terça-feira, 31 de julho de 2018

Algumas de muitas...


[...É preciso ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para aterrorizar os lobos...]
Maquiavel

1. Quem, ontem à noite, assistiu a entrevista do Bolsonaro, (candidato à presidência da república) no Programa RODA VIVA, se tinha alguma esperança nele, as perdeu todas. Sua lógica e suas soluções para os problemas básicos do país são de uma singeleza e de uma superficialidade de fazer pena e curiosamente, não se diferem em nada das opiniões espontâneas dos vendedores de frango ou de chinelos da feira. Mas, é importante notar uma coisa: o nível das perguntas e dos questionamentos dos cinco seis jornalistas que o inquiriam, tinha o mesmo nível. Conclusão: o sucateamento mental e a falência cultural é geral. Vai, sem cerimônias, da "esquerda" para a "direita" e vice-versa, sem nenhuma chance de que se venha a sair da cloaca onde estamos...

2. E por falar em sucateamento mental e falência cultural, a Biblioteca Demonstrativa aqui da cidade, praticamente a única frequentada no passado por adolescentes e crianças, está fechada desde 2014. Para quê? Para reforma. O Ministério da Cultura atribui a responsabilidade ao governo local e o governo local, para resolver o assunto, espera receber uma ordem póstuma da finada Conceição, do Chico Xavier ou do Marques de Pombal... 
O mendigo K, que é um homem essencialmente prático e violento, me dizia que se fosse ele o governador dessa zona, iria lá e junto com os carpinteiros, pedreiros, coçadores de saco e outros aspones resolveria o assunto em um dia e meio... Me confessou ainda que está fazendo um ofício ao Alto Comando do Estado pedindo de volta os livros que doou para aquela casa e que devem estar lá apodrecendo no meio da burrice, da narcolepsia estatal e da poeira...

3. Quem esta acompanhando as estórias macabras de "preenchimento de glúteos" ou de "reconstrução de bundas" lá no Rio de Janeiro, mesmo que tivesse restrições a chamada política de empoderamento das mulheres, esta vendo que o assunto é grave, pertinente e urgente, uma vez que se elas realmente não se empoderarem, não se tornarem adultas, e já, ainda neste século, serão capazes de acabar deixando que outras desvairadas como elas enfiem não apenas POLIMETILMETACRILATO mas até cimento ou gesso de construção em seus traseiros apenas para fazer o teatro estético da atualidade ou, simplesmente até para satisfazer a tara de um ou outro pobre sodomita.. Enquanto isso... o Ministério da Saúde, a ANVISA e outros anexos ronronam... ronronam... E la nave va...

segunda-feira, 30 de julho de 2018

JEJUM! Paradoxo! Revolta metafísica...(?)






O Partido dos Trabalhadores está organizando um jejum nacional para o dia  04 de agosto, com a finalidade de pressionar a polícia, o judiciário, os carcereiros e o Estado para que tirem o Lula da penitenciária.  
Se o grande eleitorado do ex presidente Lula é basicamente de pessoas carentes que não podem sequer comer três vezes por dia, pedir-lhes agora que façam um jejum ainda mais rigoroso, não lhes parece o mais esquisito dos sacrifícios e dos paradoxos? 
E depois.., essa mania de fazer manifestações com velas, com cantorias de caipiras, vestidos de branco, em posição de Ioga, em jejum, com incenso e com ramalhetes de flores nas orelhas, isto nunca deu em nada, é uma babaquice de donas de casa e de subalternos só vista aqui nos trópicos... Duvido que os black blocs irão aderir a mais essa sandice...  
Sempre que me deparo com bobagens como esta, independente dos objetivos da turba, penso logo naquela frase do velho Maquiavel: "Todos os profetas armados venceram, e os desarmados foram pisoteados e destruídos..."
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Curiosidade: Já no segundo século depois de Cristo, um tal Soranus  descrevia delírios de grandeza em doentes que se recusavam a urinar com medo de provocar um novo dilúvio..."(ver História da Esquizofrenia, p. 26, de José Caruso Madalena)

sábado, 28 de julho de 2018

Viver para sempre? Que furada! E agora? O que farão com os aposentados, com as filosofias, com as religiões e com os poetas de lápides?





O ser humano rumo à imortalidade?




Robôs capazes de tratar doenças em nível molecular e remédios que bloqueiam o envelhecimento acenam para algo que a ciência não admitia: a vida eterna

