"O fato de termos vivido em Paris deixa-nos incapacitados para vivermos em qualquer outro lugar do mundo, incluindo Paris..."
John Ahsbery
1. Descendo a rua do Chiado lá pelas 11:00 da noite, bati o maior papo com um gaiteiro português que estava sentado no degrau de uma pensão e tocando uma música brasileira. Viveu em Brasília por uns anos e entre outras coisas relatou-me a história de um padre exorcista aqui do interior de Portugal que no auge de sua prática, quando as pacientes (só mulheres são possuídas pelo demônio, observou) se estrebuchavam, se jogavam de um lado para outro bufando e falando idiomas não catalogados, ele lhes enfiava a mão no meio das pernas. Algumas delas, depois de exorcizadas, foram queixar-se aos maridos, os maridos, por sua vez, foram ao bispado, a notícia se espalhou e a televisão correu para entrevistar o reverendo que, com as mãos sobre um imenso crucifixo, justificou-se dizendo: sou como um cão: farejo a caça e vou busca-la onde ela esta.
2. Por aqui fala-se do Marcola e do Cunha mais do que de Camões e até do próprio Paulo Coelho. Não há garçom que ao saber que se é brasileiro, entre pratos de bacalhau e de cestinhas de pastéis de Belém, não nos apresente sua tese sobre esses ilustres personagens.
Ao atravessar a Praça do Rossio para comprar ALKA-SELTZER, ao queixar-me à "farmacêutica" que em Lisboa se apimenta demais os alimentos e que isso me causa má digestão ela, depois de confessar-me que também tem intolerância a essa especiaria, completou simpaticamente: Se fosse só isso... o pior é que faz muito mal para a próstata. Pronto, meu dia que já estava perdido despencou num abismo...
perfeito
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