sábado, 12 de outubro de 2024

O surrealismo da guerra, os cachorros loucos e a secreta fantasia de extermínio...



"Põe-te à beira do rio e espera: verás passar o 
cadáver do teu inimigo..."
(Provérbio árabe)





E a guerra continua... Mísseis pra lá e mísseis pra cá. Esse video-game já faz parte das manhãs, não apenas no Oriente Médio, mas também das nossas soirées tropicais... 

Seria curioso ouvir as justificativas do Deus dos Judeus e do Deus dos muçulmanos... E também as do Deus do Mercado e, claro, as do Biden...

E os ambientes vão sutilmente sendo contaminados. A pátria! Os aliados! Os tanques! O transtorno bipolar! A guerra, a única higiene do mundo! O povo escolhido! A propaganda! Ah! As seitas do Pix! Os impostos! O lero lero da democracia! O sub-solo e as minas de ouro! O dízimo! A ração dos eleitores! E, na essência de tudo, um panteísmo escatológico!

Depois do discurso do nosso Ministro da Defesa, sobre a "compra de tanques e de armas dos judeus", ficou evidente que há uma contaminação também institucional. Nas barbearias, nos botecos e até nos puteiros, por aí, não se fala em outra coisa. E o tom é o mesmo das torcidas de futebol ou das corridas de cavalos. Um ataque aéreo de Israel que incendeia um prédio em Beirute ou um míssil do Irã que despenca sobre Haifa é como um gol, como um cavalo que toma a dianteira. Quanto mais pentecostistas e mais bêbados, mais entusiasmados. Gente pró Israel e gente pró Resbola. E a bomba atômica é a menina dos olhos desses miseráveis. Parece haver um fascínio secreto por aqueles cogumelos gigantes... Teriam o efeito de uma mandala? Sim, a bomba é um ato de fé! Israel, o Irã, o Paquistão, a Russia, a China, os EEUU... cada um insinua ter as suas... Trata-se da fantasia de auto-extermínio! De deixar de ser! Por enquanto, as estão usando como instrumento diplomático e de dissuasão, mas quem é que não se lembra de Hiroshima e de Nagasaki? Basta um velhote desses acordar mal humorado... ou ver sua concubina  no colo de outro, para que, como dizia Rita Lee, tudo vire bosta...

E o preconceito tanto contra os judeus como contra os árabes, aumenta. Afinal de contas, são primos e a guerra deles é familiar. Um bêbado lembrou até de um suposto antagonismo entre o Hospital Sírio/Libanês e o Hospital Alberto Einstein, ali em São Paulo. Outro lembrou o anti-semitismo papal e do catolicismo, dizendo que passou sua infância ouvindo que quem crucificou o palestino Jesus Cristo, foram os judeus. E que eles não teriam chances de ganhar a guerra, já que, no lendário Êxodo, para fazer o trajeto Egito/Jerusalém, mais ou menos de uns 300 quilômetros, demoraram 40 anos... Outro lembrava dos mascates árabes que vendiam "gatos por lebres" para suas avós, no interior do país... Outro lembrava dos poetas persas e dos 2500 anos de sabedoria daquele povo. E insistia: persas não são árabes!

Outro se queixava de que por estar lendo o Mercador de Veneza, foi considerado anti-semita... etc, etc, etc... Um sujeito solitário da mesa ao lado, com uma das pálpebras inflamadas, retirou da bolsa e exibiu para o grupo o livro de Norman G. Finkelstein: A indústria do holocausto...

O garçom (analfabeto de 5 gerações), trouxe mais uma garrafa. Na tela em frente apareceu a Kamala, o Biden, o Netanyahu, um aiatolá e o Putin... Um dos bêbados lançou um grito de cólera: Caralho! São esses putos aí que vão acabar lançando merda sobre todo mundo??? E, em seguida, lembrou da defunta Rita Lee...



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