access_time 27 jul 2018, 07h00 

Precisão - Na ilustração, a representação do uso da nanotecnologia para fazer intervenções médicas no interior do corpo (Hybrid Medical Animation/Science Photo Library/Divulgação)
Vita brevis, ars longa. Se há algum debate a respeito da segunda parte dessa máxima do grego Hipócrates (460 a.C.-375 a.C.), o “pai da medicina”, consagrada por Sêneca (4 a.C.-65 d.C.), celebridade da Roma Antiga — ars, em latim, teria no original o significado de techne; assim, a frase se referiria ao tempo necessário para adquirir uma habilidade, e não à arte propriamente dita —, sobre a primeira nunca existiu polêmica. Sempre se acreditou: a vida é breve. Para se ter uma ideia, ainda no século XIX “vida longa” era passar dos 35 anos, o que então não era comum.
Pois bem: um século e meio depois, a expectativa de vida dobrou: hoje é de 72 anos. Com isso, começa a ser posta em xeque a velha expressão da Antiguidade. Até o fim deste século, atingir os 100 anos, e com saúde, não será difícil. Estamos vivendo mais — e o aumento do tempo de vida vem se acelerando de modo espantoso. Mas até onde conseguiremos ir? “Driblaremos a morte”, disse a VEJA o cirurgião francês Laurent Alexandre, estudioso de revoluções tecnológicas que assina um livro chamado justamente A Morte da Morte (Editora Manole), lançado no Brasil neste ano.
Há apenas uma década não existia consenso científico de que seria possível encontrar caminhos para frear o passar da idade. No máximo se admitiam as chances de melhorar a qualidade de vida dos idosos. Agora, o cenário mudou completamente. Uma das grandes ferramentas para a imortalidade — não existe outra palavra para definir o que se está discutindo —, apontada por Laurent Alexandre em sua obra, é o uso da nanotecnologia na medicina. Nanorrobôs ou nanopartículas de tamanho microscópico permitirão intervenções no corpo humano em nível molecular. Sua abso­luta precisão possibilitará, por exemplo, o uso de quantidades direcionadas de remédios, uma vez que o mecanismo poupará as células sadias que estejam ao redor das adoentadas. A técnica também facilitará a investigação detalhada do organismo. Uma referência do que está por vir nesse campo foi o lançamento, no fim de 2017, da primeira pílula digital. Em novembro passado, a FDA, agência americana reguladora de remédios, deu o seu aval para um comprimido que tem embutido um sensor do tamanho de um grão de areia capaz de emitir informações de dentro do corpo do paciente, como a dose da medicação absorvida.
Século de festa - Expectativa: será fácil chegar em forma aos 100
Século de festa - Expectativa: será fácil chegar em forma aos 100 (Sean Gallup/Getty Images)
Outra forma de usar a tecnologia como ferramenta antienvelhecimento diz respeito ao acesso às informações do doente. E isso já está ocorrendo. O Watson, plataforma inteligente da IBM, por exemplo, consegue analisar em pouco tempo centenas de milhares de estudos científicos para compreender situações extremamente específicas, como a mutação de uma célula cancerosa. Sem os avanços da era digital, isso exigiria 38 anos de trabalho humano. Outro bom exemplo foi o investimento do Google na criação da Calico, empresa que conta com cientistas e desenvolvedores de softwares para criar uma fórmula para a imortalidade com base em dados biológicos. Calcula-se que em 2030 não haverá diagnóstico médico sem esses sistemas inteligentes — profissionais da saúde e os próprios pacientes terão acesso a um número de informações 1 milhão de vezes maior que o disponível hoje.
Há ainda outra frente tão ou mais importante que os tratamentos em si para tornar a imortalidade algo palpável: os remédios que poderão aumentar o tempo de vida bloqueando compostos e mecanismos associados ao envelhecimento. Um exemplo é o que se tem descoberto com a rapamicina, um imunossupressor, tipo de remédio originalmente usado contra o processo de rejeição a órgãos transplantados. Trabalhos americanos conduzidos pelo Texas Health Science Center e pelo Instituto Barshop de Estudos de Longevidade e Envelhecimento, feitos com camundongos de 20 meses de idade (o equivalente aos nossos 60 anos), mostraram que o fármaco prolongou a vida em cerca de 25%. O medicamento inibiu a atividade de uma enzima chamada mTOR, que regula o metabolismo das células e está também envolvida no mecanismo do envelhecimento. “Nosso corpo será tratado pela medicina como a engenharia lida com uma máquina: danificou, reparou”, acredita Aubrey de Grey, biólogo e gerontologista britânico, autor do livro O Fim do Envelhecimento, publicado em junho na versão digital no Brasil. Nele, Grey cita os chamados medicamentos “senolíticos”, drogas que eliminam células que param de se dividir com o passar do tempo. O acúmulo delas no organismo é um dos princípios do processo de envelhecimento. Nos Estados Unidos, o laboratório Buck Institute for Research on Aging, em parceria com a Clínica Mayo, organização sem fins lucrativos, comprovou que em animais aqueles remédios reduziram a velocidade do envelhecimento celular em um terço. O que se fará com a vita longa que se anuncia no horizonte é uma questão espinhosa — capaz de se estender pela eternidade.
Publicado em VEJA de 1º de agosto de 2018, edição nº 2593


sexta-feira, 27 de julho de 2018

Enquanto isso... lá nos subterrâneos da memória...

Argos, o cão de Ulisses... Morrer de pensar...





Já entardecendo, nestes dias de "inverno", encontrei o Mendigo K. em frente a uma espécie de albergue onde estão hospedados temporariamente os venezuelanos que fugiram de seu país... Estava lá solidário com os exilados e lembrou-me que a Venezuela tem a Símom Bolívar, uma das mais renomadas orquestras sinfônicas das Américas e que já teve até um Ministério da Inteligência...
Fez silêncio enquanto acariciava a cabeça de seu cachorro que, como uma esfinge a seus pés, observava atentamente os movimentos dele e os meus. Chama-se Argos, me disse. Argos como o cachorro de Ulisses. O Ulisses da Odisséia. 
Um dos momentos mais emocionantes da leitura da Odisséia - continuou - é quando Ulisses, depois de vinte anos, retorna para Ítaca, sua casa, e o faz disfarçado de mendigo, porque quer eliminar aqueles que, durante sua ausência, ficaram insistentemente querendo comer Penélope, sua mulher. 
Ao chegar em casa é reconhecido de imediato por seu cão Argos, já velho e muito doente. Só o cão o reconheceu. Moveu a cauda e as orelhas numa legitima demonstração de saudades e de afeto e em seguida, como se precisasse manter o anonimato de seu dono, morreu. (ver obra de Pascal Quignard: Mourir de penser, página 21, Gallimard, 2014)

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Bah! Até os tiras... com o cérebro em tiras!!! E Deus? Se não voltar mais será por pura vergonha... Mesmo para uma divindade seria difícil adivinhar (profetizar) que sua obra iria degenerar e se aporcalhar desse jeito... Do Éden até aqui, uma decepção atrás da outra! Que fracasso!

[... Eles desejariam um pregador que lhes ensinasse o caminho do paraíso, e eu gostaria de encontrar um que lhes ensinasse o caminho até a casa do diabo...]

