terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Um território com um nome desses, "Essequibo", deveria ser ignorado por todos e para sempre...







Não, não deve ser fácil lutar pela posse de um pedaço de terra com um nome esdrúxulo desses: Essequibo. Qual teria sido a origem desse palavrão? 
Sim, merece uma guerra... 
Ora! se o mundo não está satisfeito com os massacres e a mortandade  lá na Ucrânia e lá na Palestina, por que não inventar mais uma ali em Caracas?
Mas.., seria prudente que antes, o Maduro (esse motorista de ônibus transformado em Presidente), pegasse umas dicas com os argentinos, com eles que ainda não se recuperaram do baile, do trauma, do fiasco e do vexame vivido lá nas Malvinas...

De minha parte, sempre que ouço falar em Colombia, em Venezuela ou em outra das tribos latino-americanas, me é difícil não pensar nas maracas, na rumbia e em Vargas Vila, um dos escritores mais venenosos, loucos e selvagens da América Latina. Nele que conviveu com José Marti e Rúben Darío; que foi editor da revista literária Némesis; secretário privado de Joaquin Crespo, quando este invadiu a Venezuela (1890) e que foi excomungado pela Santa Sé, depois de publicar seu livro IBIS. 

Olho para sua Obra Completa que dignifica minha biblioteca e me pergunto: O que diria Vargas Vila da disputa por esse ridículo pedaço de selva chamado Essequibo? (Que nome!) E ouço uma voz soberba e impotente que sai lá de entre as brochuras:

1. Não sou vil o bastante para ser amo de meus compatriotas, nem serei nunca vil o bastante para tolerar os seus amos... E depois.., rogar? Rogar a quem, camarada Bazzo? E contra quê? Contra quem? A mesma mudez e a mesma solidão refletirão o gesto tanto daquele que dobra a cabeça e se ajoelha como daquele que, colérico, levanta os punhos no vazio e cospe contra o céu deserto... (De sus lises y de sus rosas p. 226)

2. Presto atenção e ele continua:  O mundo agoniza com as veias abertas sobre os campos devastados, aos pés de seus deuses inúteis, incapazes de protegê-lo e de vingá-lo... (Ante los bárbaros, p.4,5)

3. Nada é mais funesto a um país do que o império das frases; por isso os governos dos grandes oradores têm sido sempre tão fatalmente estéreis. Não existem piores homens de governo que os homens de frases. As grandes frases têm sido tão fatais aos povos como os grandes crimes... (Laureles rojos, p. 68,69)

4. Quando um argumento é convincente, perde todo o encanto, só o sofisma tem vitalidade, porque faz crer na verdade, mas não a revela... (De los viñedos de la eternidade, p.34)

5. A única vitória que me reservou o destino, foi a de ver cair um a um todos os tiranos que feri com minha caneta...(La muerte del condor, p.16).

6. As democracias têm isto de triste: escolhem sempre um escravo que as governe. E o que pode ser o governo de um escravo, senão uma escravidão? (De los viñedos de la eternidade, p.152).

7. O grande felino esquelético viaja solitário pelos cumes áridos e não tem nada a ver com o festim das raposas na selva exausta... (Laureles rojos, p.233).

8. O direito ao voto me parece um direito ao envilecimento; votar é abdicar; é eleger-se um amo; é dar-se a um amo; é mais vil que suportá-lo. Um homem livre não consegue aproximar-se de uma urna eleitoral se não é para quebrá-la. Votar é perpetuar a vida do tirano, daquele tirano que nos escraviza e nos envilece a todos: o Estado. (El Minotauro, p. 71)

9. Se estes são os homens de amanhã, que será desta pátria amanhã? (Horário reflexivo, p. 47).

10. Não acompanhei nunca o Carro de Triunfo de nenhum vencedor, por maior que parecesse e nunca tirei meu chapéu quando passavam por mim, e quando não os ataquei com minhas injurias, lancei sobre eles a mortalha de meu silêncio. Nem minhas mãos se estenderam nem meus lábios se abriram para aplaudi-los, jamais... (La república romana, pp XII, XIII).

11. Sem dúvida, Kant tinha razão ao afirmar que a Providência é mefistofélica e que persegue o bem da espécie através do mal do indivíduo. E para isso se fez a resignação, a resignação que é uma paixão de bestas... (Huerto agnóstico, p.118)

12. O homem, segundo Sócrates, como o homem segundo Schopenhauer ou o homem segundo Nietzsche, é um ser falso, um ser absurdo e absolutamente metafísico, uma vez que vai em busca da perfeição. O homem verdadeiro é o homem de Hegel e de Stirner, o homem fisiológico, com suas dores inconsoláveis, suas enfermidades indestrutíveis e sua morte inevitável... (Huerto agnóstico, p.136)

13. Na Nicaragua, a Assembléia Nacional ordenou aos clérigos que abandonassem os arreios femininos e se vestissem como homens. Eles protestaram contra essa medida que os obrigava à confissão pública do sexo. Sentiam a nostalgia do disfarce e a doce carícia de suas envolturas bissexuais... (Laureles rojos, p.134)

14. Não existe nada mais vil na escala dos despotismos do que o escravo intelectual ou, melhor dizendo, do que o intelectual escravo, que tendo consciência de sua baixeza, não renuncia a ela... (La voz de las horas, p.173)

15. A verdade é de tal maneira odiosa aos homens, que quando mencionam uma, a colocam na boca de um louco como Hamlet... (De los viñedos de la eternidade, p. 62)



















Um comentário:

  1. https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2023/12/6665827-maduro-divulga-mapa-da-venezuela-com-incorporacao-de-essequibo.html

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