quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A podridão dos gestos e das palavras...

Pawla Kuczynskiego

Pelo "quase nada" que sei do caráter feminino, a presidente Dilma deve estar profundamente envergonhada de ter feito em um dia, toda aquela encenação na tv a respeito da redução na conta de luz, e em outro, ter liberado o aumento do preço da gasolina. Pelo menos deveria voltar à tv e lamentar essa putaria econômica que não tem fim... Perguntei ao mecânico quanto vai economizar com energia em sua casa: dois reais e vinte, respondeu no meio de uma pândega. Como ele será a grande maioria. Eu mesmo, economizarei três reais e dois centavos! E não adianta esses pulhas orçamentistas saírem dizendo por aí que dois reais e vinte é muita coisa para os fodidos. Não é! Não é nada! Uma miséria! Troco que se dá para mendigos! Nota que se usa para recolher o cocô dos cachorros nas entre quadras... Ah, mas a indústria vai se beneficiar, e muito! Isso é verdade...
E a malignidade que toda essa mentirada causa nas massas, de cima a baixo, nem é de ordem só econômica, ou monetária, mas de ordem psíquica. Diante de tantos cinismos, descaramentos e golpes, o sujeito vai mentalmente se prostituindo e se sentindo uma puta, pois já não tem mais elementos para eleger um porto para onde navegar e muito menos um lugar onde investir sua libido. Quer queixar-se, ajustar contas, vingar-se, matar alguma coisa, mas não encontra ninguém onde depositar sua ira e sua cólera! Esse é exatamente o poder da burocracia! O tirano arranca o crachá do pescoço e pronto, passa a ser um sujeito comum. O monstro é invisível e intocável, uma suposição, uma sombra que ronda... Tanto é que até nossos militantes profissionais já perderam as ilusões e as esperanças com ele. Preferem investir no além... Conheço vários que, mesmo com nossas cadeias transbordando de loucos, criminosos, injustiçados e até inocentes, passam seus dias militando em favor dos presos palestinos, dos condenados cubanos, dos encarcerados chineses, dos que apodrecem nas prisões gringas... Grupos que, mesmo sabendo que nossas periferias são verdadeiros ambulatórios e depósitos de desenganados, que a miséria intelectual predomina em grande parte do território e que a matança cotidiana ao nosso redor é inacreditável... passam seus dias militando em defesa dos pobres malis, dos pobres curdos, dos massacrados afegãos, dos desgraçados indianos... Aqui em Brasília, só no mês de janeiro, foram uns cinquenta assassinatos, todos brutais e por migalhas... mesmo assim, encontrei esses dias uns militantes fazendo uma manifestação contra a violência no Egito. Somos universalistas - diziam. Tudo bem. Em alguns estados brasileiros - Pernambuco, por exemplo - o índice de assassinatos de mulheres é um dos mais altos do mundo... Na semana passada, me deparei com sete ou oito meninas protestando contra o estupro na Índia. Amanhã elegerão o presidente do Senado e o presidente da Câmara, dois nomes que não poderiam comandar sequer o condomínio de um bordel de garimpo... Silêncio nacional! Somos uma das únicas nações que, apesar de sustentar uma dúzia de partidos políticos, mixurucas, parasitários, moralistas, golpistas, malandros... não tem oposição. Formam uma confraria. A confraria dos partidos. Só com o dinheiro que é repartido mansalmente entre esses bandos, daria para revolucionar de A a Z todos os setores dessa vadia vida tropical... 
Todas as correntes de militância estão extremamente preocupadas com a política da Venezuela ou da França, com o inverno árabe... O país está com milhares e milhares de imigrantes clandestinos de toda a América Latina, Haiti e até mesmo europeus, trabalhando como escravos ou engrossando as filas em direção a nossos tristes manicômios, mas mesmo assim nossos militantes só falam na política migratória de Obama, para a Amérika... Enfim, somos uns idiotas! Perdemos as esperanças nas coisas que estão sob nossas ventas e, para não perder o status ou as verbas públicas, seguimos na luta teatral por qualquer ficção, basta que ela esteja fora de nosso alcance. E quanto mais bizarra, mística e impossível, melhor... Saravá!!!

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