Carta de Maquiavel a Guicciardini
(In:  Maquiavel no Inferno, p. 333. Sebastian de Grazia)




Ateus ameaçam policiais que gravaram vídeo gospel

Pleno.News - 26/07/2018 16h27



Policiais foram ameaçados por grupo de ateus Foto: Reprodução 

Um grupo de ateus da fundação Freedom from Religion (FFRF, sigla em inglês) se manifestou contra um vídeo gravado por policiais do Texas, nos Estados Unidos. Eles solicitaram que seja removida a publicação que mostra agentes cantando a música Deus Não Está Morto. A gravação viralizou no país, com quase 8 milhões de visualizações no Facebook.
– A FFRF está pedindo ao Departamento de Polícia de Crandrall que se abstenha de promover a religião nas redes sociais e retire seus vídeos em homenagem a crenças religiosas pessoais de alguns de seus oficiais – informou o comunicado.
Entretanto, os policiais continuam com o vídeo fixado no topo do perfil oficial no Facebook. E em resposta aos manifestantes contrários à produção, o chefe de polícia Dean Winters disse que a reação negativa está ajudando a dar visibilidade ao vídeo que traz uma mensagem bíblica. Ele também afirmou que a fé não interfere na capacidade de servir à comunidade como policial.
– É claro que sempre há difamadores, mas neste caso um pouco de escuridão está fazendo que a luz de Deus brilhe ainda mais – declarou o chefe.
A produção fez parte de um desafio solicitado pela população da cidade e, segundo Winters, teve apoio de pessoas de todo o país.


O que teria acontecido com esta espécie?

“não há criação artística que se compare a uma criação de galinhas”
Raduan Nassar
(Autor de: Um copo de cólera)

Nesta semana um cavalo roubou a cena aqui na capital da República. Um cavalo branco que foi psicodelicamente pintado por um bando de escolares.  As freirinhas da mídia e os defensores dos animais logo ficaram excitados... Mas, tudo foi logo esclarecido. Tudo se limitou a um ato de maior inocência, justificaram os pedagogos. Os veterinários que correram para lá, com suas maletas negras, agulhas e estetoscópios, até acharam os borrões no corpo do equino parecidos com o teste de rorschach, fotografaram, apalparam e indagaram minuciosamente o animal e atestaram: nada de estresse! O animal elaborou bem a singeleza das crianças! Já, os maestros, inspirados na escola de Summerhill, juravam aos advogados que não houve nenhum tipo de assédio, que foi apenas um ato puro e criativo de liberdade e de aproximação entre as crianças e nossos irmãos, os cavalos. Criar. O mito e a obsessão pela criatividade. Com certeza as "tias" não lembram de Raduan Nassar que afirmava: Não há criação artística que se compare a uma criação de galinhas..." Enfim: nada de grave. Uma brincadeira. Aliás, na semana passada, num outro estado da república, roubaram um cachorro e para que não fosse reconhecido, também o travestiram com outra cor. 
Criativo e Exótico!, e normal. Nada de transcendente! 
Olhando a  foto do referido cavalo, o mendigo K fez uma observação pertinente e freudiana. Observe como só pintaram a parte dianteira do animal. O traseiro, onde ficam os genitais e as partes escatológicas, foram mantidos à distância. Sabe o que isto significa? Repressão sexual precoce! Conflito com os genitais! Negação inconsciente de uma parte do corpo! Do próprio e do corpo do animal... 
Sobre sexo - continuou - estamos tão reprimidos como as velhas e histéricas pacientes de Freud, de Adler, de Ferenczi, de Reich... E por falar nisso, concluiu, minha professora de idiomas, uma moça com menos de 40 anos, quando vai nomear as partes do corpo humano, salta do umbigo para os joelhos. Exclui os genitais e o traseiro, com seus buracos. Acredita? E é uma professora de uns 40 anos, com filhos e etc. O que teria acontecido com esta espécie?

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Mentir não é trair...

E o show de politicagem ganha as alturas! Se os sociólogos, os psicólogos, os teólogos, os carcereiros e os antropólogos quiserem, finalmente, elaborar uma definitiva concepção do SUJEITO, a chance é agora. Que o candidato mais bem votado seja um presidiário, isto, por si só, já eleva o surrealismo e a loucura nacional à estratosfera e passa a ser um dos principais fenômenos que representam, e muito bem, a porra louquice que regeu os 518 anos desta terra.
Duas ou três horas diárias diante da televisão, do rádio, lendo os jornais ou 'viajando' pela internet é equivalente à obra completa de Freud, de Hitler, dos bispos de Cuernavaca, dos trovadores medievais, de Marx, de Chaplin e, claro, do Marques de Sade...
Um show de bagatelas! Os pretensos e futuros administradores da república não conseguem ir além das bagatelas! Um deles em seu mais recente discurso, prometeu que, se eleito, instalará no país uma exemplar austeridade no trato com as "coisas públicas" e que a cabotinagem do Palácio, acostumada no governo anterior a comer lagostas, com ele no poder, terá que acostumar-se ao arroz, com feijão e ovos. O que, convenhamos, não é de todo ruim... mas, para quem já estava viciado em lagostim ao forno com queijo derramado nas beiradas... Um taco de lagosta intercalado com um trago de vinho da Côte de Beaune... Ah, isto não será mole!... Se o monsieur das lagostas, que agora está numa penitenciária, tentava sublimar e exorcizar uma infância de penúria, o monsieur do feijão com arroz e ovos, em campanha, tenta impor aos civis o cardápio vivere parvo da caserna. No fundo a miséria é a mesma! 
E em todos os discursos, falam em Deus como se estivessem falando de um DIU, do viagra ou da caderneta de poupança... Quem já se debruçou sobre os argumentos e as aventuras encarniçadas da inquisição pode, se quiser, encontrar vários neo representantes daqueles tempos no Youtube. Quase todos jovens, com aquelas carinhas de porcos chouvinistas, com uma concepção antropomórfica de Deus e colocando seu nome no princípio e no final de suas pregações. O mais curioso e bizarro é que pregam praticamente só para sujeitos já convertidos... numa espécie de confraria masturbatória. 
E Deus? O que deve pensar desses idiotas? E qual é sua intenção ao permitir, por tanto tempo, que esses energúmenos utilizem seu nome para amenizar suas esquizoidices sociais e políticas? Feijão, arroz e ovos!  Até que está ótimo! No caso do populacho, é provável que, por recomendação de algum nutricionista mais exaltado, com o tempo venham secretamente a agregar ao cardápio umas folhas de mandioca selvagem, aquelas ricas em ácido cianídrico. Com o que a Sociedade Internacional dos Crustáceos ficaria profundamente grata.
Um especialista em psicopatologias chamou-me atenção para o fato da sociedade, completamente despirocada, estar cambaleando entre a claustrophilia e a claustrophobia. Sendo que a primeira, como nos esclarece Pascal Quignard, se estrutura ainda no período Pré-natal e a segunda, no período Pós-
natal dos sujeitos...
Em outras palavras: O desvario manifesto é tanto que nem parece que se esta buscando eleger alguém que tenha culhões para governar o país. Mas, e como alguém pode ter a pretensão de querer governar um país sem ter lido antes o Tratado teológico-político de Spinosa? 
Se um extra-terrestre se atrevesse a passar um final de semana por aqui, pegar uma pistoleira das que ficam ali no setor hoteleiro e com ela ir bebericar champagne nas montanhas que circundam Pirinópolis, de cara pensaria que ao invés de um Presidente da República estaríamos tentando eleger um enfermeiro para administrar esse imenso sanatório que é o país... E não estaria de todo equivocado.
Mas, enfim, no lero-lero, na verborréia e nas encenações carolas dessa gente, quando se dirigem às multidões que, por não conseguirem pensar, os aplaudem, quem ficar atento poderá identificar na fala deles, uma espécie de chiado, de apelo e de auto-censura, como se estivessem procurando convencer os eleitores daquilo que diz o titulo de um livro de Angela Huth: mentir, nést pas trahir...

