca, de patas para o ar e alheio às loucuras de nossa obscura trajetória?
E daqui a outros milhões de anos, - me indagava em tom profético o mendigo K. depois da conferência, ali próximo à entrada do cemitério onde nestes dias os supostamente vivos vão levar flores aos supostamente mortos - com que bicho será que nos depararemos ao passar diante de um espelho?
E daqui a outros milhões de anos, - me indagava em tom profético o mendigo K. depois da conferência, ali próximo à entrada do cemitério onde nestes dias os supostamente vivos vão levar flores aos supostamente mortos - com que bicho será que nos depararemos ao passar diante de um espelho?
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2017/11/02/interna_cidadesdf,638253/dia-de-homenagens-e-oracoes-nos-seis-cemiterios-do-df.shtml
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ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=0ovIkBVtV_g
ResponderExcluirhttp://www.lemonde.fr/economie/video/2017/11/03/aux-etats-unis-le-commerce-de-cadavres-en-pieces-detachees_5209875_3234.html
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