"Não adianta tentar, você não conseguira me trapacear!!!
Ah, eu já trapaceei tanta gente..."
Rajneesh
Nas vésperas das eleições à Prefeitura de São Paulo, não satisfeito em colocar em xeque seus adversários, dizem que o Marçal, malandramente, acionou um médico morto para engendrar um documento 'denunciando' que um de seus adversários (um tal de Bolos), no passado, teria sido internado por consumo inadequado de cocaína. As legiões da esquerda (mais até do que as legiões da direita), estão alucinadas com esse preconceito e o tal Marçal, com um só golpe, colocou duas questões morais em evidencia: 1. que os profissionais de saúde em suas sucateadas instituições quando for necessário, têm capacidade até para mobilizar o mundo dos mortos, e 2. que o moralismo e preconceito contra alguns transtornos psíquicos ainda estão mais presentes do que nunca até no meio da suposta intelligenzia nacional. Qual é o problema que um homem adulto tenha tido internado por um surto psicótico? Como, aliás, não ter um surto psicótico na loucura desse cotidiano? Em que isso depõe contra a dignidade de um paciente? Esse escândalo todo, na essência, revela um mau cartismo abjeto! E se foi por uso abusivo de cocaína, ou de Kefir ou de macarronadas al Nero, qual é o problema? Além de um moralismo babaca, em que isso inviabilizaria sua capacidade para ser Prefeito de São Paulo?
Enfim, esse tal Marçal, que já recebeu (por laicos) meia dúzia de 'diagnósticos' psiquiátricos, mesmo que seja tudo o que lhe atribuem, é importante lembrar, não caiu por acaso das nuvens ali no alto dos Pirineus e no meio das montanhas de Goiás Velho. É, queiram ou, não, como dizia Baudelaire, nosso semblable e nosso frère. Nosso legítimo correligionário, com um domínio admirável da língua e das astúcias... É o resultado de quinhentos anos de imposturas tropicais, de trapaças, de traições, de lero-leros, de mitomanias, de idealismos babacas, de uma religiosidades fajuta e, principalmente, de cinco séculos de cinismo.
Portanto, agora não adianta espernear, principalmente porque não é difícil identificar um Marçal também na essência de seus detratores... E mais: o populacho de São Paulo, escravizados e mantidos a pão e sobras de pizza há décadas por uma elite fajuta, sentem fascínio por ele, por suas riquezas reais ou imaginárias.
Por isso, essa histeria (pelo laudo do além) parece descabida, já que uma sociedade adulta e saudável poderia, muito bem, manter-se sóbria diante desse documento assinado por um morto, (inclusive porque ele pode ter sido conseguido numa sessão espírita...). E tratar o assunto como discrição, como sendo apenas mais um dos milhares de 'laudos' manhosos que devem existir enfiados secretamente no fundo dos baús e arquivos, por aí... enfim, apenas como mais um surrealismo da nossa politicagem...
Se não for eleito, amanhã, será por puro casuísmo...