As eleições, meus gatos e o estelionato dos 5 bilhões do Fundo Eleitoral...

 

Se em amor, quando desejamos a liberdade é para aliená-la, nos braços de outra mulher, em política, é para depositá-la, nos braços de outro vivaldino & de outro trapaceiro...

__________________

 Eu, que nasci no dia 8-12-1949, logo depois da Era Vargas, passei minha primeira infância, com os gatos, em baixo das mesas, ouvindo a gritaria e o blábláblá das matronas italianas fazendo apologia  da polenta; da chiesa; del vino com fromagio e das folhas do radichi... bem como o lero-lero dos patriarcas que ora santificavam e ora amaldiçoavam o baixinho de botas, ele  que havia inventado a Carteira de Trabalho e que uns anos depois se daria um tiro de pistola no lado esquerdo do peito... Getulio era, e ainda é, meio anjo e meio satã...

E relembro daqueles tempos mais do que ilusórios e mais do que felizes, só para chamar atenção para o fato ridículo de que tanto lá (naquele século), como agora, as promessas dos políticos eram e ainda são as mesmas: saúde, educação, moradia, segurança e trabalho. (como se fossemos búfalos!) Saúde, educação, segurança e trabalho! Percebem a pobreza, a neurose de repetição, e o fracasso?

Em baixo da mesa, (onde eu havia descoberto, - como o cego argentino, lá em seu Sótão -, meu Aleph, uno de los puntos del espácio que contiene todos los puntos), com meus felinos, pensava: foda-se a saúde! Foda-se a educação! foda-se o trabalho, foda-se a segurança.... Foda-se la chiesa, Getúlio e todos os candidatos...

Meus gatos, que ronronavam enquanto iam lambendo meus dedos e as cascas de salame, estavam todos de meu lado...

A respeito das eleições de domingo, o Mendigo K me lembra que não é por acaso que, em Vitória (ES), o prefeito eleito se chama Pasolini, e que ali em São Paulo, tanto um dos  candidatos mais votados, como sua vice, são psicólogos... (Tudo bem!.., tudo bem..., sabemos que cada eleição e cada mandato é uma espécie de psicodrama, mas... e os 5 bilhões???)