terça-feira, 24 de julho de 2018

Os glúteos, as nádegas ou a bunda... E o desprezo de Mefistófeles...


A recente morte de uma mulher depois de passar por um procedimento conhecido por implante nos glúteos (entenda-se produção de uma bunda artificial), trouxe à superfície não apenas o grau de impostura médica vigente por aí, mas também o grau vergonhoso da alienação e da estupidez feminina. 
A bunda, as nádegas ou - como se diz pomposamente nas igrejas e nas academias: - os glúteos, segundo os etnólogos, sempre tiveram uma utilidade e um valor especial, principalmente quando ainda sentávamos no chão e andávamos de quatro. Observem como os cachorros e outros quadrúpedes, quando se encontram ainda vão logo e indiscretamente vistoriar os glúteos e os esfíncteres uns dos outros...  
Curiosamente, de um século para cá, principalmente com a oficialização da sodomia e da pederastia, essa obsessão voltou. O rabo, o traseiro, a bunda passou a ter uma importância fora do comum, a ponto de, a medicina, que ainda não sabe o que fazer com um mísero furúnculo, ter cátedras específicas para treinar e especializar seus alunos no implante de glúteos ao gosto dos clientes... 
E não escrevo isto escandalizado ou surpreso. Mas apenas por  curiosidade! 
Apenas fascinado com mais esse exotismo da espécie! 
Com mais essa cretinice e com essa pseudo-consciência de si quase esquizóide e infantil que faria minha bisavó ficar de cabelos em pé, e que levou até o diabo de Goethe a exclamar: "sinto pena dos homens, em seus dias de miséria, e até perco a vontade de atormentar essa pobre gente...!"

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Da solidão política...

"Revele-me o que você é no fundo de si mesmo e eu te darei de presente todo o resto..."
Isã -fils de Hichâm
(In: Le livre des vagabonds, p 26)

Os movimentos no mundo da política e dos partidos, nestes quatro cinco meses que antecedem as eleições é um prato cheio para registrar a solidão política e a melancolia dos trópicos. 
Realmente, ainda não se tem consciência do estrago mental que a irracionalidade e a burrice das políticas do último século tem causado nesta população, considere-se ela radical ou vaselina, do bem ou do mal, troglodita ou pós moderna, de esquerda, de direita, do centro ou de nenhum lugar. Observe, como há nos candidatos, nos vices, nos assessores, nos eleitores e nos rebanhos em geral um distúrbio visível e que se expressa mais claramente na linguagem, nas idiossincrasias, nas crenças, nas esperanças, nos instintos primitivos que o processo civilizatório (sabe-se lá porque) ainda não foi capaz de amenizar... E se esse desvario, esse lero-lero, essa histeria, esse sofrimento velado, esse abismo entre as palavras, as intenções, os sentimentos e os 'programas de governo' já fica tão evidente agora, imaginem  como será depois que um dos tantos candidatos for escolhido e colocado como uma majestade no topo da rês-pública..! 
Aliás, vejam o perfil de cada um! Não há a mínima chance de, através deles, nos tornarmos um país decente, soberano e respeitável! De nos curarmos desse masoquismo secular e nem sequer de, finalmente, termos esperanças no saneamento básico...  Na água potável! No limite do uso de venenos nos alimentos! Que afinal, consigamos distribuir as vacinas antes que as crianças morram! Erradicar as filas que, atualmente, vão dos confessionários até as funerárias... Enfim, por maior que seja o fanatismo, a ilusão, a irracionalidade e o ódio entre os bandos e por mais mentirosas e caras que sejam as promessas e as 'campanhas' como dizia um poeta arabista: "todas as ciências do mundo nos dizem que não há a mínima chance de haver uma multiplicação dos pães..."

sábado, 21 de julho de 2018

Meio homicídio, meio suicídio! Ou seria apenas mais uma questão de gênero? Vai um agrotóxico aí??? O silêncio e a passividade da turba também é um veneno...



[Levantar uma pedra para deixá-la cair sobre os próprios pés é um ditado com o qual descrevemos o comportamento de certos idiotas...] Mao Tsé Tung



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Agrotóxicos atingem, diretamente, a saúde de próstata, pênis e testículos






(foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)

