"Ópera - O espetáculo onde se curam os grandes catarros... "
(Ramón Gómez de Serna)
Quem já foi a Macau (quarenta minutos em barco de Hong Kong) deve lembrar-se das placas que existem por lá alertando que é proibido escarrar no chão. Quem tiver curiosidade em saber a origem dessa bizarra recomendação, descobrirá que foram os nossos velhos e conhecidos lusitanos que, quando estiveram naquele fim de mundo, ficaram apavorados com o vício chinês de cuspir para todos os lados. E não pensem que se trata de uma cuspidinha qualquer. Não! São catarros daqueles terríveis que são arrancados do fundo de um pulmão já em decomposição. Pois bem, faço um esforço imenso para resgatar essa memória escatológica e nojenta, apenas para alertar que estamos quase como os macaenses. Por todos os lados que se vá sempre nos deparamos com um porco desses cuspindo nas paredes, na calçada, nos jardins e até mesmo no piso de um restaurante, das escolas, dos hospitais ou das próprias casas... E não se intimidam. Fazem aquela barulheira típica de asilos para tuberculosos e lançam a sua obra da janela de um ônibus, de um taxi ou de uma ambulância, o mais longe possível, às vezes tentando acertar uma árvore, um cachorro, uma vidraça ou até mesmo um distraído pedestre que passa...
E isto, apesar do teólogo Erasmo de Roterdam, já em 1490, ter escrito um completo manual de civilidade...
Não só cuspe, esse povo joga lixo pra tudo quanto é lado...
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