quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Lula, os judeus, o holocausto, a fobia pelas palavras... e a neurose de repetição...

 

Como alertava aquele cigano, milagrosamente salvo do holocausto promovido por Hitler: [A linguagem é um zoológico! As palavras ladram, escapam, dão dentadas, devoram copulam como animais em uma casa de feras... Mas sempre há algum maldito fosso entre elas e os espectadores...] Christian Bernadac





A polemica que o Lula causou ao comparar o genocídio que o Estado de Israel está promovendo sobre o povo palestino, com o holocausto promovido pela corja de Hitler contra o povo judeu, tem sido a discussão principal aqui na capital da república. A velhinha armênia que conhece muito bem o holocausto que também os turcos promoveram contra os armênios (1915-1923), bem como a história do holocausto cigano (+ ou - esquecido), defendia com veemência (agora pela manhã, ali nos corredores da universidade) a fala do Lula e dizia estar indignada, não apenas com a desgraça que está se abatendo sobre a Faixa de Gaza, mas também com a fobia dos judeus com relação à palavra holocausto. Quando é que conseguirão libertar-se? Indagava. O que teria acontecido com eles, além daquele horror dos campos? . Quando é que se curarão desse tabu e dessa doença ? E quando é que deixarão de querer impor todo aquele horror vivenciado por seus ancestrais, ao resto da humanidade e de querer ser uma espécie de policia do mundo? O sionismo, disse citando a Breno Altman, é nefasto não apenas por seu conteúdo racista e colonial, mas porque funcionará como uma maldição para o judaísmo... E, o mais curioso, - colocou-me a mão no ombro e cochichou - é que Freud, o genial judeu criador da psicanálise, foi quem mais insistiu na importância de 'verbalizar o trauma' para dar a si mesmo (e aos outros) a chance de ressignificá-lo, e assim, "livrar-se" dele. Querer manter esse silêncio (que já dura 70 anos) a respeito de certos autores, assuntos e de certas imagens e palavras, é uma forma doentia de tentar eternizá-las e de cultuar o sofrimento. Apesar de que, (apesar da psicanálise) começamos a suspeitar que o problema básico da neurose, nem é aquilo que está reprimido e que o sujeito não se recorda, mas aquilo que ele recorda obsessivamente e não consegue esquecer... Em síntese: Nós, que não nos atrelamos à turba antisemita e nem à turba islamofóbica e que pretendemos estar sempre além do bem e do mal, não podemos deixar um assunto dessa magnitude acabar descambando para uma discussão chauvinista, ridícula, reacionária e infame entre palhaços...
___________________________________
EM TEMPO: E já que estamos falando de desvarios, de pobreteria y locura, ontem, aqui  nos arredores da cidade, uma senhora chamou a policia e os bombeiros para conter seu filho em surto psicótico. Para contê-lo, deram-lhe 4 tiros. Morreu. Também aqui no coração da urbe, um morador de rua teria entrado inadvertidamente num boteco com uma faca e foi colocado em nocaute por um dos seguranças. Morreu. Sim, os dois eram jovens. É assim, sem muita cerimônia, que uma pequena burguesia, cheia de rancor, de paranóias e de culpas, vai eliminando os malditos frutos de seu ventre...

Um comentário:

  1. Olá ! Tava aqui respondendo um texto de uma amiga e senti falta de uma citação sua, no livro A Arte de Cuspir, que visito sempre... daí descobri seu blog...que bom saber que você ainda existe e que o tempo não sarou seu azedume. Sobre este seu texto : inaceitável que o holocausto seja uma palavra refém dos sionistas e passaporte para que eles, condecorados como sua posição de vítimas, possam cometer os mesmos horrores contra outros povos...

    ResponderExcluir