Em 1962, a ecóloga norte-americana Rachel Carson escreveu, na icônica obra Primavera silenciosa, que seria apontada como a fundadora do movimento ambientalista: “Se vamos viver tão intimamente com esses químicos — comendo-os e bebendo-os, levando-os para a medula de nossos ossos —, temos de entender algo sobre sua natureza e seu poder”. Ela se referia aos pesticidas que, à época, não levantavam suspeita entre a população e apenas começavam a atrair a desconfiança da comunidade científica.
As denúncias feitas por Carson receberam uma enxurrada de críticas da agroindústria, mas, na mesma proporção, atraíram a confiança dos leitores, que começaram a exigir mais clareza sobre os efeitos desses produtos na saúde humana. Um ano depois do lançamento do livro, um relatório do Comitê Científico da Presidência, ocupada por John F. Kennedy, apoiou o conteúdo da obra, uma tendência acompanhada por todo o mundo ocidental.
Passado mais de meio século, o Brasil é acusado por médicos e cientistas de retroceder, indo na direção contrária ao esclarecimento público, com a Câmara dos Deputados dando aval a uma proposta que, entre outras coisas, trocará o nome de agrotóxico por “defensivo fitonassanitário” e excluirá o Ministério da Saúde e o Ministério do Meio Ambiente do processo de registro desses produtos. No fim de junho, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 6299/2002, de autoria do ministro da agricultura, Blairo Maggi, que altera as regras de registro, fiscalização e controle dos agrotóxicos. O texto, sujeito à votação no Plenário da Casa, já foi apelidado de PL do veneno.
Entre as sociedades médicas que manifestam preocupação com o teor da proposta, está a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Na semana passada, Fábio Trujilho, presidente da Sbem, e Elaine Frade, presidente da Comissão de Desreguladores Endócrinos da instituição, divulgaram nota sobre o projeto, tachado de “grande irresponsabilidade e descompromisso com a saúde da população”. Segundo a Sbem, cerca de 600 estudos científicos demonstraram o potencial dos agrotóxicos de interferir no sistema endócrino, principalmente no desenvolvimento do sistema reprodutivo, na fase intrauterina.
Antes da votação, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e o Instituto Nacional de Câncer José Alencar (Inca) já haviam se posicionado: “Alertamos a sociedade brasileira para os efeitos potencialmente catastróficos da aprovação deste PL para a saúde pública”, afirmou a SPBC. “Tal modificação colocará em risco as populações — sejam elas de trabalhadores da agricultura, residentes em áreas rurais ou consumidores de água ou alimentos contaminados —, pois acarretará na possível liberação de agrotóxicos responsáveis por causar doenças crônicas extremamente graves e que revelem características mutagênicas e carcinogênicas”, advertiu o Inca.


Desreguladores

De forma geral, as pesquisas associam a toxicidade dos pesticidas a mutações que podem levar ao desenvolvimento de câncer, doenças degenerativas e distúrbios do neurodesenvolvimento. Na endocrinologia, especificamente, a preocupação é com uma função que muitos desses produtos têm: a de desreguladores endócrinos. Trata-se de um conceito recente, cunhado na década de 1990, quando a farmacêutica norte-americana Theo Colborn apresentou um estudo mostrando que certas substâncias químicas às quais as pessoas são expostas ao longo da vida agem no organismo enganando o sistema endócrino. Essas toxinas mimetizam ou anulam a função de importantes hormônios, ligando-se aos receptores responsáveis por detectá-los e reagir à presença deles.
Plástico com BPA, alguns medicamentos, cosméticos e artigos de higiene pessoal, revestimentos de latas, determinados tipos de papéis e retardadores de chama são alguns dos produtos que levam substâncias com essa função em sua composição. Ao menos nove classes de químicos usados no controle de pestes agrícolas são comprovadamente desreguladoras endócrinas (veja arte). Fetos, crianças e adolescentes são os mais vulneráveis aos efeitos adversos.
“Nesses casos, o raciocínio da toxicidade não tem aplicação. Doses mínimas dos desreguladores têm efeito máximo nos sistemas endócrinos”, observa Elaine Frade, presidente da Comissão de Desreguladores Endócrinos da Sbem. Ou seja, ainda que a quantidade do ativo seja tachada de “segura”, o organismo não interpretará da mesma forma, e as mais baixas concentrações de agrotóxicos com essa função têm potencial de mimetizar a ação dos hormônios.
Como seres humanos estão expostos a uma variedade muito grande de substâncias no meio em que vive, é difícil realizar estudos controlados para detectar a influência direta de um único composto na saúde. Contudo, pesquisas com animais criados em laboratório fazem essa associação. “Eles mostram conexão dos desreguladores com câncer, obesidade, doenças de tireoide e alterações no sistema reprodutivo, entre outros”, diz a médica.

“Medida tendenciosa”

Caso o PL 6299/2002 seja aprovado no Congresso e sancionado pela Presidência, o termo agrotóxico vai sumir dos rótulos, e será substituído por “produto fitossanitário de controle ambiental”. Trata-se de “clara intenção de passar a ideia de uma falsa inocuidade desses produtos para a população”, segundo posicionamento da Sbem. Além disso, não haverá mais a lista de produtos não agrícolas que contêm ingredientes ativos de agrotóxicos, como os inseticidas. O texto também tira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a atribuição de analisar e deliberar sobre o registro de agrotóxicos, passando a responsabilidade ao Ministério da Agricultura. Os produtos classificados como “risco aceitável” passam a ser permitidos e apenas os considerados de “risco inaceitável” ficarão permitidos. “Essa medida é absurda e tendenciosa”, afirma a Sbem.

 
No Brasil, há múltiplas vias de exposição 

Pós-doutor em ecotoxicologia, Cesar Koppe Grisolia publicou, em 2005, uma obra na qual discute a influência dos agrotóxicos em mutações genéticas que levam ao desenvolvimento do câncer. Passada mais uma década, o livro está mais atual do que nunca. De lá para cá, mais pesquisas confirmaram essa associação. Enquanto isso, na contramão da maioria dos países, o Brasil ainda permite a comercialização de alguns dos pesticidas apontados pela ciência como potencialmente cancerígenos, como os organoclorados. Em entrevista ao Correio, Koppe demonstra preocupação com a fiscalização falha da lei dos agrotóxicos e critica a aprovação recente do PL 6.299/2002. “Esse novo projeto de lei facilita a ação de lobistas e as pressões da indústria”, diz.

 
O senhor publicou o livro Agrotóxicos: mutações, câncer & reprodução em 2005. Desde então, se consolidou ainda mais a evidência sobre os impactos negativos desses produtos nos genes?

Sim, a cada ano, aumenta na literatura científica o número de publicações mostrando os efeitos nocivos dos agrotóxicos sobre o material genético de diferentes espécies, inclusive o homem. Além dos efeitos cancerígenos e causadores de malformações congênitas. Há estudos epidemiológicos mostrando a correlação entre exposição aos agrotóxicos e o aumento de mutações no DNA que levam ao câncer. Esses dados estão mais detalhados no nosso livro.

