domingo, 12 de abril de 2015

O entregador de sushi e Schopenhauer...

Ontem à noite, já quase de madrugada, um entregador de sushi tocou o interfone de minha casa por engano. Depois de mandá-lo enfiar o sushi no rabo e de ameaçá-lo de morte fiquei pensando numa frase de Schopenhauer: [Quando eu era jovem, sempre que batiam à minha porta eu, cheio de tesão, felicidade e de esperanças me perguntava: Oba!Quem será?
Hoje, careca e com apenas uns poucos cabelos grisalhos, sempre que tocam minha campainha levo um susto e me pergunto em desespero: o que será que aconteceu..?]

2 comentários:

  1. MÔNICA PRADO TORRES13 de abril de 2015 às 08:16

    Pois é, e por falar em tempo... Na última sexta-feira eu fui no cemitério exumar os restos mortais da pessoa que me criou... Inicialmente eu pensei em cremá-la e jogar a cinzas em um local bem bonito, talvez em um dos pontos que nós conhecemos juntas em tantas viagens que fizemos, porém apesar dela ter me criado desde o meu primeiro dia de vida e de ter sido minha dependente, a Lei só permite a cremação se for autorizada por parentes do mesmo sangue... Por muitas vezes coloquei em cheque essa portaria de "parentes de sangue", porque no meu caso eles foram e são a catástrofe de toda minha vida... Passei minha adolescência dormindo com um cadeado e uma tramela, que eu mesma instalei, atrás da porta do meu quarto, para não ser importunada pelos psicopatas do meu pai e do meu irmão caçula... E a minha amada Bá, que mal sabia escrever o próprio o nome, era a única pessoa da família que me protegia e consolava... Eu não tenho uma opinião formada sobre isso, mas quando ela faleceu foi o término da sua existência.. Por ter sido criada no catolicismo eu a sepultei como todos fazem, mas durante a exumação tive uma sensação muito estranha ao ver o coveiro colocar aqueles ossos dentro de uma caixinha... Na realidade pensei que aquele é o destino de todos nós, ou seja, o nada... É lógico que ela permanecerá viva em minha memória, mas quando eu me for, tudo acabará... Lembrei de quanto efêmero nós somos, e como o tempo passa rápido, e quantos anos da minha vida eu perdi no exílio que me foi imposto por meia dúzia de canalhas que governam esse país e se acham deuses... Meu consolo é saber que mais cedo ou mais tarde os seus ossos também estarão dentro daquelas caixinhas, na vala comum...

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  2. Shopenhauer, realmente pertencemos a mesma onda existencial e a mesma solidão...

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