Além dos trabalhadores que aplicam os agrotóxicos no campo, as mutações cancerígenas e o risco de infertilidade podem ocorrer em consumidores desses produtos?

Sim, porque hoje no Brasil o cenário é de múltiplas vias de exposição, como os níveis excessivos de resíduos nos alimentos, as contaminações das águas que bebemos, e do ar que respiramos. Assim, mesmo que em concentrações baixas, somando-se as diversas vias de exposição, o resultado final representa níveis significativos de exposição na população em geral. Os riscos a saúde são diretamente proporcionais à intensidade de exposição e, no Brasil, o grande aumento no uso desses venenos elevaram os riscos de causar mutações no DNA, de câncer e de infertilidade.


Dos pesticidas existentes no mercado brasileiro, quais têm maiores potenciais de impactar negativamente a saúde?

São muitos os agrotóxicos com risco de câncer registrados no Brasil. Ainda permitimos o registro e comércio de agrotóxicos organoclorados. Apesar de proibirmos os mais famosos, como o DDT e o BHC, somente depois de banidos no mundo todo, ainda pulverizamos organoclorados como endosulfan, que causa efeitos nocivos sobre a reprodução das espécies. O herbicida clorado 2,4-Diclorofenoxiacético causa linfomas, foi usado como um dos componentes do Agente Laranja na Guerra do Vietnã. Os soldados americanos que lutaram no Vietnã foram expostos e desenvolveram linfomas. A população vietnamita desenvolveu câncer e diferentes malformações, pois os resíduos desse herbicida no ambiente são muito persistentes.


No Brasil, a fiscalização é rigorosa o suficiente para garantir que os alimentos contenham apenas as quantidades de agrotóxicos estabelecidas como seguras?

A lei dos agrotóxicos (7.802) ainda é bastante atual e semelhante às legislações de países de primeiro mundo. O nosso problema não está na lei, mas, sim, na fiscalização. As pulverizações aéreas irregulares, desvios de uso de indicação de cultura, descartes irregulares de embalagens contaminadas no campo, contrabando de agrotóxicos proibidos e aplicações acima das doses recomendadas são exemplos da gravidade do problema. A grande extensão territorial e o contraste entre as regiões dificultam uma fiscalização mais eficiente. Além disso, a estrutura de fiscalização e de recursos humanos está muito aquém da nossa realidade de extensão territorial.


O senhor acredita que a aprovação do projeto de Lei 6.299/2002 pode ter impacto direto sobre a saúde do consumidor e do trabalhador rural?

Com certeza esse novo projeto de lei vai trazer muito mais prejuízos à sociedade. Devido à complexidade do registro de agrotóxicos, não pode ficar centralizado em um único órgão. A avaliação dos perigos dos agrotóxicos sobre a saúde humana é dever legal do Ministério da Saúde, por meio da Anvisa. Assim como os riscos ao ambiente, que é de competência do Ministério do Meio Ambiente, por meio do Ibama. O mercado de agrotóxicos no Brasil movimenta bilhões de dólares por ano, e é público e notório que o Estado Brasileiro é corrupto. Esse novo projeto de lei facilita a ação de lobistas e as pressões da indústria, além de flexibilizar o uso de agrotóxicos, que na lei atual deveriam ser restringidos ou mesmo proibidos.  (Correio Braziliense)

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Enquanto isso...

Dente por dente, olho por olho... (Até que o mundo fique mais banguela e mais caolho...)

Conselho de um xamã africano: 
[ Só fale mal dos crocodilos depois de atravessar o rio...]


Multidão enfurecida massacra 300 crocodilos na Indonésia

Sorong, Indonésia - Uma multidão enfurecida massacrou cerca de 300 crocodilos em um criadouro de Sorong, na Indonésia, depois que um dos répteis matou um homem.
O fato ocorreu no sábado, depois do enterro da vítima, um homem de 48 anos que entrou acidentalmente na área de criação em busca de capim para suas vacas, segundo informaram as autoridades de proteção animal.
Um dos crocodilos mordeu sua perna e outro o feriu mortalmente com um golpe de cauda na cabeça. 
Membros da família do falecido e outros habitantes da localidade de Sorong, cidade portuária com pouco mais de 200 mil habitantes, reclamaram com a polícia sobre a presença do criadouro em uma área tão residencial.
A polícia informou que o dono da criação estava disposto a indenizar a família da vítima, mas centenas de vizinhos enfurecidos invadiram o local armados com facas e machados.
Eles mataram 292 crocodilos, em sua maiora filhotes, e também adultos que mediam dois metros de extensão, ou seja, a quase totalidade dos répteis que se encontravam no criadouro.
A polícia não conseguiu deter o ataque. (Correio Braziliense)

quinta-feira, 19 de julho de 2018

O mendigo K e a vara de Aarão...

"As religiões são basicamente superstição organizada. Apoiam-se não na razão, e sim na ignorância e nas emoções - em particular nas paixões da esperança e do medo..."
Baruch Spinosa
(In: Tratado teológico-político)

Fantasiado de branco, o mendigo K estava sentado num meio fio no interior da rodoviária. 
Parecia Zen e sem incomodar-se para nada com a fumaceira que saía do escapamento da frota sucateada de ônibus.
Dizia a um outro mendigo em absoluta indigência: Desde criança tenho um interesse especial por magias e feitiçarias. Ainda criança, depois de ir a um circo, fui tomado por este fascínio. Tapetes voadores, milagres, encantadores de cobras, ressurreição dos mortos, curas, os mirabolantes cenários que os bêbados conhecem em seus delírios, tudo isso é deslumbrante... E as bibliotecárias são testemunhas de que eram as prateleiras que continham obras sobre esse assunto que mais me atraiam. A idéia de transformar água em absinto ou a dos alquimistas de transformar pedra em ouro me pareciam o máximo, e não por avareza, mas por luxúria. A capacidade de um palhaço tirar um coelho da cartola me transportava para fora deste mundo e alterou minha vida para sempre. O Circo Garcia fez por minha auto-estima, por meu amor próprio e por minha educação mais do que todos os livros sagrados e do que todas as universidades juntas... E não pense que isto foi um capricho apenas de minha infância, não, até hoje isto me fascina! Quando escasseia o material que disponho sobre a temática, costumo recorrer, sabe a quê? À Biblia. Sim, à Bíblia. De ponta a ponta! Desde a primeira linha do Gênesis até a última do Apocalipse há anedotas e fábulas repletas de magia e de feitiçaria. Aquela de Moisés abrindo um caminho entre as águas do Mar Vermelho, por exemplo, me parecia o máximo. E aquela do sol parando no espaço para dar mais tempo para Josué massacrar os inimigos de Israel.., esta me tirava o sono......  Mas, a mais eloquente e fascinante daqueles tempos e até hoje é a conhecida por Vara de Aarão. Lembra? 
Como o outro mendigo parecia ter entrado em estado cataléptico ele repetiu a pergunta três vezes: Lembra? Lembra? Lembra da vara de Aaron? Como saído de um sono profundo o mendigo retrucou-lhe com enfado: Não cara! Não lembro porra nenhuma, muito menos da vara de Aarão! Meu tipo de literatura fantástica é outro! Leio Borges e Edgar Allan Poe!!!
Aarão estava numa reunião com o faraó de plantão - o Mendigo K foi contando como uma tia que conta uma história infantil a uma criança - para negociar uma saída pacífica dos judeus do Egito. Em determinado momento, não se sabe porque Aarão se estressou e jogou sua vara (bastão) aos pés do soberano egípcio e esta se transformou imediatamente numa serpente. O faraó não se intimidou, pelo contrário, mandou chamar seus guarda-costas e seus feiticeiros que ao chegarem ao local da reunião também jogaram suas varas ao chão e elas, como a de Aarão também se transformaram em víboras...
Fez um breve silêncio e perguntou: Isto não é o máximo da porra-louquice???
Para em seguida concluir: Mas tem mais. A vara de Aaron transformada numa serpente, devorou todas as serpentes originadas nas varas dos feiticeiros do faraó... 
Isto não é o máximo do charlatanismo e o climax de uma piração geral??? Um retrato de nossa indigência metafísica? 
Como e onde encontrar saco e paciência para suportar essa mixórdia mental???
Explodiu numa gargalhada e entrou clandestinamente no primeiro ônibus que partia.




quarta-feira, 18 de julho de 2018

Fiandeiras, Doré, Velásquez, Spinosa, Lampião e a prisão feminina de Amsterdam...

Gustave Doré
Quem já passou um ou dois dias vagando pelos salões do Museu do Prado deve ter se deparado involuntariamente com a obra abaixo, assinada por um sujeito conhecido por Velásquez e com o título: as fiandeiras. Da mesma maneira, quem já circulou pelos sertões brasileiros, ao enfiar de forma impertinente a cabeça em uma ou outra janela daqueles cortiços à beira do São Francisco, deu de cara com um grupo de mulheres (praticamente só mulheres), de cócoras, inspiradas pelas aranhas, não fiando, mas tecendo. 
Na Amsterdam de Spinosa, lá por 1660, época em que o jovem Baruch escreveu sua obra mais incendiária: O tractatus theológico-politicus (quem ainda não a leu não sabe nada de nada) obra que lhe valeu a excomunhão pela comunidade judaica de então, naquela Amsterdam, não muito distante de onde hoje pequenos burgueses e velhos voyeurs vão sistematicamente em grupos ou sozinhos espreitar as vitrines de um renomado puteiro, havia uma prisão feminina conhecida por Spinhuis, que queria dizer Casa de Fiação. Nela eram trancafiadas as mulheres que haviam cometido algum delito ou alguma transgressão porque, se acreditava, "que fiar lã tinha um efeito restaurativo sobre a índole feminina" (para não pensarem que estou inventando, vejam a página 61 do livro de Stefen Nadler: Um livro forjado no inferno
Sem demasiado lero-lero masturbatório e intelectual, acredito que  não foi por acaso e nem por inocência que Diego Velásquez, nascido na carola e reacionária Sevilha de 1660, produziu naquele momento sua obra principal (as fiandeiras) e que também não era por acaso que os cangaceiros de Lampião, bem depois, gostavam tanto de ver suas companheiras, mesmo enfezadas, com uma tesoura e uma garrucha de dois canos engatilhada ao alcance da mão, agachadas, cantarolando e tecendo... cantarolando e tecendo... tecendo e lutando em vão para 'restaurar ou alterar a índole'...



 Diego Velásquez As fiandeiras



segunda-feira, 16 de julho de 2018

Cinematograficamente a idéia é tentadora.., mas, o quê pensarão de nossa espécie as serpentes e os demônios do deserto..?

"A parte IV do Leviatã, de Hobbes, intitulada 'Do reino das trevas', não trata do domínio de Lúcifer no outro mundo, mas do reino dos clérigos nesta vida..." 

IN: Um livro forjado no inferno, páginas 51, 52, Steven Nadler

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Argélia expulsa 391 migrantes para o meio do deserto


ONGs classificam tratamento como "desumano"; imigrantes são obrigados a atravessar a fronteira de deserto com o Níger a pé, com pouca água ou alimentos

Por EFE
access_time 15 jul 2018, 17h27 

Migrantes são vistos nos arredores da cidade argelina de Tamanrasset (Aidan Lewis/AP)
Argélia expulsou 391 imigrantes através da fronteira sul do país e as enviou ao deserto de Níger. Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), as condições dessas pessoas era “precária”.
Segundo o órgão, os expulsos, nascidos em países da África subsaariana, foram detidos pelas autoridades argelinas em diferentes cidades do país e levados para a fronteira sul. “Todos chegaram na sexta-feira à cidade de Amssaka após atravessar o deserto. A maioria deles trabalhava na Argélia de maneira irregular”, diz comunicado emitido pela entidade afiliada à Organização das Nações Unidas (ONU).
Os imigrantes foram detidos e levados em caminhões até In-Guezzam, uma passagem na fronteira. Ali, eram obrigados a atravessá-la a pé com muito pouca água e alimentos. Segundo o comunicado, há várias crianças e mulheres grávidas entre os expulsos.
A notícia da nova deportação, que não foi confirmada nem desmentida pelas autoridades argelinas, coincidiu com a sexta reunião do Comitê Bilateral entre Argélia e Níger. O encontro visa discutir exatamente assuntos da fronteira entre os dois países. O ministro do Interior da Argélia, Noureddin Bedoui, disse antes da reunião que o país não aceitará a abertura de centros de detenção transitórios propostos por diferentes governos europeus e que lutará contra a imigração com suas próprias políticas. Por outro lado, o governo de Níger abriu um escritório para colaborar com a OIM em um programa de gestão voluntária de repatriação de imigrantes da África subsaariana.
Organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, classificaram como “desumano” o tratamento que o governo argelino dá a milhares de homens, mulheres e crianças imigrantes. “Desde janeiro, a Argélia expulsou milhares de homens, mulheres e crianças para Níger e Mali em condições desumanas. E, em muitos casos, sem considerar seu status legal na Argélia ou o grau de vulnerabilidade individual”, disse a HRW em comunicado.
A organização pediu que o governo da Argélia pare de expulsar pessoas de forma arbitrária e sumária, sugerindo a criação de um sistema de alocação equitativa e legal para os imigrantes no país. Em um relatório apresentado em fevereiro, a Anistia Internacional ressaltou que mais de 6,5 mil imigrantes procedentes da África subsaariana foram vítimas de prisões arbitrárias e expulsões forçadasno ano passado. Bedoui reconheceu em maio que o país expulsou 27 mil imigrantes nos últimos três anos, mas afirmou que todos tiveram seus direitos humanos respeitados pelo governo. (Revista VEJA)

domingo, 15 de julho de 2018

Quem é que não se apaixonou pela Presidente da Croácia?

Quem é que não se apaixonou pela presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic?, ao vê-la no encerramento da Copa, simpática, sensual e afetuosa em baixo de chuva,  abraçando a quem quer que cruzasse em sua frente e sempre atenta com o comprimento de sua camisa  para que a chuva, em sua calça branca, não lhe acentuasse demasiadamente o monte de vênus?
 Já, a comemoração da vitória dos franceses, um dia depois de Paris festejar os 229 anos da Queda da Bastille, foi mais um surto infanto-juvenil do que, digamos, um acerto de contas entre  mafiosos...
Enfim, agora que o circo e que a máquina de manipular emoções acabou e que a plebe terá que retornar imediatamente aos gulags íntimos (se não quiser morrer de tédio e de fome), voltando a falar do charme da senhora kolinda, penso que se até mesmo o carola e iluminista Voltaire conseguisse sair lá do Phantéon para vê-la, seguramente voltaria a resmungar: "É mais claro do que o sol, que Deus criou a mulher para domar o homem..." 

Enquanto isso... lá pelos lados da Mongolia...

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Croácia X França? Que tal Croácia X Sérvia?

[... Per la prima volta nella storia dell'umanità, a intervalli regolari e a orari fissi, milioni di individui si sistemano davanti al loro televisore domestico per assistere alla celebrazione dello stesso rituale...]
 Marc Augé


O mendigo K, em visível estado maníaco, vinha a pé, ziguezaguendo pelo acostamento do aeroporto com uma bandeira incolor nas mãos e falando em voz alta, quase gritando, com um interlocutor imaginário: 
Croácia e França?  
Futebol é uma religião! 
Uma neurose obsessiva! 
Uma idiotice! 
Um atestado melancólico de cretinismo planetário!
E a Itália?, que vai pagar 10 milhões por mês àquele jogador lusitano? 
10 milhões! 
Para quê? Para, uma vez cada quinze dias, correr 45 minutos atrás de uma bola feita de couro de vaca. A propósito: o que  devem pensar disso as vacas???
E o papa?, que amanhã aparecerá na janela de sempre para falar em misericórdia, compaixão, graça, benevolência, fé, equidade e outras baboseiras e que depois vai distribuir bençãos aos milionários e  sopas nos albergos???... 
E os Zé Manés? que, mesmo numa penúria desgraçada caem de joelhos (e mesmo de quatro) diante desses cretinos???
O que os impede de desconstruir essa farsa para sempre e de investir essa fortuna nas áreas suburbanas de Roma, de Nápoles, do mundo??? Onde multidões e rebanhos não têm nem papel para limpar-se o cu???... 
Croácia e França?
Gostaria mesmo é de ver Croácia e Sérvia em campo... e mais, com o  monsieur Slobodan Milosevic como juiz... 
A manhã estava radiante, um bando de papagaios atravessava a pista em direção ao zoológico no exato momento em que um carro dos bombeiros parava para dar-lhe amparo...
Em síntese, como diria ainda o defunto Campos de Carvalho: "Que a humanidade fracassou, basta abrir os jornais do dia. Só na seção necrológica ainda se encontra um pouco de paz. Mas, pensando bem, até que não houve fracasso nenhum: o Homem foi feito à imagem e semelhança de Deus..."

Enquanto isso...

Campos de Carvalho e a bicicleta...

"A bicicleta é um boi volátil cujo epicentro se situa sob o esfincter anal do pedalante."





"Seus caracteres principais são um caráter dúctil e amoldável, o repentino trintinar nas curvas e, para os mais aficcionados, uma ânsia de levitação que os leva às vezes à mesa dos hospitais com fratura exposta. É imponderável como o vento e, à noite, sua carcaça onírica assume feições puramente maquiavélicas - o que a torna um animal ideal para longos voos rumo ao infinito. Seu número de ordem é 6.666, e o apito do guarda o mais que consegue é fazê-la rir com os seus raios concêntricos e sua luz opalescente, tão diversos da mastodontice de um Rolls-Royce e sua fera covardia.
A bicicleta não se submete a nenhuma dieta macrobiótica e sua armadura esguia só não lembra mais o Dom Quixote porque é o próprio, a lança em riste representada pelo olho do pedalador ou seu pênis: léguas e léguas de caminho virgem a estuprar, o espadanar do sol sobre a viseira erguida, o desafio da lua a seguir-lhe os rastros, o deslumbre das estrelas..." 
Página108, Cartas de viagem e outras crônicas, José Olympio Editora, 2012.